Exclusivo: leia trechos do polêmico livro de Prem Baba
Coluna GENTE teve acesso à obra ‘Em busca da verdade’ que chega agora às livrarias

Mestre espiritual de filosofia indiana, o brasileiro Sri Prem Baba acaba de lançar o livro Em busca da verdade (ed. Matrix). É a primeira vez que ele detalha o episódio em que foi acusado de assédio sexual por uma discípula em 2018; e abre o jogo sobre a amizade com celebridades e políticos de diferentes correntes ideológicas. A coluna GENTE teve acesso em primeira mão à obra e reproduz a seguir trechos a respeito das polêmicas do guru. E nesta segunda-feira, 19, Prem Baba é o entrevistado do programa semanal da coluna, disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify. Não perca.
RELAÇÃO COM POLÍTICOS
“Aproximei-me de políticos. (…) Minha visão – na época e também ainda hoje – é que, para começar, um governante precisa se conhecer melhor. Do contrário, a administração estará nas mãos de uma criança ferida, cheia de mágoas e pactos de vingança. O propósito do político, que é também um servidor público, é servir a população, e a mudança começa quando ele se pergunta: ‘Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Para que acordo de manhã?’. (…) Meu envolvimento com políticos era apartidário. Meu foco estava no ser humano que é político, para ajudá-lo a praticar a ação correta na posição que ocupa e, a partir daí, impactar positivamente a sociedade.”
RELACIONAMENTOS
“A reunião foi orquestrada por dois então amigos e alunos meus de longa data. Já com seus respectivos casamentos encerrados havia bastante tempo, eles tinham tomado conhecimento de que eu me relacionara com suas ex-mulheres, muitos anos antes. Com uma delas eu tinha tido, na essência, um relacionamento amoroso que durou nada menos que dois anos, de 2008 a 2010, como já detalhei antes. Quanto à outra, houve uma relação de um encontro apenas, que aconteceu quando ela já não era mais casada.
Eu me via ali incrédulo com aquilo que estava acontecendo. Eu sabia que não tinha abusado de nada, em nenhuma instância. Os relacionamentos aconteceram de forma completamente consciente e consentida, com muito respeito, carinho e amor. O fato é que a mulher com quem tive o relacionamento de dois anos, como contei antes – de forma tão natural, que tinha seguido sendo minha amiga e posteriormente assistente durante mais oito anos após o encerramento da relação, com quem compartilhei tantos momentos felizes -, se convenceu de que o que vivemos fora uma mentira”.
ACUSAÇÃO
“Mas a verdade é que, naquela fatídica reunião, aquele grupo de pessoas que me acusava não queria nem saber de toda a história. Somando-se o descontentamento que já estavam sentindo com os rumos que o trabalho estava tomando, aquela foi a gota d’água para transbordar. Eles criaram uma narrativa completamente distorcida de que eu teria tentado tirar vantagem da situação para me relacionar com essas duas mulheres.
(…) Mas a conversa naquela sala tinha nomes e vozes, gritos e ameaças. Havia um sentimento de indignação e uma tentativa evidente de intimidação, com o objetivo de me forçar a assumir uma conduta que eu não havia praticado.”
ABUSO DE PODER
“(…) muito tranquila de que não fiz isso, jamais abusei do meu poder espiritual para meu benefício próprio, em nenhuma circunstância. Senti, no entanto, o peso do julgamento moral.
Primeiro, pela visão comum de que sexo é algo menos elevado, portanto, um líder espiritual não poderia praticá-lo. Nessa visão, sexo e espiritualidade não se misturam. (…) Nunca fui a favor da repressão da sexualidade, mas sim da transcendência da necessidade do sexo. (…) Segundo, com o julgamento ético de que pessoas em posição de liderança não podem se relacionar romântica ou sexualmente com pessoas desse círculo de convívio. Nesse caso, compreendo a importância das discussões sobre as interações comportamentais no meio espiritual de forma a evitar um desequilíbrio nas relações, transferências, projeções e até mesmo manipulações, pois sabemos que muitos abusos reais acontecem neste nosso mundo, mas sei também que no nosso caso foi totalmente diferente”.