Ex-evangélico, comediante faz rir com ‘pastor-fantoche’
Magno Martins aproveita vivência na religião para abastecer seu stand-up

Nascido em uma família evangélica, o brasiliense Magno Martins, 32 anos, cresceu na Assembleia de Deus. Mas aos poucos, o desenvolto rapaz percebeu que seria possível juntar os ensinamentos da Bíblia com a picardia do stand-up. Hoje se tornou um dos expoentes do “humor evangélico”, novo fenômeno nas redes sociais. ‘Minha mãe é a pessoa mais engraçada que já conheci na vida. Muitas das coisas que falo, tiro de referências vividas com ela. O jeito de dizer alguma coisa vem de observação, de vivência e de referência de uma mulher que é extremamente engraçada”, confessa ele à coluna GENTE.
Durante seu show, Magno conversa com o pastor Machado, representado por um fantoche – o que não alegra muito a comunidade evangélica. “Eles veem como uma crítica, veem como algo pesado e eu sei que de fato é. Critico várias coisas, critico bastante o dogma, a religião, não a fé, porque a fé é pessoal, cada um lida da sua forma. Mas critico bastante como é a fé é usada de forma social”, diz o humorista, que aproveita todo seu conhecimento religioso para produzir conteúdos engraçadinhos. Muitos deles viralizados no TikTok – onde tem 257 mil seguidores. No instagram tem outros 230 mil fieis seguidores.
Em um dos vídeos que mais recebeu likes, Magno interage com o fantoche-pastor (feito por outra pessoa, que fica escondida) como se estivesse lendo dúvidas da plateia: “Pastor, uma média de quantos gays posso pegar e continuar sendo hétero?”. Ouve então como resposta: “Para continuar sendo hétero tem que pegar uns quatro… (pausa) por semana”. Em outro vídeo, Magno pergunta: “Se tudo na vida é plano de Deus, pegar uma casada também seria plano de Deus?”. O pastor responde: “Vocês ficam tentando pegar Deus no pulo”. A plateia, claro, aplaude efusiva.
A pauta humorística de Magno é explorar uma visão crítica da instituição evangélica e, apesar de atrair um público que se diz “ex-crente”, ele também tem trocas com os que se identificam com a fé no foco de suas piadas. “Sei que existem evangélicos que gostam. Recebo crítica demais, principalmente quando estoura em certas bolhas que não estão preparadas para entender que os conteúdos são apenas piadas”, lamenta. Não é tarefa das mais mundanas agradar a todos.