Arnold Schwarzenegger pedala pelos parques de São Paulo
O ator percorreu de bicicleta vários parques e avenidas de São Paulo. Na segunda, ele terá um encontro com o prefeito João Dória
O ator americano Arnold Schwarzenegger percorreu neste domingo 23, de bicicleta, vários parques e avenidas de São Paulo. Aos 70 anos, em entrevista a VEJA, ele confessou que odeia ver seu bíceps diminuir enquanto envelhece e que tem esperança no governo Trump, embora tenha votado em Hillary Clinton. Na segunda-feira, 24, ele terá um encontro com o prefeito de São Paulo João Dória.
No seu primeiro livro, A Inacreditável História da Minha Vida, o senhor escreveu que tinha fome de sucesso. Do que essa fome se alimenta hoje?
Quando se fala de fome, é para muitas coisas. É ter fome por um novo dia, por sucesso, por se tornar governador, por ser o campeão mundial de fisiculturismo, por ter uma grande família. Pode ser qualquer coisa. Eu me levanto pela manhã com entusiasmo e sempre com fome por um novo dia. Eu estava na expectativa para vir ao Brasil, porque tenho fome de promover o esporte. Tenho fome de promover o meio ambiente, não apenas de fazer o corpo limpo, mas também de fazer o meio ambiente limpo, de se livrar da poluição no mundo. Tenho fome por uma reforma política, em que as eleições não sejam manipuladas pelos políticos mas que seja feita de uma maneira que a democracia funcione. Sem querer ser presunçoso, recomendo a todos que sempre tenham fome.
Embora não pareça, o senhor está com 70 anos. Como alguém que começou a carreira como uma estrela do fisiculturismo lida com o envelhecimento?
Eu odeio! É um desperdício. Me incomoda que quando eu vou esquiar, pego o teleférico e lá do alto vejo aquelas árvores com 200 anos. Nós, com uns 80 anos sumimos da Terra. Odeio quando me olho no espelho lembro que já tive um biceps de 54 centímetros e de repente ele está com 45. Eu me pergunto ‘o que diabos aconteceu aqui’? Mas o que podemos fazer é prolongar o processo de envelhecimento e treinar regularmente para ter uma boa qualidade de vida. Então, hoje eu ainda posso fazer tudo. Viajo, nado, esquio, ando de bicicleta, etc. Vai ficando mais difícil, mas você pode fazer.
O senhor elogiou a imprensa durante a coletiva. Nos Estados Unidos, porém, há uma guerra entre o poder e a imprensa. Como o senhor vê esse cenário?
Tem boa e má imprensa como em qualquer outra atividade. Eu fui e sou um produto da imprensa, então eu nunca viraria minhas costas à imprensa. Sim, tem pessoas pessoas que escrevem a verdade, mas não posso colocar todos no mesmo saco e dizer são todos ruins. Há muitos grandes jornalistas e aprecio quando eles me ajudam nos meus filmes e na minha carreira política. Eu gosto de todo artigo que escrevem a meu respeito? Não, mas ok não é assim que você mudas as coisas.
Como republicano, o que sentiu quando soube da vitória de Donald Trump?
Eu senti… Ora, senti que foi uma pena que pela primeira vez eu votei em um candidato que não venceu. Então, era só um candidato diferente do que eu havia votado. O que é ok, seguimos em frente e esperamos que ele comande o país da melhor maneira possível, que ele se torne um verdadeiro líder. Se ele for bem-sucedido, todos seremos. Espero que ele se dê bem, mas ele não for, serei o primeiro a reclamar e a criticá-lo nas redes sociais.
O que o senhor espera de quatro anos do governo Trump?
Espero que nossa economia cresça e vá bem, que tenhamos uma existência pacífica sem confrontos militares e que o mundo permaneça unido. Tenho grande esperança e rezo para irmos na direção certa, porque afinal de contas ele é nosso presidente.
O quão forte o senhor está rezando por Trump?
Ah… Todo dia um pouquinho (risos).
Ao longo da carreira, o senhor sempre foi auto-centrado e focado em ser o melhor. Há algum arrependimento ao longo do caminho?
Sou uma pessoa que foi muito longe na vida, e a razão é que sempre tive muita gente comigo. Não existe nada do tipo ‘self-made man’. Não existe. Muitas pessoas me ajudaram ao longo do caminho. Meus pais me ajudaram a me tornar forte e seguro por dentro. Meus treinadores e professores que me ensinaram. As pessoas que me ajudaram a vir para os EUA, e as pessoas que me receberam de braço abertos. Pessoas me ajudaram a entrar no mercado cinematrográfico. É uma lista sem fim. E não posso esquecer das milhões de pessoas que votaram em mim para me tornar governador. Todos recebemos muita ajuda e é preciso reconhecer isso, porque quando se reconhece que você só existe por causa da ajuda que teve, se começa a pensar em ajudar os outros. O mais importante é ir e ajudar outras pessoas. É como o Arnold Classic, é tudo para inspirar milhares de crianças no Brasil a pensarem ‘nós podemos! Ele conseguiu. Vou para a academia malhar agora!’. Todos têm o direito de fazer isso e aproveitar a vida como eu fiz.