Cristovam Buarque diz a VEJA por que não voltaria a ser ministro de Lula
Ele lança o livro 'O mundo é uma escola ─ o que aprendi em viagens', no qual reúne 85 reflexões
Cristovam Buarque (PPS), 78 anos, lançou nesta terça-feira, 2, na Livraria da Travessa, em Ipanema, Rio, o livro O mundo é uma escola ─ o que aprendi em viagens, no qual reúne 85 reflexões a partir de acontecimentos em viagens ao redor do planeta. Em conversa exclusiva com a coluna, Cristovam diz se voltaria a ser ministro num eventual governo Lula (PT) – ele foi ministro da Educação entre 2003 e 2004, no primeiro mandato do petista, e depois foi reeleito nas eleições de 2010 para o Senado pelo Distrito Federal, com mandato até 2018.
“Não voltaria a ser ministro. É uma decisão minha. Até porque dificilmente surgirá um ministério somente para educação de base, que é o que eu defendo. Não vão criar esse ministério, porque as universidades não deixam. Elas são organizadas, como com a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Mas se deixassem, seria outro (ministro), não eu. Agora estou procurando leitores, não eleitores”, disse.
A respeito do livro recém-lançado, o ex-ministro frisa que não se trata de uma obra sobre turismo, menos ainda algo estritamente político. “Muita gente me perguntava o que eu aprendia com minhas viagens, daí surgiu a ideia de fazer esse livro durante a pandemia. Cada um desses lugares me marcou muito. Mas não é um livro de turismo, é de reflexões. Tem dois textos de Cuba, mas não falo nada de praia, por exemplo. Falo da experiência socialista que cometeu erros e teve acertos. A mesma coisa sobre a antiga União Soviética. Fui a um prédio em que moravam grandes chefes do regime e que agora é um museu. Havia um terno pendurado em cada cômodo. Perguntei por que aquilo. Era para estar sempre preparado para vestir o terno se a polícia chegasse. São 85 relatos sobre culturas diferentes. No Senegal, o motorista me falou que nós, brasileiros, somos bárbaros, porque não temos poligamia. Também comparo a ortodoxia capitalista de Pinochet com o populismo argentino e seus gastos supérfluos. Um está certo pela ideia de estabilidade, outro pelo atendimento ao povo. Quando vamos conseguir construir um pensamento que tem responsabilidade fiscal e preocupação com o povo?”, declarou.