Como será o reality show apenas com pessoas com síndrome de Down
A atriz Carla Diaz vai interagir com os participantes de “Expedição 21”, que acontece no final do mês e é organizado pelo educador social Alex Duarte
Vinte e um adultos com síndrome de Down, vivendo quatro dias em uma casa sozinhos, longe dos pais e sendo desafiados por provas e dinâmicas que envolvem habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e emocionais. Esta é a proposta da “Expedição 21”, criada pelo educador social Alex Duarte, 35 anos, que acontece entre os dias 25 e 28 de maio no Rio de Janeiro. O programa contará com a participação da atriz Carla Diaz que, além de interagir com os participantes, anunciará, ao fim do reality, o vencedor da edição. O experimento vai ser transformado em série, dirigida por Teresa Lampreia e Bia Oliveira. A seguir, o papo da VEJA com o gaúcho Alex Duarte.
Como surgiu a ideia de criar o reality?
“Expedição 21” é um experimento social criado para estimular a autonomia de pessoas com síndrome de Down na fase adulta e que se transformará em objeto de pesquisa científica e série documental. A ideia surgiu durante minha trajetória como profissional da inclusão no Brasil. Há 15 anos, fundei o Instituto Cromossomo 21, projeto que trabalha para abrir caminhos na vida de pessoas com deficiência intelectual. A ideia era colocá-las numa casa sem presença dos pais, com intenção de eliminar a superproteção. A gente simula uma sociedade inclusiva.
Como o público pode acompanhar o programa?
A experiência vai ser transformada em série documental, dirigida por Teresa Lampreia e Bia Oliveira e roteiro de Lalo Homrich. A ideia é que seja distribuída nas plataformas digitais, ainda sem definição.
Qual é o objetivo maior do programa?
O projeto está na contramão dos discursos que insistem em procurar explicações biológicas e comportamento padrão em pessoas com síndrome de Down. “Expedição 21” proporciona pensar que os limites estão nas situações culturais. Os 21 participantes terão a chance de viver a fase adulta, tomando próprias decisões, se responsabilizando por elas, e levando este aprendizado para a vida lá fora.
Como se chegou ao elenco de participantes?
Realizamos uma seletiva que iniciou em 2018, que contou com mais de 500 inscritos. Destes, 62 foram pré-selecionados, e 21 escolhidos através de uma seletiva presencial, reunindo júri de educadores, influenciadores e especialistas em educação inclusiva. A escolha valorizou a pluralidade do inscrito.
Você sente falta de participantes com síndrome de Down em realities na TV?
Sinto falta de pessoas com qualquer tipo de deficiência em realities, mas para que isso aconteça, o programa tem que investir em acessibilidade, as provas precisam ser adaptadas e essa mudança deve natural. O “No Limite” mostrou recentemente este avanço na TV. A emissora escalou o cadeirante Fernando Fernandes, atleta paraolímpico, passando a ser o primeiro da TV aberta a ser comandado por uma pessoa com deficiência.