Como Arlindo Cruz colocou Madureira ‘no caminho de Ogum e Iansã’
Cantor morreu na tarde desta sexta-feira 8, no Rio de Janeiro

O cantor e compositor Arlindo Cruz, cria do subúrbio carioca, mais precisamente de Madureira, faleceu no início da tarde desta sexta-feira, 8, vítima de um AVC. Ele vinha recebendo cuidados paliativos em casa, cercado pela família. Popular em várias frentes, Arlindo foi o poeta contemporâneo do samba carioca, autor de vários sucessos que embalaram e vão continuar embalando rodas de samba por todo o país. Ele deixa como marco um vasto repertório que traduz o estilo e o jeito boêmio de uma cidade que tem no gênero musical a sua melhor identidade.
Ao saber interpretar a força de suas raízes em músicas que permeiam a religiosidade que tão bem o traduz, Arlindo escreveu seu nome na história musical brasileira – percorrendo novos caminhos sem permitir que apagassem seus passos iniciais. Quando deixou a Aeronáutica, passou a frequentar as rodas de samba do Cacique de Ramos, ao lado de Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Sombrinha, que viria a ser seu grande parceiro. Ali, recebeu o convite para participar do grupo Fundo de Quintal. Madureira, seu bairro, tal como a escola de samba Império Serrano, sua agremiação, permanecem intrínsecas a sua história – foi ele quem trouxe mais uma vez o bairro suburbano para ser percorrido por outros tantos desbravadores da genuína “alma carioca”. Na música Meu Lugar, canta que Madureira “está no caminho de Ogum e Iansã”. Não por acaso o bairro no qual foi abraçado levou seu nome a tantos lugares que ele próprio nem imaginava que seria capaz de chegar.