‘Brasil está no calendário mundial’, diz empresária de concierge de luxo
Isis Grossi, fundadora do Grossi Group, já atendeu Paris Hilton, Kanye West e Rihanna

O luxo está cada vez mais na moda, pelo menos é assim que Isis Grossi, 38 anos, fundadora do Grossi Group enxerga. Especializada em concierge de luxo, Isis começou no mercado há mais de uma década, quando voltou de Los Angeles fazendo ponte entre hollywoodianos e brasileiros. Com o objetivo de trazer uma experiência luxuosa e única para os clientes, a empresária já esteve à frente das estadias de Justin Bieber, Rihanna e Paris Hilton. Em entrevista à coluna GENTE, Isis conta sobre os desafios que já passou no mercado, envolvendo até episódios de machismo, além de explicar como conseguiu crescer seu negócio para o mundo.
Como que foi se colocar no mercado e criar a sua própria agência? Falo muito que o turismo me encontrou. Morei em Los Angeles por muitos anos e fiz uma rede de relacionamento importante lá fora, com pessoas importantes e conhecidas mundialmente. Quando voltei para o Brasil, meu ex-namorado, que era um jogador de futebol americano, me indicava para pessoas. Trabalhei com a Paris Hilton e Kanye West, quando ele terminou com a Kim Kardashian, entre outras…
Foi assim que viu que tinha futuro nessa profissão? Em 2013, fui convidada para trabalhar numa outra empresa que chamava Back & Score. Eles me convidaram para liderar o time da Copa do Mundo em 2014, quando acabou o projeto, abri a minha empresa, que se chamava, inicialmente, Rio de Janeiro Feelings. Era um turismo muito voltado para o Rio de Janeiro, para essa parte do lifestyle carioca, que eu adoro… Ir comer um pastel no Bira, ver um pôr do sol num lugar diferente, ir lá no Baixo Gávea, comer no Guimas, ficar em pé, tomar um chope, essa experiência faz diferença. Ele não está aqui para comprar a bolsa da Chanel, ele está aqui para vivenciar experiências diferentes.
Quando o Grossi Group foi criado? Em 2018 entrei para a Plantel, maior agência de luxo e de turismo do Brasil, estão há quarenta e cinco anos fazendo turismo. Nesse momento, comecei a fazer outras cidades do Brasil e vi a necessidade de levar essas experiências diferenciadas para clientes do mundo todo. Então foi um casamento perfeito. Logo veio o Grossi Group e tenho esse casamento com a Plantel até hoje.
Os estrangeiros estão vindo mais para o Brasil? O Brasil em 2011 não é igual a hoje, era uma coisa quase selva amazônica. Hoje o Brasil está no calendário mundial, é um país que está super na lista de desejos de muitas pessoas. Mas lá atrás, uma pessoa desse nível que estamos falando queriam alguém que fosse brasileiro, a gente já chegou a atender a Rihanna, mas hoje é cada vez menos, principalmente com as redes sociais.
Quando traz hollywoodianos para cá, como manter a discrição? Depende muito do cliente. Tem jogadores de futebol americano, jogadores de NBA, que não estão se importando em serem vistos ou não serem vistos. Tem empresários que são conhecidos mundialmente, não famosos, igual uma celebridade hollywoodiana, que fazem questão até de mais discrição. Mas, obviamente, que a gente tem todo um arsenal.
Já atendeu outros famosos? A gente atendeu o Justin Bieber quando deu toda aquela confusão há anos atrás, vimos a parte de locação dele. O Kanye… que nem é um nome muito legal ser falado ultimamente por todas as polêmicas que tem acontecido, as falas dele que são horrorosas. O Gabriel Medina que agora está em Los Angeles.
Eles dão muito trabalho? Os jogadores de futebol americano geralmente são os que mais dão trabalho, porque é grupo de homens, eu sou uma mulher, por isso que é mandatório no contrato você ter uma equipe de segurança para cuidar, porque eu não dou conta. Mas geralmente dou sorte, porque as pessoas escutam o que você está falando. Tipo, ir para Lapa (bairro boêmio do Rio), ou então fazer favela tour. Não posso prender ninguém com uma algema, mas existe termo de responsabilidade que precisam assinar para fazer essas coisas que estão fora do escopo.
Já sofreu machismo? Já. Teve um homem que é dono de um selo de hip-hop muito conhecido, que atende a Cardi B, o Quavo, toda essa galera lá de Miami. Ele chegou com outros jogadores de futebol americano, mas ele não falava comigo. No dia que chegou, eles alugaram uma penthouse ali na Atlântica, super apartamento maravilhoso. Fiz um super café da manhã para recebê-los na cobertura. Ele chegou e não me cumprimentou. Ele falava para outra pessoa: “fala para ela que eu quero”. Aí eu fui e falei: “estou na sua frente, você pode falar comigo, estou aqui para prestar serviço para vocês”. Depois disso ficou mais de boa.
Quais são as experiências de luxo que você organiza? No carnaval fechei o Cristo Redentor para oito pessoas, para uma cliente minha. O Cristo já fica lotado todos os dias do ano, mas no carnaval era muito difícil. No passado a gente fez uma experiência muito legal também no bondinho, a gente recebeu noventa pessoas do Philadelphia Eagles. Vamos trabalhar com essas experiências exclusivas, sunset, brunch no bondinho, aula de yoga na Pedra Bonita…
Qual é o público-alvo? O nosso nicho são pessoas que querem fazer investimento. As pessoas estão investindo mais em uma viagem, porque transformam mais a gente do que comprar um carrão, por exemplo. Temos contratos com hotéis cinco estrelas. O cliente que quer fazer uma reserva nos sites online não busca personalização, busca preço.
Quanto custa ter essas experiências? Depende de onde você vai, o que você quer… Eu tenho amigas que dizem que quando vão viajar, querem ficar em hotéis cinco ou quatro estrelas. A gente vai tentar fazer de acordo com o budget . Para mim, o cliente é especial de todas as maneiras, independentemente do investimento.
O que define luxo pra você? Luxo está ligado à experiência, à exclusividade, à acessibilidade. O luxo é ver um pôr do sol. O luxo é poder estar com a minha filha, é ficar sem celular. Mas o luxo também é ficar em um super hotel. Cada momento tem um momento de um tipo de luxo, o luxo é pessoal.
O mercado de luxo está em alta no país? Sim, em todos os sentidos. A pandemia foi um tempo horroroso para parte do turismo. Nos últimos três anos esse lado vem crescendo muito, alugueis por temporada… Tenho clientes que passaram o Carnaval aqui e querem comprar um imóvel. Um quer comprar a casa que ficou em São Conrado, estou até ajudando na negociação. Outro cliente suíço, também no Carnaval, quer comprar o apartamento em Ipanema. A parte imobiliária está superaquecida. Os hotéis não estão dando conta de receber.