As mais bizarras e polêmicas justificativas dos jurados do Carnaval
Duas escolas de samba são alvo de polêmica após resultados; entenda
Uma jurada de mestre-sala e porta-bandeira criticou o uso exagerado de jogo de luzes na apresentação do casal da Vila Isabel. “Seriam ótimas em um espetáculo qualquer, o problema é que estamos falando da dança do mestre-sala e porta-bandeira! Cheia de simbolismo, tradição e ancestralidade”. De fato, a escuridão total, opção de uso da própria escola, levantou questionamentos em quem assistia à apresentação quase às cegas. O uso do controle de luzes da Sapucaí segue sendo um tema polêmico no carnaval.
Se a inovação atrapalhou o fundamento, a ponto de prejudicar sua observação diante do público e jurados, não faz sentido o casal da Vila Isabel receber a mesma pontuação de outros casais que se apresentaram no “claro”, sob a luz. Mas essa jurada deu igual nota para outros dois casais, os da Porto da Pedra e da Unidos da Tijuca – que, segundo ela, tiveram algumas “falhas na execução”.
Mas há outros pontos no julgamento que merecem atenção e são, no mínimo, curiosos. Dois jurados tiraram pontos do samba da Mocidade Independente, sobre o caju, bastante cantado no pré-carnaval. Um deles justificou a perda de pontos alegando “a insistência em notas longas (‘pé’, ‘Tamandaré’, ‘dou’, ‘amor’). Embora seja recurso válido e expressivo, fez aqui com que os refrões perdessem força”. Isso porque foi um dos refrões mais cantados na Avenida. Imagina entao se tivesse força. O jurado ainda diz que “apesar da ideia da mescla entre frevo e samba expressa na partitura do abre-alas ser interessante, ela fez a obra se distanciar demasiadamente do samba”.
Outro samba bastante penalizado, o do enredo Gbalá, da Vila Isabel, de 1993, composto por Martinho da Vila, recebeu as notas: 10 – 9.8 – 10 – 9.8. Foi justo? Uma das justificativas diz: “Frases demasiadamente conclusivas no início dos dois primeiros versos prejudicam fluidez da canção” e “menor quantidade de rimas na terceira estrofe cai a estrutura poética”. Outro penalizou a escola porque achou que a letra “oferece pouca diversidade melódica e contrastes, o que prejudica a atenção do público durante toda sua extensão”.