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As consequências vividas por Malu Galli ao falar do candomblé

Atriz conversa com VEJA sobre intolerância religiosa e a peça ‘A Cerimônia do Adeus’, que cartaz no Rio

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2024, 00h17 - Publicado em 14 jul 2023, 11h00

Malu Galli, 51 anos, está em cartaz com a peça A Cerimônia do Adeus, no teatro Copacabana Palace, no Rio. Ela interpreta Aspásia, mãe do jovem Juliano que, ao se sentir sozinho, fantasia diálogos com os filósofos existencialistas Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre. Malu conversou com a coluna sobre suas relações com a peça, futuros projetos e religião. Ela é praticante de candomblé há oito anos.

Na peça você vive a Aspásia, mãe conservadora com o filho. Como é viver uma personagem tão diferente de você? Ela é muito diferente de mim por um aspecto: o conservadorismo, a dificuldade de entender o funcionamento do filho como um artista, como homossexual, um menino que tem outros sonhos para a vida, para além daquela ali de Bauru, daquela época. É uma dona de casa, não trabalha, vive em função da família e do marido. Esses aspectos são bem diferentes de mim, mas ao mesmo tempo é mãe e eu sou também. E todas as mães têm uma certa loucura parecida, esse excesso de amor misturado com culpa, desejo de controle. A gente ri porque acaba se identificando, por mais absurdo que seja.

Enquanto filha, você se identifica com o Juliano? A minha adolescente tem mais a ver com o Juliano, no sentido de sonho, de mudar o mundo com a arte. Em um momento da peça, ele fala uma coisa muito bonita. Estou falando da morte do Che Guevara e o amigo dele está fala: ‘Vamos para Serra do Mar, vamos para ação, querendo fazer alguma coisa de guerrilha’. E ele: Vou lutar com as palavras’. Ele quer ser autor. Eu, quando tinha 16 anos, achava que o teatro podia transformar o mundo, hoje em dia eu ainda acho, mas sei que é de outra forma. Se você toca o coração de uma pessoa já foi muito. São as armas que a gente tem para lutar.

Sentiu alguma pressão familiar no início da carreira, tal como se revela na peça? A minha família sempre me deu força, tive muita liberdade para ser quem eu era e para fazer as minhas escolhas.

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Com o Luiz, seu filho, em algum momento foi conservadora na criação? Tento passar educação, mas me identifico com a Aspásia no sentido de ter excesso de expectativas em relação aos filhos. A gente sonha coisas para eles, acha que conhece eles, que sabe o que é melhor para eles. E por mais que eu saiba que isso não é verdade, não sei nada nem sobre mim, quanto mais sobre o outro, são pensamentos que passam pela nossa cabeça.

Nas redes sociais você costuma publicar bastante sobre sua religião. Recentemente participou da festa de Xangô. Fale mais disso? A festa no candomblé é a nossa maneira de louvar os nossos deuses. Candomblé é festa. Os orixás vêm, eles dançam, a gente canta as cantigas, é tudo bonito. As cantigas são cantadas a milhares e milhares de anos em yorubá e é aberto ao público. No final a gente serve um jantar, dura bastante tempo, tem muita música, atabaques e as danças.

Como lida com a intolerância religiosa? A gente tem uma luta muito grande pela frente. A intolerância religiosa, nem chamo de intolerância, acho que as religiões não têm que ser toleradas, têm que ser respeitadas, como dizia minha mãe Beata de Iemanjá. O que se pratica hoje no Brasil não é só intolerância religiosa, é terrorismo religioso. Os terreiros estão sendo invadidos e depredados, as pessoas estão sofrendo violência. Isso é terrorismo, não é só preconceito. É uma coisa que está crescendo pelo Brasil e a gente precisa de políticas públicas que nos protejam, para que seja criminalizado.

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São religiões que falam tanto de nossa formação, não? Claro, o Brasil inteiro bebe dessa fonte, que é essa fonte africana, somos descendentes de africanos. Agora, tem uma parcela enorme da população que é absolutamente preconceituosa. Quando posto algo, perco alguns seguidores ali, mas não estou nem aí, não tenho a menor preocupação. Eles que vão com o Deus deles lá, que eles fazem questão de dizer que é o Deus de todos. Quero que esteja comigo quem gosta de mim do jeito que sou, quem me admira e me respeita. Como artista é um gesto político a gente afirmar.

Entre seus novos projetos, você fará um filme sobre a arqueóloga Niède Guidon. Como está esse processo?  A gente está em conversas ainda para formatar o projeto. Mas vai ser um longa, roteiro da Kelly Cristina. Tem um outro projeto que também está andando, a série Marta Rosa e João, uma adaptação que fiz de uma peça. É uma série de seis episódios que a TvZero vai produzir para o streaming. Estou animada, mas é processo longo. Tomara que não demore anos, queria que as coisas fossem mais rápidas, mas o audiovisual tem o tempo dele.

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