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A pecuária não é a vilã do aquecimento global, diz diretor da Fogo de Chão

À coluna GENTE, o empresário do ramo de churrascarias Pedro Antunes avalia pressão ambiental em meio à COP30

Por Nara Boechat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 nov 2025, 11h00

A pecuária é vista, por ativistas, como a grande vilã do aquecimento global no mundo – tema em destaque com a COP30. O setor de proteína animal está sob permanente análise, especialmente à medida que o veganismo cresce no Brasil e pressiona o mercado por alternativas. Nesse cenário, redes de churrascaria precisam redefinir seu posicionamento — da diversificação do cardápio às adaptações impostas pela agenda climática. À coluna GENTE, Paulo Antunes, diretor-geral da Fogo de Chão no Brasil, explica como a marca de 46 anos e com mais de 100 unidades espalhadas pelo mundo tem atuado em responsabilidade ambiental, opina sobre o impacto da carne nas mudanças climáticas e analisa o ambiente econômico e propostas como a mudança da escala 6×1.

Como lidar com as mudanças de comportamento, como o crescimento do veganismo entre geração Z e millennials? A gente reverencia a tradição do churrasco, mas também inovou muito. Estou aqui há quase seis anos e já vi clientes veganos voltarem à casa porque apreciam nossa mesa de salada. Isso permite receber quem não come carne, sem abandonar o rodízio tradicional. 

O setor de carne está sob pressão na agenda ambiental, especialmente com discussões como a COP30. Tem acompanhado essas discussões? Vejo que a demanda por carne ainda é maior que a oferta, globalmente. Mesmo com restrições pontuais em alguns mercados, não houve sobra de carne aqui. O produto foi redirecionado para outros destinos. Existe, sim, migração de proteína bovina para frango ou peixe, mas de modo geral a demanda por proteína animal segue superior à oferta.

Já considera incluir carne de origem vegetal ou cortes produzidos em laboratório? Ainda não. Temos orgulho da carne que servimos: rastreada e de origem cuidada, quase no conceito “farm to table”. Compramos de quem cria, não de intermediários. Da mesma maneira, a oferta vegana é diferenciada e pensada para quem valoriza uma boa salada. Por enquanto, não incorporamos carnes artificiais ou de laboratório. E também não vejo os veganos buscando esse tipo de alimentação.

Como o setor lida com a pressão sobre emissões e pegada de carbono? Não posso falar por toda a cadeia produtiva, mas percebo uma pressão por descarbonização. Há também incongruências em outras cadeias, como a do milho e da soja. Estamos em um momento difícil, vivendo o dilema de como reduzir a pegada de carbono sem comprometer a qualidade de vida das pessoas. Bill Gates fez uma declaração recentemente de que a crise climática é importante, mas não pode combatê-la sem deixar de observar a qualidade de vida das pessoas. Esse equilíbrio é complexo. Todo mundo tem que ajudar e fazer sua parte, mas a qualidade de vida das pessoas estará na frente das questões climáticas.

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A pecuária é a grande vilã do aquecimento global? Não enxergo dessa forma, talvez por falta de conhecimento. Para mim, a questão mais evidente está nos combustíveis fósseis e no esforço global de substituí-los por fontes renováveis. Esse movimento de eletrificação é um caminho sem volta. Já no caso da proteína animal, não vejo, hoje, uma alternativa capaz de substituí-la em larga escala com a mesma experiência. Acredito que essa discussão ainda vai levar tempo, porque emular a proteína animal em laboratório, com a mesma entrega sensorial, é algo muito difícil.

O que o setor precisa mudar? No segmento de restaurantes e food service, já estamos fazendo a parte que nos cabe: a Fogo de Chão compra energia certificada por fontes renováveis, investe em tecnologias de economia de água e energia, e conscientiza equipes sobre eficiência no uso de luz, água e ar-condicionado. Fazemos investimentos em tecnologia para gestão do dia a dia e para sermos mais econômicos; isso é nossa contribuição direta. 

Há exagero no debate climático atual? É difícil opinar categoricamente. Há muitas perspectivas, tantos lados da moeda. Questões como “já passamos do point of no return” ou que “são ciclos naturais de temperatura” complicam o debate; prefiro deixar essas análises para os especialistas.

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Falta política pública para ajudar o setor de alimentação? Não vejo a alimentação como prioridade direta do poder público brasileiro. Acredito que o Estado deva focar em saúde, educação e segurança. Onde o poder público pode e deve agir é incentivando fontes renováveis, infraestrutura para energia limpa e mobilidade elétrica. Essas ações têm grande impacto positivo e ajudam a sociedade como um todo, inclusive o setor que operamos.

Como as incertezas econômicas interferem nas decisões da empresa? Influenciam em dois aspectos. No lado da demanda: se houvesse redução de impostos a economia poderia aquecer; como está dado que há previsão de aumento com esta reforma tributária, a tendência é de arrocho – impostos acabam sendo pagos pela economia. Essa é uma preocupação da receita. No lado de dentro de casa nos preocupa o eventual aumento da carga e a maior complexidade para apuração do tributo. A reforma será gradual e complexa, e enquanto não houver clareza haverá incertezas.

E a ideia de taxar super-ricos? Isso prejudica o emprego e investimento? É normal que governos busquem novas formas de arrecadação, mas, pessoalmente, acredito mais em incentivos ao investimento do que na taxação de fortunas. O capital investido gera emprego e desenvolvimento do que mais dinheiro nas mãos do governo. Não vejo grande impacto para os super-ricos, nem solução para problemas tributários. Com minha experiência de gestão, percebo que quando o Estado simplifica e incentiva, o resultado é melhor; quando complica e tributa mais, tende a afastar investimentos.

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Qual é a sua opinião sobre o projeto que altera a escala de trabalho de 6×1 para 5×2? Vejo um grande desafio de rentabilidade para empresas que precisariam se adaptar. Países mais desenvolvidos podem caminhar nessa direção, mas estamos algumas gerações distantes desse patamar. O que tem uma chance talvez, no futuro, é a possibilidade desregular certas formas de trabalho para permitir que, quem queira, trabalhe mais. Por exemplo, querer regrar a “uberização” é como regrar quem está empreendendo. Hoje, não acredito que haverá redução generalizada da carga de trabalho; talvez isso ocorra mais adiante, com melhoria de renda, educação e IDH.

Vocês foram afetados pelo “tarifaço” do Trump? No início tivemos um efeito positivo: carne que antes era exportada para os EUA ficou no mercado interno, reduzindo preços momentaneamente. Porém, como o produto tem demanda global, rapidamente foi redirecionado para Ásia, México e Europa, e o preço voltou a subir. Então o efeito foi transitório.

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