A musa do carnaval dona de uma ‘Arca de Noé’: mais de 50 animais em casa
Veterinária Alice Alves, destaque da Portela, conta como lida com a bicharada; veja fotos
A vasta casa de Alice Alves, 41 anos, no bairro da Taquara, na Zona Oeste do Rio, se transformou num verdadeiro zoológico. Isso porque a veterinária resolveu adotar diferentes tipos de animais nos últimos anos. Chegou agora a ultrapassar a marca de cinquenta bichos, todos devidamente autorizados pelo Ibama, ela garante. Seu xodó é o Bebê, um suíno de mais de 250 quilos. Mas há outros que sempre tomam sua atenção, como Albert, uma imponente arara azul, além dos dez cachorros de diferentes raças. Mais uma vez desfilando como musa da Portela, escola que tem como símbolo a águia – animal que “ainda” nao consta entre seus tutorados –, Alice aproveita a exposição para fazer campanha contra o uso de penas naturais em fantasias. Em conversa com a coluna, ela explica de onde vem essa paixão pelos animais.
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Sua casa deve ser uma “arca de Noé”. Quando surgiu essa paixão? Meu pai sempre criou muitos bichos e desde pequeno éramos apresentados a eles. Lá sim era a verdadeira Arca de Noé (risos). Lembro que minha mãe levava turmas de alunos da escola municipal para visitar nossa casa e conhecer os bichinhos. Meu pai sempre foi amante dos animais. Mamíferos, aves, quelônios, répteis e peixes… Tinha de tudo!
Tem autorização do Ibama para cuidar de animais silvestres? Como médica veterinária, sempre priorizei leis de proteção aos animais, sejam eles silvestres ou não. Todos são anilhados ou microchipados, de acordo com as exigências legais. Concordo com obrigatoriedades quanto à criação de animal silvestre. Vejo o Ibama importante na questão de exigir conhecimento prévio para aquisição de um silvestre e para ajudar no combate ao tráfico de animais. Os tutores que desejam criar um animal silvestre devem se cadastrar no Ibama e ter licença regularizada para posteriormente, em criatório registrado pelo órgão, adquirir a espécie.
Quantos animais tem em casa? Sempre foram muitos. Meus amigos de quintal eram araras, macacos e cobras. Tenho dez cãezinhos. Dentre eles, quatro pastores suíços, três spitzs alemão, um shih tzu e dois vira-latas caramelo. Além de nove gatinhos, sendo dois persas e sete sem raça definida. Mas há também jabuti, araras, papagaios, maritacas e alguns passeriformes. Uns cinquenta no total.
Todos têm nomes? Todos, claro! A rotina é um tanto trabalhosa, mas dou prioridade ao bem-estar deles, muito antes de dar atenção a minha casa. Tenho uma secretária que ajuda na limpeza dos cães e gatos, o restante é comigo.
Não é confuso ter tanto animal reunido? Às vezes. Certa vez estava em Uruguaiana (RS), sou embaixadora oficial do carnaval de lá, e recebi uma ligação da minha irmã dizendo que o Albert, arara azul, estava tossindo muito. Ela estava preocupadíssima. Fiquei pensativa, porque aves não tossem. Chegando em casa, vi que o novo vizinho era um senhor que tossia sem parar. Sim! O Albert estava imitando o homem (risos).
Já aproveitou penas das suas aves para fantasias? Tenho praticamente todas as penas que minhas araras trocaram desde filhotinhas. Guardo com carinho. Quanto ao uso de penas naturais em fantasias, muitas pessoas ainda não se conscientizaram do quanto isso é errado. Eu mesma comprei uma quantidade grande da fantasia de um destaque 14 anos atrás… Com o tempo entendi que era questionável, pela qualidade de vida daqueles que sofriam para nos alegrar. Desde então passei a reutilizar, tingindo-as.
Eles brigam entre si? Como veterinária, vejo tudo: vacina, vermifugação, controle de ectoparasitos, exames… Cães e gatos demandam mais atenção. Brigas? De vez quando acompanho as indiferenças (risos). São tão normais quanto nós. Rola ciúmes por liderança o tempo todo.
A Portela tem como símbolo uma águia. Já teve uma? Cresci em uma família de amor azul e branco. Todos apaixonados pela Portela, em especial meu irmão mais velho. A paixão dele era tão intensa que contagiou a todos. Portela faz parte da minha vida. Tive o prazer de cuidar de uma águia, estava com uma pododermatite. Sou conhecedora dos cuidados aos rapinantes e não descarto possibilidade futura de ter uma aqui.
Se pudesse ser um animal por um dia, qual seria? Um cão. Tenho curiosidade em entender o porquê deles serem tão compreensivos, amáveis com a espécie humana.