
Walter Salles, diretor de Central do Brasil (1998), Diários de Motocicleta (2004) e, mais recentemente, do hit Ainda Estou Aqui, é um dos seis cineastas brasileiros que votaram na lista de 2022 da revista britânica Sight and Sound, uma das mais importantes publicações especializadas em cinema. A cada dez anos, o veículo atualiza o ranking de melhores filmes de todos os tempos com duas listas: uma feita por críticos (eleita por 1,6 mil profissionais) e outra por diretores (460 cineastas votam nessa).
Eis a lista de Salles:
Era uma Vez em Tóquio (1953): Do diretor Yasujirō Ozu, essa é uma comovente história sobre choque geracional. Um casal de idosos decide viajar para Tóquio para visitar seus filhos, depois que as guerras civis japonesas os separaram. Mas suas boas-vindas são decepcionantes, quando seus filhos os enviam para um spa de saúde.
A Paixão de Joana d’Arc (1927): Do diretor dinamarquês Carl Theodor Dreyer. Em julgamento por alegar que falou com Deus, Jeanne d’Arc está sujeita a tratamento desumano e táticas de intimidação nas mãos de funcionários da corte da Igreja. Intimidada a mudar sua história, Jeanne eventualmente opta pelo que ela vê como a verdade. Sua punição lhe rende o martírio perpétuo.
Sete Oportunidades (1925): Do gigante da comédia, o americano Buster Keaton. O corretor de ações Jimmie Shannon descobre que, se ele se casar até as 19h do seu aniversário de 27 anos — que é hoje — ele herdará US$ 7 milhões de um parente excêntrico. Mas, depois que Mary Jones, por quem ele tem se apaixonado há anos, o rejeita, ele tem apenas algumas horas para encontrar uma mulher que se case com ele.
Rastros de Ódio (1956): Eleito pelo American Film Institute como o melhor faroeste já feito, este clássico de John Ford acompanha a vida de Ethan Edwards (John Wayne), veterano da Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865), que vive no Texas tentando se estruturar após o conflito. Ethan, que lutou pelos confederados (o lado perdedor da guerra), embarca em uma longa jornada atrás de sua sobrinha, capturada por indígenas comanches que mataram sua família.
Vidas Secas (1963): O diretor Nelson Pereira dos Santos adaptou a obra-prima de Graciliano Ramos. Em Vidas Secas, uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens.
Profissão: Repórter (1975): De Michelangelo Antonioni, cultuado diretor italiano. David Locke, um jornalista em meio à Guerra Civil do Chade que pena para terminar o seu documentário sobre o conflito. Em certo momento da história, Locke decide assumir a identidade de um inglês que morreu (e que estava no seu hotel). O que o repórter não imaginava, porém, era que o falecido era um traficante de armas.
Memórias do Subdesenvolvimento (1968): Baseado no livro homônimo de Edmundo Desnoes, o filme de Tomás Gutiérrez Alea conta a história de Sergio que, mesmo após a partida de seus amigos e familiares de Cuba, no início dos anos 1960, decide permanecer no país e acompanhar as transformações ali sofridas depois da queda do governo de Fulgêncio Batista.
A Batalha de Argel (1966): O diretor Gillo Pontecorvo traça um retrato cheio de camadas sobre a Guerra da Independência da Argélia contra os franceses, que durou de 1954 a 1962. A história mostra que ambos os lados, colonizadores e rebeldes, cometeram atrocidades durante o conflito.
Acossado (1960): Filme de estreia e um dos mais celebrado de Jean-Luc Godard. Baseado numa história escrita por François Truffaut, o longa conta a história de um ladrão de carro procurado por assassinar um policial – e que, enquanto foge, se envolve num relacionamento com uma mulher que conheceu em Paris.
Roma, Cidade Aberta (1945): De Roberto Rossellini, esse é um dos maiores expoentes do neorrealismo italiano. O filme é um retrato fiel da dura vida dos civis que tentavam encontrar alguma normalidade na rotina em meio ao conflito.