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Bastidores e curiosidades da disputa entre Kamala Harris e Donald Trump
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Por que o marido de Kamala Harris é trunfo contra Trump

O advogado Doug Emhoff engatou na campanha e só desarma o sorriso quando alguém dá de falar mal da mulher

Por Monica Weinberg
Atualizado em 30 set 2024, 10h58 - Publicado em 30 set 2024, 10h18

Os primeiros momentos de Doug Emhoff após dissolver um profícuo laço com uma das grandes firmas de advocacia de Los Angeles foram uma montanha-russa. Era 2021, e sua mulher, Kamala Harris, havia recém se instalado na cadeira de vice-presidente dos Estados Unidos, o que o obrigou, como segundo-companheiro, a procurar uma ocupação que não fosse posta no escaninho dos conflitos de interesse.

E assim viu-se filmando ora o helicóptero presidencial em pleno voo, ora o figurino de Kamala para algum evento em que ele deveria seguir mais ou menos o roteiro que a primeira-dama, Jill Biden, já escolada acompanhante do marido-político, lhe sugeriu: “Não tenha medo, seja confiante e apoie sua mulher”, ela disse. Mas, do entusiasmo, Doug às vezes mergulhava na fossa. “Sinto falta do meu trabalho todos os dias”, chegou a desabafar.

Quatro anos se passaram, e ele se arranjou como professor da Universidade de Georgetown, não muito longe da Casa Branca, e passou a extrair prazer de dar uns palpites de advogado no núcleo duro do poder americano e a cumprir agendas como a que, recentemente, o colocou lado a lado com Brigitte Macron, a primeira-dama francesa, em uma visita ao Petit Palais, em Paris. Enquanto externava o interesse pelo preparo de croissants, Kamala tratava dos enroscos da diplomacia com o presidente Emmanuel Macron.

Assimilada a função, Doug, 59 anos como Kamala, foi ficando cada vez mais à vontade, até que desembarcou nos agitadíssimos dias de hoje disposto a encarar uma campanha acirrada, em que vem sujando a sola do tênis no corpo a corpo junto à democrata e também enfrentando a lama do lado republicano do ringue. “É horrível ver Donald Trump ofendendo minha mulher o tempo todo”, costuma falar ele, que trabalha para ser o justo oposto de Trump, ao tentar firmar-se na geopolítica eleitoral como homem sensível aos anseios femininos e pronto para disparar contra a “masculinidade tóxica” que enxerga no oponente.

“SEX SYMBOL MODERNO”

Nada mal num duelo para lá de apertado, disputado voto a voto, em que as mulheres estão neste instante (porque tudo pode mudar) favorecendo Kamala – ela conta com 56% das intenções de voto delas versus os 44% de Trump, segundo a última pesquisa do New York Times.

Simpático a Kamala, o Washington Post rasgou seda para o marido, que estaria contribuindo para ela fincar terreno na banda feminina do eleitorado: “Doug é um sex symbol moderno”, dizia a matéria, E o Boston Globe completou, no mesmo tom: “Ele encarna uma nova representação da masculinidade que ecoa na geração Z.”

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Doug Emhoff discursa na Convenção Nacional Democrata. (Kevin Dietsch/Getty Images)

Pode estar contida aí uma boa vontade de quem, em meio às altas voltagens da polarização, não esconde a torcida, mas a fama de Doug parece coerente com a vida que leva. Em casa mesmo, ele tem nos filhos dois representantes da turma Z – Cole (homenagem a John Coltrane), 30 anos, e Ella (lembrança a Ella Fitzgerald), 25, modelo e designer de peças de tricô e crochê que vende no Instagram. Todo mundo diz que os enteados se dão muito bem com Kamala, a quem carinhosamente chamam de Momala (alusão à “mãe”).

O bom clima seria um desdobramento da civilizada relação da democrata com a produtora de documentários Kerstin Mackin, com quem Doug foi casado por dezesseis anos. “Podemos não parecer com outras famílias na Casa Branca, mas estamos preparados para representar todas as famílias na América”, já afirmou Cole, que, junto à irmã, gosta de se referir ao clã que formam hoje – os dois, Kamala, Doug e Kerstin – como modern family.

“VOCÊ NÃO ATENDE O TELEFONE!”

No fim de julho, Doug estava com um casal de amigos em Hollywood e emendou uma aula de spinning, embalada à música tecno, com um brunch daqueles em que ninguém consulta o relógio. Até que um, dois, três estranhos apareceram à mesa o parabenizando. Ele não entendeu nada, e o esclareceram: dois terremotos haviam abalado as placas tectônicas em Washington – Biden deixara a corrida e posto Kamala no páreo. Doug voou para o carro, onde o celular estava esquecido no banco, agora tomado de mensagens de “congratulations” e com várias ligações perdidas da mulher. “É claro que ela ficou chateada”, contou.

Desde então, dá-lhe fazer campanha enfronhando-se no meio de multidões e agitando bandeiras que lhe são caras, como a do antissemistismo – Doug é judeu e diz que foi Kamala quem o “reconectou com sua fé”. Uma marca registrada é soltar declarações de amor a ela por onde passa. No site oficial da candidata, sua popularidade em rota ascendente se traduz na boa saída de um curioso kit – o combo caneca, poster, camiseta e outros itens com o rosto de Doug (aos 20 anos de idade) chega a 100 dólares. Soa desproporcional, mas na ebulição desenfreada das redes já se fala numa “dougmania” sustentada por um tal fã-clube D-Unit.

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No rol de posts, entre derramados elogios, lê-se: “Finalmente surgiu um modelo para jovens homens, alguém confortável em ver a mulher liderar.” E: “Doug representa um novo tipo de masculinidade, em que o homem está lá para a mulher.” Até o comparam a Travis Kelce, o astro do futebol americano que sempre dá aquela força à namorada Taylor Swift – que, aliás, declarou voto em Kamala.

BLIND DATE, A ORIGEM

Em 22 de agosto, justo o dia da festiva convenção democrata da qual Kamala saiu candidata, Doug e ela completavam dez anos de casados. Prato cheio para reforçar a ideia do matrimônio regado a apoio mútuo inquebrantável. “Feliz aniversário, Dougie. Eu te amo muito”, ela disse sobre o palco, deixando-o com os olhos marejados. O show só se deu por completo depois de ele lhe lançar um beijo que o telão projetou para o mundo.

Os dois se conheceram em 2013, por obra de uma cliente dele que era amiga dela. Foi uma frase de Doug (“Kamala é tão competente e hot”) que teria despertado a ideia de uni-los – ele, já separado, e ela, solteira. Primeiro, o advogado ligou e, sem ser atendido, deixou uma mensagem: “Hey, aqui é o Dooooug.” E desligou. Ele diz que guardou a gravação, que vire e mexe ouve, para reviver aquele frio na barriga do início de tudo.

No dia seguinte, voltou à luta, enviando a Kamala sua agenda dois meses adiante e esclarecendo: “Estou velho para fazer joguinho, eu realmente gosto de você e quero ver se conseguimos fazer funcionar.” Casaram-se um ano depois. Era para ser durante uma viagem à Itália, mas Doug (“de um jeito bem Doug, brincam os amigos) adiantou-se e fez o planejado pedido enquanto ela ainda estava às voltas com os preparativos da mala. Cruzaram então o Atlântico com o enlace já acertado.

Agora, se os planos derem certo, Doug se tornará o primeiríssimo primeiro-cavaleiro da história americana e parece cada vez mais afeito ao papel. Antes dele, apenas Bill Clinton esteve próximo do posto, em 2016, mas Hillary, sua mulher, perdeu a contenda para o mesmo Trump. Àquela época, dizia-se que Clinton estaria tentando emplacar Hillary para conquistar, ele próprio, o poder.

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O espírito de Doug, que estica as vogais à moda californiana, é outro: “Erguer as mulheres para que possam desempenhar papeis importantes é coisa muito masculina”, fala ao seu jeito. O tabuleiro da eleição de novembro segue intrincado, mas uma coisa é certa: Doug anda mexendo muito bem suas peças.

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