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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Temer gargalhou, mas Bolsonaro riu por último

Pesquisas mostram que mesmo depois de ensaiar um golpe, o presidente não perdeu um voto

Por Thomas Traumann
Atualizado em 18 set 2021, 12h39 - Publicado em 18 set 2021, 12h38

Existe uma minissérie na Netflix chamada “How to get away with murder” na qual a soberba Viola Davis interpreta uma professora de Direito que ensina a seus alunos como defender acusados de homicídio. Como seria previsível, a própria professora e seus alunos terminam envolvidos em um assassinato e precisam usar seus conhecimentos para se livrar da cadeia (como acontece em geral, as primeiras temporadas são boas e depois o roteiro se perde). Nas últimas duas semanas, Jair Bolsonaro deu um master class de como se safar depois de ameaçar um golpe de Estado.

Jair Bolsonaro deu dois passos à frente e um atrás. Recuou, mas seguiu avançando. Depois de organizar no 7 de Setembro as maiores manifestações pró-ditadura em 50 anos, Bolsonaro descobriu que não tem, neste momento, força popular ou organização militar para intervir no Supremo Tribunal Federal. Ele foi no limite, apenas para voltar atrás à frente de onde estava antes.

Se Bolsonaro não tem hoje força para um golpe, as oposições igualmente não têm como defenestrá-lo do terceiro andar do Palácio do Planalto, não importa o que ele faça. Nos dias 8 e 9 de setembro, se não havia ainda uma maioria, estava se formando um movimento inédito pró-impeachment.

Os discursos duros dos ministros do STF Luiz Fux e Roberto Barroso, as movimentações de Gilberto Kassab e partes minoritárias do PSDB e MDB, a queda violenta das bolsas e as reações públicas de repúdio de líderes do PIB apontavam para uma pressão que o presidente da Câmara, Arthur Lira, não suportaria muito tempo.

O ex-presidente Michel Temer foi o inocente útil que interrompeu por ora o movimento do impeachment. Passada uma semana da conversa entre Temer e Bolsonaro, ainda há mais dúvidas do que certezas sobre o acordo que fez o atual presidente baixar o tom por alguns dias. Sabe-se que foi Bolsonaro quem telefonou no dia 8 à noite para Temer, mas que antes mesmo da ligação o ex-presidente já havia conversado sobre uma possibilidade de trégua com os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

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A conversa pessoal no gabinete presidencial no dia 9 foi presenciada apenas por Carlos Bolsonaro, que deixou a sala quando Temer colocou Bolsonaro para conversar por telefone com Moraes. Na versão do Palácio do Planalto e do STF, este telefonema teria sido rápido e encerrado com a típica frase bolsonarista de que “nossas divergências são porque eu sou Palmeiras e você, Corinthians”. Segundo Temer, a conversa durou 15 minutos, o suficiente para muito mais do que constatações futebolísticas.

Deslumbrado com o acordo que manteve Bolsonaro quieto, Temer passou uma semana contando mais vantagem do que torcedor do Flamengo, para permanecer nas analogias da bola. Na terça-feira, um dos seus assessores aloprados divulgou vídeo de um jantar na casa do milionário Nagi Nahas na qual Temer e outros políticos e empresários paulistas riam às gargalhadas de um imitador de Bolsonaro. Na sátira, Bolsonaro era apresentado como um imbecil e Temer com um salvador da Pátria.

A cereja do bolo foi quando Temer telefonou a Bolsonaro para se desculpar pela divulgação do vídeo. “Estou acostumado”, teria dito o presidente. Temer gargalhou ao ver a imitação de Bolsonaro como um mentecapto, mas foi Bolsonaro quem riu por último.

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Graças a Temer, a articulação da elite empresarial e política pelo impeachment morreu. No domingo, a falta de público nos atos anti-bolsonaristas convocados pelo Movimento Brasil Livre apenas comprovaram que só existem dois políticos capazes de encher as ruas brasileiros, Bolsonaro e Lula.

Nesta quinta-feira (16/09), a empresa PoderData divulgou pesquisa mostrando que mesmo tendo ensaiado um golpe, chamado um ministro do STF de canalha e incentivado que caminhoneiros bloqueassem as estradas, a popularidade de Bolsonaro não se mexeu: 65% dos brasileiros o consideram um presidente ruim e 29% o aprovam. Bolsonaro fez do 7 de Setembro um grande happening para os seus fanáticos, o Ustrapalooza na comparação do sociólogo Celso Rocha de Barros.

Dois dias depois, o presidente fingiu que nada havia acontecido, assinou uma carta de recuo da qual a única sincera é o nome e a data e saiu ileso. Nem na Netflix se viu algo parecido.

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