Imagine, cara leitora, caro leitor, que o Brasil fosse presidido por uma samambaia. Sim, a planta de longas folhas verdes que ornam vasos por todo o País. Ok, sei que samambaias não são elegíveis, mas façamos de conta pelo curto tempo que você gastará lendo esse texto.
Samambaias, por exemplo, não falam. Embora muitos compartilhem seus segredos com as plantas, não há notícia de que elas tenham respondido as dúvidas ou seguido a carreira de coach.
Por não falar, um presidente samambaia não colocaria em risco a imunização contra a Covid atacando gratuitamente a China, país responsável por oito de cada dez vacinas aplicadas no Brasil. Uma samambaia não acusaria o presidente dos Estados Unidos de ter ganho a eleição com fraude, bem como evitaria comentários infantis sobre a Argentina, Alemanha e a França. Com uma samambaia no Planalto, portanto, o Brasil melhoria rapidamente suas relações com o resto do mundo.
Além de não gerar intriga com a China, o silêncio da samambaia ajudaria a não gerar conflitos com os cientistas, ministros do Supremo, governadores e prefeitos. Sob a direção de uma samambaia, os dirigentes poderiam se sentar e coordenar uma ação nacional de vacinação.
Samambaias gostam de sol, mas não de se mexer muito. Um presidente de samambaia não andaria por aí promovendo aglomerações e incentivando o desperdício de papel com uma eleição com cédulas.
É um erro, no entanto, imaginar que um presidente samambaia não teria posição firme. Por sua origem, um presidente samambaia nunca nomearia um ministro do Meio Ambiente que protegesse madeiros ilegais e incentivasse o desmatamento.
Você nunca verá um presidente samambaia comendo um churrasco de picanha de boi da raça japonesa wagyu, vendida a R$ 1.799,99 o quilo. Além de não ser carnívora, uma samambaia teria mais respeito com os 15 milhões de famílias de desempregados e os 420 mil mortos por Covid.
Samambaias são melhores que algumas pessoas.