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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Os 40 minutos que podem decidir a eleição

Entrevistas no 'Jornal Nacional' tem mais potencial de influir o voto do que a propaganda de TV

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2022, 12h07 - Publicado em 22 ago 2022, 12h01

A campanha eleitoral chega à TV nesta segunda-feira (22/08) com a entrevista de 40 minutos do presidente Jair Bolsonaro aos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos do Jornal Nacional, o telejornal de maior audiência no país. Na terça-feira (23), o entrevistado será Ciro Gomes. Lula da Silva será na quinta (25) e Simone Tebet na sexta (26). O tempo de duração da entrevista é recorde. Em 2018, os presidenciáveis tiveram 30 minutos de exposição. Em 2014, entre 15 e 18 minutos.

Quarenta minutos na TV aberta são uma eternidade. Reputações já desmoronaram ou explodiram em menos tempo. Uma edição completa padrão do JN, por exemplo, tem uma hora contando os comerciais. São mais de 40 milhões de espectadores e a oportunidade única de os candidatos reforçarem os seus atributos e tentarem mudar a opinião dos eleitores reticentes.

O JN tem um potencial de influência maior que a propaganda política de rádio e TV, que começa na sexta-feira, às 13h. No horário eleitoral, o eleitor sabe que o candidato está em ambiente controlado onde pode falar o que quiser. Em uma entrevista, assim como num debate, o candidato está fora da zona de conforto. Na bancada do JN, o candidato será questionado e terá de medir o tom da resposta. Ele não estará num cercadinho de apoiadores e nem poderá se levantar quando não gostar de uma pergunta.

Jogando fora de casa e com tantos riscos, Bolsonaro e Lula teriam em tese mais a ganhar com um empate. A recomendação padrão de um marqueteiro seria por uma atuação moderada, defendendo o que consideram méritos de seus governos e acenando para os eleitores indecisos. Políticos, no entanto, não são previsíveis.

Em agosto de 2018, Bolsonaro fez piada sobre o fato de Bonner ter um salário maior do que o da colega Renata Vasconcellos. À época, a resposta foi uma lacração de Bolsonaro e reforçou seu estilo direito. Quatro anos, com o eleitorado feminino majoritariamente contrário à reeleição, um gracejo desses lhe custaria mais votos entre as mulheres.

A tensão se dá também pela relação ruim de Bolsonaro e Lula com a Globo. Ambos se dizem perseguidos pela emissora. O presidente já ameaçou cassar a renovação da concessão da TV, que se encerra em outubro. Lula disse que só dá entrevistas ao vivo para a Globo e que espera “desculpas” pela cobertura da Lava-Jato. A repulsa à Globo é dos poucos temas que une a militância mais aguerrida dos dois candidatos.

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