Uma sina dos ministros da Fazenda é o “plano B”, a opção que o presidente tem de manter na mesma equipe ministerial como um possível substituto. Pedro Malan conviveu anos com a oposição interna de José Serra, Pérsio Arida e Luiz Carlos Mendonça de Barros no primeiro governo FHC. Antonio Palocci sofria com os colegas José Dirceu e Dilma Rousseff. Paulo Guedes era fustigado por Rogério Marinho, com apoio dos militares. O fantasma do futuro ministro Fernando Haddad é Aloizio Mercadante.
Indicado presidente do BNDES, Mercadante montou uma diretoria com três ex-ministros da gestão Dilma: Nelson Barbosa (Fazenda e Planejamento), Tereza Campelo (Desenvolvimento Social) e Luíz Navarro (CGU); e três ex-executivos: Alexandre Abreu, (ex-Banco Original), Natalia Dias (ex-Standard Bank Brasil) e Luciana Costa (ex-presidente da subsidiária da Natixis). Tanto do ponto de vista de mercado, como de administração pública é uma equipe mais parruda que a montada por Haddad no Ministério da Fazenda.
Mercadante anunciou a equipe num convescote com empresários do grupo Esfera para tentar reduzir os danos dos seus anos de ministro da Casa Civil. Prometeu não mudar as regras da Taxa de Longo Prazo (TLP), a medida das linhas de crédito do BNDES de IPCA e mais 5,23% ao ano, e não usar recursos do Tesouro Nacional para alavancar os empréstimos. “Não vamos trazer o BNDES do passado. Não tem espaço fiscal no orçamento, temos que buscar novas fontes de financiamento. Tem muitos recursos lá fora”, disse, citando especificamente os recursos para projetos de ESG.
“Tem um certo problema entre Brasília e a Faria Lima, parece que falam idiomas diferentes. Eu trouxe três tradutores que são presidentes de banco para ajudar no diálogo e na interpretação. Estamos buscando as mesmas coisas para o país: gerar emprego, uma economia verde, reindustrializar o país”, disse Mercadante.
É um discurso de campanha. Economista com ideias públicas sobre o papel do Estado na economia, Mercadante será um ministro paralelo à gestão de Fernando Haddad.