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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O peso da idade

Oposição vai copiar tática republicana de criticar a falta de vitalidade de Biden para atingir Lula

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2024, 15h07 - Publicado em 1 jul 2024, 11h29

A performance desastrosa do presidente norte-americano Joe Biden no debate contra Donald Trump, na quinta-feira, 27, terá reflexos indiretos na política brasileira. Ao invés de afastar as dúvidas sobre a sua vitalidade para suportar um novo mandato, Biden, de 81 anos, as reforçou. A fragilidade física, dificuldade de concatenar frases e a confusão de raciocínio apresentadas no debate pelo presidente deram uma vitória por W.O. a Trump, apesar da montanha de argumentos para não votar no candidato do Partido Republicano.

Como dois e dois são quatro, a direita brasileira vai copiar dos republicanos a tática de atacar seu adversário pela idade, e assim fugir de temas como a tentativa de desrespeitar os resultados das urnas tanto lá quanto aqui. No sábado, o presidente do PL, Ciro Nogueira, postou no antigo Twitter uma provocação mesclando Biden com Lula. “Cada vez que fala, presidente Biden da Silva, como o outro, o Brasil se espanta e não reconhece quem um dia vc foi”. É só o início.

Aos 78 anos, Luiz Inácio Lula da Silva já é o presidente mais velho da história do Brasil e repetidas vezes descartou as dúvidas sobre sua idade como uma bravata: “Tenho 78, com energia de 40 e tesão de 20”. Dias atrás, falando à rádio CBN, corrigiu o entrevistador que disse que ele teria 81 anos na eleição de 2026. “Terei 80”, disse. De fato, o segundo turno das eleições de 2026 deve ocorrer em 25 de outubro, exatos dois dias antes de o presidente completar 81 anos. A precisão de Lula é reveladora da sua preocupação com o tema.

(Antes de decidir pela reeleição) vou ter que medir meu estado de saúde, minha resistência física, porque quero ter responsabilidade com o Brasil”, disse o presidente à CBN.

Ao contrário de Biden, Lula é ativo. Faz musculação cinco vezes por semana, parou de fumar há doze anos e reduziu o consumo de bebidas alcoólicas. Dorme e acorda cedo e seu ritmo de trabalho só passa de oito horas quando está em viagem. Em janeiro, o presidente passou por um check-up no Hospital Sírio-Libânes, em São Paulo, e os resultados foram considerados normais para a idade.

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Em outubro do ano passado, Lula foi submetido a uma exitosa cirurgia de quadril, adiada desde antes das eleições. “Durante o processo da campanha, naquela cena que vocês me viam pulando no carro de som, vocês não sabem a dor que eu sentia. Mas eu pulava porque era preciso animar as pessoas. Eu queria operar logo depois das eleições, mas eu disse, se eu operar agora, vocês vão dizer ‘o Lula está velho, ganhou as eleições e já está internado'”, contou. Para evitar passar a imagem de fragilidade, o presidente proibiu que a Secretaria de Comunicação divulgasse imagens dele de muleta e andador durante a recuperação da cirurgia.

Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, é provável que em 2026 Lula enfrente um adversário mais jovem. No dia do segundo turno de 2026, Tarcísio de Freitas terá 51 anos, Romeu Zema, 61 (completa 62 anos dias depois) e Ratinho Junior, 45. Apenas Ronaldo Caiado, 76, nasceu na primeira metade do século passado.

Se vencer e cumprir todo um eventual quarto mandato, Lula chegará em 2030 com 85 anos. É esperado, portanto, que o debate sobre a vitalidade do presidente se intensifique, mantendo a nova tradição de que a política no Brasil é igual a dos Estados Unidos com dois anos de atraso.

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