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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O ministro que falta a Lula

No seu primeiro mês, o presidente recupera a bola, lança e chuta para o gol

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 fev 2023, 12h25

O governo Lula tem 37 ministros, mas falta um: o do Vai dar Merda, a famosa sugestão de Chico Buarque de haver um assessor que dissesse ao presidente quando não fazer alguma coisa.

Lula é um comunicador nato, mas como fala muito, também erra muito. Ao atacar o presidente do BC na TV, Lula jogou com as armas de campanha política um debate da economia. Jair Bolsonaro fazia a mesma coisa, mas como ele mesmo se orgulhava da sua ignorância econômica, parte do que dizia era ignorado até que Paulo Guedes confirmasse. Com Lula, um presidente centralizador e autoconfiante, isso não existe. Tudo que ele fala, é levado ao pé da letra.

Lula ouve pouca gente e decide cada vez mais sozinho. O núcleo duro do governo tem os ministros Rui Costa, 60 anos, Fernando Haddad, com a mesma idade e Alexandre Padilha, 51, a deputada Gleisi Hoffmann, 57, e Jaques Wagner, de 71, e Janja Lula da Silva, com 57. Haddad e Padilha têm se esmerado em tentar atenuar as repercussões das falas de Lula, enquanto Hoffmann tem usado as declarações para engajar a militância petista.

Deste núcleo duro, apenas Wagner é da mesma geração de fundadores do PT que Lula. Os demais, como o próprio Lula disse uma vez, entraram no PT quando ele já havia perdido duas eleições presidenciais. Wagner intencionalmente quer distância do dia a dia do governo. Nos primeiros governos, pelo contrário, Lula estava acompanhado de outros fundadores do PT (José Dirceu, Luiz Gushiken, Luiz Dulci, Gil Carvalho, Olívio Dutra, etc.), que o conheciam muito antes de ele virar um mito.

Nos primeiros governos, Lula deixava a briga para os auxiliares. Dirceu criou a expressão “herança maldita” para se referir aos governos FHC, o vice José Alencar reclamava dos juros altos, o chanceler Celso Amorim batia de frente com a Casa Branca e Dilma Rousseff reclamava do ajuste fiscal. Isso permitiu a Lula permanecer acima das divergências e atuar como um árbitro. Esse esquema que deu certo nos primeiros governos foi abandonado. Agora Lula volta para recuperar a bola na defesa, faz o lançamento e chuta para o gol.

A falta de alguém que diga ‘não faça isso, vai dar merda’ é o maior defeito deste primeiro mês de governo.

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