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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

O luto bolsonarista

Pesquisa de grupo mostra misto de revolta e resignação de eleitores com a condenação do ex-presidente

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2025, 10h16 - Publicado em 5 out 2025, 10h12

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de estado deixou seus eleitores num processo de luto, em que a derrota do líder é sentida com um misto de revolta e resignação, revela uma análise inédita do Projeto Plaza Pública

Conduzida em setembro, durante e depois do julgamento do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal, a pesquisa reuniu eleitores de várias tendências em dois grupos focais e 15 entrevistas em profundidade para compreender para onde vai o eleitorado bolsonarista. A decantação desses sentimentos ainda confusos e contraditórios de orfandade será fundamental para saber o quanto a vontade de Jair Bolsonaro será decisiva para manter o grupo unido na eleição do ano que vem.

“É um processo em que a vítima, no sentido simbólico, não está morta, mas na UTI. Alguns dos entes queridos, mais funcionais, estão se desfazendo de algumas peças dessa vítima. Outros ainda resistem a aceitar o fato”, compara o psicólogo Eduardo Sincofsky,  diretor do Projeto Plaza Publica.

As conversas com os eleitores bolsonaristas sugerem dois perfis de bolsonaristas, os viscerais e os pragmáticos. O primeiro grupo ressalta a fidelidade ao ex-presidente. O segundo, a necessidade de vencer as eleições em 2026. Para o eleitor radicalizado, não há dúvidas: “o que Bolsonaro disser, faremos”, disse um entrevistado.  Hoje, este eleitor está mais inclinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro como herdeira do ex-presidente. 

O eleitor mais pragmático prefere o governador Tarcísio de Freitas. Entre os argumentos estão frases como “é mais fácil eleger o  Tarcísio”, “ele não é tão ortodoxo como o Bolsonaro” ou “não conheço outra pessoa melhor que ele para tirar a esquerda do poder”.  

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Ambos os grupos concordam que houve perseguição no processo, que Bolsonaro foi condenado sem provas e que as penas são excessivas. Nesse raciocínio, um eventual indulto a Bolsonaro seria um ato de Justiça. Mas se todos concordam que o processo do STF  teve viés, eles se dividem quanto ao respeito à sentença. O grupo moderado acredita que “precisamos de uma sociedade com respeito às leis”. O mais radical, acredita que pelo fato de ser um processo de perseguição, o STF precisa ser combatido e questionado. 

A pesquisa traça os arquétipos dos eventuais herdeiros de Bolsonaro. Tarcísio é visto como o “gestor” e sofre de profundo desconhecimento fora de São Paulo e Rio. É vinculado a uma personalidade tranquila, ponderada e, por isso mesmo, gera afetos “mornos”. Não gera entusiasmo, nem paixões. Sua proximidade de Bolsonaro pode distanciá-lo da ideia de equilíbrio, mas esse perfil mais calmo o ajuda a transitar com o eleitor desencantado com a intransigência do ex-presidente.  A presença de Tarcísio junto ao presidente Lula em eventos ajuda na construção de um perfil político menos radical. Tarcísio, sugere a pesquisa, tem um caminho a construir. 

“O seu posicionamento a favor do indulto e dizer que não confia na justiça gera uma reação dividida. Para os moderados ele passou de um limite, mas ainda lhe dão crédito pelo seu capital simbólico de ser visto como um ‘técnico’. Para os bolsonaristas de extrema direita é um aval necessário, mas ficam na dúvida se ele fez isso por jogo político”, explica Sincofsky.

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As conversas mostram que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro carrega o “fardo de ser a esposa”, sem uma luz própria, uma “sombra” do marido. O sobrenome Bolsonaro é o seu motor e obstáculo.

Para os indecisos de direita, ela é reconhecida como uma pessoa de fé que manteve a tranquilidade quando questionada e atacada. Michelle atrai o bolsonarismo radicalizado e mulheres de fé, mas gera sentimentos dúbios entre os indecisos. A sua eventual candidatura gera dúvidas: quais são suas propostas, ideias, planos?  As conversas sugerem que ela tem enorme potencial emocional, embora seja mais polarizante.

Um consenso nas entrevistas é o repúdio ao comportamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro. A sua ação a favor das sanções americanas contra o Brasil provocou irritação e rejeição. Algumas das frases ditas sobre ele foram “desnecessário o que está fazendo”, “é uma imbecilidade”, “está decepcionando até os seus eleitores dele” e  “a imagem de patriota se quebrou”, “um garoto mimado, nunca enfrentou a vida” e “se preocupa apenas com seu pai”.

Como o destino judicial de Bolsonaro não foi concluído _ ainda existem recursos no STF e uma possibilidade de redução das penas pelo Congresso_ o luto dos bolsonaristas está em processamento. “Uma decisão dele pelo candidato A ou B terá força. Para alguns, será um imperativo categórico. Para outros, a aceitação vai depender de quem for escolhido”, diz Sincofsky.

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