O efeito tóxico de Trump sobre os Bolsonaros

Pesquisa da Futura no Estado de São Paulo divulgada nesta quinta-feira (24) contabiliza o efeito tóxico de Donald Trump sobre a popularidade de Jair, Michelle e Eduardo Bolsonaro. Em dois meses, a vantagem de Bolsonaro em São Paulo sobre o presidente Lula da Silva caiu mais de 7 pontos percentuais e a de Michele, 8 pontos. Os números do governador Tarcísio de Freitas permanecem estáveis.

Em maio, o ex-presidente Jair Bolsonaro mantinha uma vantagem sobre o presidente Lula em uma simulação de segundo turno de 17,8 pontos percentuais. Depois do anúncio das tarifas de Trump, a diferença caiu para 10,3 pontos percentuais (47,4% ante 37,1%). No caso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a diferença caiu de 16,8 pontos percentuais para 8,8 pontos percentuais. Segundo a Futura, Eduardo Bolsonaro perderia na vírgula para Lula em São Paulo por 34,4% as 38,8%.

A vantagem de Tarcísio de Freitas sobre Lula no Estado de São Paulo oscilou na margem de erro de 22,6 pontos percentuais para 20,7 pontos percentuais.

Com quase um terço das exportações brasileiras para os EUA, São Paulo será o estado mais atingido pelas sanções de Trump, anunciadas depois do esforço de Eduardo Bolsonaro para que a Casa Branca obrigue o Supremo Tribunal Federal a anular o julgamento do pai. Produtores de suco de laranja, café, autopeças e a Embraer podem perder até US$ 6,4 bilhões em exportação com a ação de Eduardo Bolsonaro. Nesta semana, o governo de São Paulo anunciou uma linha de crédito de ICMS de R$ 200 milhões para atenuar as perdas.

Segundo a pesquisa, 86,7% dos paulistas sabem das tarifas americanas, 71,4% condenam a ação de Trump e 53,5% defendem que o STF mantenha o julgamento de Bolsonaro. Quase 70% dos paulistas acham que Bolsonaro sera condenado, segundo o levantamento.

“A queda das intenções de votos do ex-presidente Bolsonaro está diretamente ligada às tarifas de Trump. Aparentemente, o governador Tarcísio não foi afetado nem nas intenções de voto, nem na avaliação de governo”, disse José Luiz Orrico, diretor da Futura.

De acordo com a pesquisa, entre maio e julho a reprovação do presidente Lula no Estado caiu de 60,8% para 52,9%, enquanto a do Supremo Tribunal Federal foi de 55,9% para 46,5%. A avaliação dos paulistas sobre o Congresso ficou estável, oscilando de 53% para 49,3%.

Com 22% do eleitorado do Brasil, o Estado de São Paulo é uma fortaleza do antipetismo. O PT só venceu as eleições presidenciais no Estado no segundo turno de 2002, mas em 2022 a derrota foi baixa para os padrões históricos (45% a 55%). Em votos, Lula venceu Bolsonaro e voltou à Presidência por ter vencido na cidade de São Paulo e reduzido a desvantagem no Estado. A chance da oposição derrotar Lula em 2026 passa obrigatoriamente por ter obter uma grande vantagem no Estado São Paulo para compensar as vitórias históricas do PT no Nordeste.

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