Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Thomas Traumann

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

Lula busca um Centrão do B

Com maioria do Senado e boa vontade no STF, Planalto tenta ampliar aliança para acordos pontuais na Câmara

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 Maio 2024, 00h06 - Publicado em 5 jun 2023, 09h50

A quase derrota do governo na burocrática medida provisória de reorganização ministerial empurrou os presidentes Lula da Silva e Arthur Lira para um choque de realidade. Nem Lula tem mais as facilidades de ter uma coalização governista sólida à base de indicação de ministros, como foi entre 2003-10, nem Lira terá o poder de decidir como quiser a liberação de emendas, como ocorreu entre 2021 e 22, no governo Bolsonaro. A reacomodação deve adiar um conflito aberto entre os dois. Por enquanto.

Lula quer contornar o poder de Lira criando um “Centrão do B”, negociando cargos e emendas com outros líderes para votações pontuais na Câmara. O presidente disse repetidas vezes ao ministro nesta semana que Lira “boicota” o governo e que nenhum acordo conseguiria saciar a ambição do presidente da Câmara.

Ao mesmo tempo que vai procurar interlocutores alternativos a Lira na Câmara, Lula quer consolidar seu acordo com o Senado. Se tiver o presidente Rodrigo Pacheco como novo melhor amigo, Lula acredita que aborta a possibilidade de pautas-bomba na Câmara. Como tem notória simpatia no Supremo Tribunal Federal, Lula ganharia a partir de eventual acordo no Senado a possibilidade de forçar Lira contra a parede.

Em reação, Lira instiga o líder do PT, José Guimarães, a tomar o lugar de Alexandre Padilha, acusa o ministro da Justiça, Flávio Dino, de jogar a Polícia Federal contra ele e ameaça não colocar para votar a agenda do governo. Em duas semanas, por exemplo, perdem a validade as medidas provisórias que recriam o programa habitacional Minha Casa Minha Vida e o de saúde Mais Médicos.

O plano de Lula pode dar certo, mas para isso precisa de um empenho do presidente e de uma delegação de poder aos ministros Padilha e Rui Costa que ainda não se viu nesses cinco meses de governo. Lula seguidamente mostra pouca paciência para o ramerrame das conversas políticas. Na quarta-feira dia 30, o dia decisivo da MP dos Ministérios, ele primeiro se encontrou por duas horas e meia com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, falou por telefone com o papa Francisco, autorizou o ministro das Relações Exteriores a marcar uma visita a Paris na última semana de junho e, só depois, foi se dedicar a resolver o imbróglio da votação na Câmara.

Continua após a publicidade

Pelo cronograma de Lula, ao longo de junho a Casa Civil e o Ministério das Relações Institucionais vão acelerar a liberação (e não só o empenho) das emendas e distribuir os 250 cargos de segundo escalão abertos nos ministérios. Lula acredita que até o recesso de julho será possível para a ministra Daniela do Waguinho deixar o União Brasil, ir para o Republicanos e permanecer no governo como representante desse partido. Além disso, acha que até lá Elmar Nascimento vai fazer com que o União Brasil referende o seu representante no governo. Para o PP pode ser aberto um ministério ou estatais.

Ministérios dão prestígio, mas desde o primeiro governo Dilma Rousseff não asseguram votos na Câmara. É óbvio que os partidos querem cargos no governo. O Republicanos, por exemplo, já deu seu preço para esquecer o passado bolsonarista e apoiar Lula: um ministério, uma vice-presidência da Caixa e a direção dos Correios. Mas a prática mostra que não há uma correlação direta. PSD, MDB e União têm nove ministérios. Numa conta otimista, o governo tem hoje apoio de 90 dos 155 deputados das três legendas. Na pessimista, 60.

O que importa na hora de contar votos é (1) quem define quais deputados vão receber (2) quanto de emendas. Existem no orçamento deste ano R$ 9,8 bilhões das antigas emendas do orçamento secreto para serem compartilhadas entre os deputados federais, mas até agora o governo Lula não mostrou nem habilidade nem rapidez na distribuição. É otimismo achar que a partir deste mês de junho será diferente.

Na quinta-feira de manhã, horas depois da aprovação da MP dos Ministérios, Lula comparou sua articulação política ao seu time, o Corinthians, que na noite anterior se classificara na Copa do Brasil. A graça guarda uma verdade. Assim como o governo, o Corinthians vinha de oito partidas sem ganhar, com a torcida reclamando do técnico, a vitória suada apareceu de um gol inesperado e a classificação só foi confirmada depois da disputa por pênaltis. Foi um sufoco. Classificado na Copa do Brasil, o Corinthians parece ter entrado numa nova fase, mas já no domingo perdeu de novo e segue a um ponto da zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.