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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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49% dos brasileiros veem o Brasil na direção errada e 43% no rumo certo

Os números da pesquisa Genial/Quaest são preocupantes para o governo, mas, mais do um alerta, eles trazem uma lição

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2024, 08h22 - Publicado em 25 out 2023, 07h00

A queda na aprovação do governo Lula detectada na última pesquisa Genial/Quaest, de 60% para 54%, está correlacionada com pessimismo na economia. Para 49% dos entrevistados, o Brasil está na direção errada, enquanto 43% acham que o rumo está certo. Em junho, a maioria estava otimista: 46% a 41%. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste/Norte, há mais brasileiros pessimistas com o caminho do país do que otimistas.

47% dos entrevistados acham que a inflação vai subir, ante 35% em junho. 40% acham que o desemprego também vai subir e 33% temem que terão redução de salário. De acordo com a pesquisa, 57% acham que subiram os preços das contas de casa, 43% viram alta nos combustíveis e 42% notaram alta no custos da comida.

Desde agosto, a perspectiva de que a economia vai melhorar caiu de 59% para 50%, enquanto a de que pode piorar subiu de 22% para 28%. 33% acham que a economia melhorou nos últimos doze meses, empate técnico com os 32% que consideram que piorou.

Os números são preocupantes para o governo, mas mais do um alerta eles trazem uma lição. Lula estreou o mandato sob o risco de um golpe de Estado e, sob a perspectiva de uma recessão no fim do ano, tomou uma série de medidas: concedeu aumento real ao salário mínimo, isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 2.600, multiplicou os bônus no Bolsa Família, iniciou o programa de renegociação de dívidas chamado Desenrola e jogou o seu poder político para fazer aprovar no Congresso o novo marco fiscal e a reforma tributária na Câmara dos Deputados, votações que permitiram a queda no dólar e o início no ciclo de cortes dos juros. Foi ajudado pela safra recorde de alimentos, que derrubou a inflação, e da boa vontade do mercado financeiro com o ministro Fernando Haddad. E daí, Lula parou.

Nem cenário otimista, a pesquisa pode servir para acordar o governo. Num pessimista, para dobrar a aposta em mais barulho na comunicação e menos gestos efetivos para falar com as preocupações dos brasileiros.

Desde agosto, o governo Lula joga de lado, como um time que está ganhando o jogo e quer gastar o tempo. Nada de relevante foi votado no Congresso e os programas governamentais _ do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) ao Minha Casa Minha Vida _ são um amontoado de promessas sem argamassa. Lula se enfurnou nos debates mundiais _ do G20 à Guerra em Gaza_, mas pouca ou nenhuma atenção deu aos problemas brasileiros, das vítimas das enchentes na região Sul à fumaça que intoxica os moradores de Manaus. Lula virou um presidente ausente, presente nos posts das redes socais, mas longe do cotidiano de gente de verdade.

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