Sol Saks (1910-2011)
O produtor e roteirista, criador da série “A Feiticeira“, faleceu no último sábado, dia 16 de abril, aos 100 anos de idade, segundo informou o Hollywood Reporter. Nascido no dia 13 de dezembro de 1910, em Nova Iorque, Saks foi criado em Chicago. Formado em jornalismo, mudou-se para Los Angeles em 1948, onde iniciou uma […]

O produtor e roteirista, criador da série “A Feiticeira“, faleceu no último sábado, dia 16 de abril, aos 100 anos de idade, segundo informou o Hollywood Reporter.
Nascido no dia 13 de dezembro de 1910, em Nova Iorque, Saks foi criado em Chicago. Formado em jornalismo, mudou-se para Los Angeles em 1948, onde iniciou uma carreira no rádio. Passando de repórter a escritor, Saks trabalhou com alguns programas radiofônicos que fizeram sucesso em sua época. Entre eles, “Duffy’s Tavern”, que tinha em seu elenco Sandra Gould, atriz que interpretaria a personagem da Sra. Kravitz na fase colorida de “A Feiticeira”.
Saks escreveu roteiros para “My Favorite Husband”, série radiofônica que seria adaptada por Bob Carroll, Jr., Madelyn Pugh e Jess Oppenheimer para a TV com o título de “I Love Lucy”. A versão original de “My Favorite Husband”, da forma como foi concebida, chegaria à TV em 1953, estrelada por Joan Caulfield e Barry Nelson. Na história, George Cooper é um banqueiro casado com Liz, uma socialite que adora o glamour.
Em 1957, Saks começou a escrever roteiros para a série de TV “Mr. Adams and Eve”, estrelada pelo casal na vida real Howard Duff e Ida Lupino. A produção teve apenas uma temporada, mas foi responsável por manter o roteirista na TV. Depois de passar por alguns teleteatros, Saks chegou em “A Feiticeira”.
Ele escreveu apenas um episódio para a série, justamente o piloto, que introduz o conceito e apresenta os personagens. Produzida pela Screen Gems entre 1964 e 1972, a série “A Feiticeira” apresenta a vida de Samantha Stevens (Elizabeth Montgomery), uma bruxinha que se casa com um mortal (Dick Your/Dick Sargent), contrariando a vontade de sua mãe, Endora (Agnes Moorehead), que passa a dedicar toda sua atenção e magia para destruir o casamento da filha.
Depois de escrever o roteiro do piloto, Saks afastou-se da produção. Em seu lugar entrou Danny Arnold (1925-1995), que teria sido responsável por criar vários personagens coadjuvantes, os quais foram surgindo ao longo da primeira temporada, entre eles, os casais Kravitz e Tate. A produção da série, desde o princípio, era de Harry Ackerman (1912-1991) e William Asher.
Segundo Ackerman no livro “Bewitched Forever“, as normas do Sindicato dos Roteiristas estabelecem como criador de uma série o(s) roteirista(s) do episódio piloto. Assim, a Screem Gems deu a Saks os créditos de criador de “A Feiticeira”. Ser considerado o criador dá ao roteirista sua parte nos lucros da série, tendo ou não escrito outros episódios, estando ou não ligado à produção do programa.
Por isso, ao longo dos anos, Ackerman, que na época era assalariado da Screem Gems, lutou para ser recompensado financeiramente por “A Feiticeira”, afirmando ter sido ele a criar a série, com base em uma sugestão de William Dozier (Batman). Somente após o projeto ter sido desenvolvido é que Saks teria sido contratado para escrever o roteiro do piloto.

Agnes Moorehead, Elizabeth Montgomery e Dick York em “A Feiticeira”. Cliquem na imagem para ampliar.
Em 1999, em depoimento ao programa “E! True Hollywood Story: Bewitched”, Saks declarou ter criado “A Feiticeira” inspirado nos filmes “Casei-me com uma Feiticeira/I Married a Witch”, de 1942, e “Sortilégio de Amor/Bell, Book and Candle”, de 1958.
Seja como for, ‘reza a lenda’ que Tammy Grimmes teria sido escolhida para o papel de Samantha, mas a atriz estava estrelando uma peça e, por isso, a produção da série teria que esperar. A Screem Gems não concordou com o atraso na produção e escolheu Elizabeth Montgomery para substituir Tammy.
Na época, a atriz era casada com o produtor William Asher, que tinha desenvolvido o projeto de “The Fun Couple”. A história apresentava um jovem casal de classes sociais diferentes enfrentando os problemas diários e a oposição da mãe da jovem ao casamento. Apresentado à Screem Gems, esta considerou o projeto muito parecido com um outro que estava sendo desenvolvido pela produtora. Assim, decidiram unir os profissionais envolvidos, mantendo o tema de uma bruxa casando com um mortal.
Depois de “A Feiticeira”, Saks atuou como consultor de roteiros para a rede CBS e deu aulas na California State University e na Pepperdine University. Ele também escreveu artigos para jornais e revistas, bem como peças de teatro, entre elas: “The Beginning”, “Middle and End” e “Soft Remembrance”.
O único roteiro que escreveu para o cinema foi “Devagar, Não Corra/Walk, Don’t Run”, de 1966, último filme de Cary Grant antes de se aposentar. O filme seria um remake de “Original Pecado/The More the Merrier”, de 1943, escrito por Robert Russell e Frank Ross.
Em 1985, Saks publicou o livro “Funny Business: The Craft of Comedy Writing“, no qual dá dicas de como escrever roteiros para sitcoms, além de falar sobre sua carreira.
Saks foi casado com Anne Chaddock, com quem teve dois filhos: Mary Laurie Spivey e Daniel Saks. Anne faleceu em 1972. Mais tarde, o roteirista se casou com Sandra Wagner.