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Review – ‘Love Child’ – 1ª Temporada

Entre fevereiro e abril, o canal australiano Nine exibiu a primeira temporada de Love Child, melodrama criado por Sarah Lambert, que foi originalmente anunciado como minissérie. Situada na década de 1960, a história se propõe a apresentar os problemas pessoais e as barreiras sociais enfrentadas por grávidas solteiras (a maioria adolescente) forçadas pelos pais e pelo governo […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 03h59 - Publicado em 27 abr 2014, 16h29
Joan e

Joan e o Dr. Patrick

Entre fevereiro e abril, o canal australiano Nine exibiu a primeira temporada de Love Child, melodrama criado por Sarah Lambert, que foi originalmente anunciado como minissérie. Situada na década de 1960, a história se propõe a apresentar os problemas pessoais e as barreiras sociais enfrentadas por grávidas solteiras (a maioria adolescente) forçadas pelos pais e pelo governo a entregar seus filhos para adoção.

Os oito episódios produzidos geraram uma das melhores audiências do canal nos últimos anos para uma série australiana. Registrando a média de 1.46 milhão de telespectadores, ao vivo, Love Child foi renovada para sua segunda temporada, que estreia em 2015.

A série traz uma visão romantizada da realidade, embora mantenha a seriedade do tema. Dentro de sua proposta, ela consegue oferecer boas situações e personagens que seguram a trama.

O texto abaixo pode conter pequenos spoilers.

Em 1969, em plena revolução cultural e sexual, a sociedade australiana ainda não está preparada para aceitar os filhos bastardos de mães adolescentes ou adúlteras. Os pais (e o governo) forçam suas filhas grávidas a entregarem seu bebê para adoção. Neste meio tempo, para que a jovem ‘não fique falada’, ela é enviada a instituições, como a Stanton House, que recebem essas mulheres e cuidam delas durante a gravidez, providenciando também o parto e a adoção.

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(E-D) Viv, Patricia e Martha

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Este é o caso das adolescentes Viv Maquire (Sophie Hensser), Patricia Saunders (Harriet Dyer), Annie Carmichael (Gracie Gilbert) e Martha Tenant (Miranda Tapsell). Na casa também vive Shirley Ryan (Ella Scott Lynch), uma socialite de origem russa casada com um soldado que está em missão no Vietnã. Durante a ausência do marido, ela conheceu Johnny Lowry (Ryan Corr), um hippie, de quem ficou grávida. Embora ele esteja interessado em se casar com ela e assumir a paternidade da criança, Shirley decide ficar com a segurança de seu casamento e entregar o bebê para adoção.

Viv é uma adolescente esperta que tem sede de vida. Tudo para ela é algo a ser explorado e vivido em sua intensidade. Quando fica grávida do namorado, ela é dopada pelos pais que a levam inconsciente à Stanton House. Assustada e não conseguindo acreditar na atitude dos pais, ela leva algum tempo para se acostumar à ideia de que não controla mais seu presente ou seu futuro. Assim que se adapta à sua nova situação, ela se torna uma ‘má influência’ para as demais meninas. Rompendo regras, criando oportunidades de explorar a cidade e conhecer pessoas, Viv vai aos poucos mudando os hábitos e opiniões daqueles que a cercam.

Patricia é uma jovem ingênua da alta sociedade de uma cidade do interior que fica grávida do noivo. Ainda acreditando que ele irá resgatá-la da situação em que se encontra, ela mantém uma atitude condescendente aos problemas das demais. Aos poucos, Patricia vai fazendo amizade com Martha, uma faxineira que ficou grávida do patrão e foi para a Stanton House por vontade própria. Martha não luta contra as regras e não nutre o sonho de ficar com o filho. Tudo o que ela quer é a chance de pegá-lo no colo e de escolher o casal que ficará com seu bebê.

Annie é uma jovem que, ciente de sua situação, tenta não se apegar ao bebê que carrega ou fazer amizade com as demais meninas que moram na casa. Mantendo distância de tudo, ela conta os dias em que poderá voltar para sua vida. Mas é justamente ela que provoca uma situação que irá conduzir a trama ao longo da primeira temporada. Depois que volta para casa, Annie percebe ter mudado. Não conseguindo mais se encaixar no ambiente em que foi criada, ela dá um jeito de voltar para Sydney e pedir seu bebê de volta. Annie acredita que poderá criar sua filha. Para tanto, arranja um emprego e consegue a ajuda de pessoas interessadas em seu caso.

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(E-D) Frances e Annie

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Entre elas está a parteira Joan Miller (Jessica Marais, de Magic City), que trabalha no hospital agregado à Stanton House. Tendo vivido um tempo em Londres, onde teve um relacionamento que não terminou bem, Joan decide voltar a viver em Sydney, onde conhece o Dr. Patrick McNaughton (Jonathan LaPaglia, de The Slap), chefe da obstetrícia. Embora casado, ele se interessa por Joan, romântica e profissionalmente. Apesar de ter opiniões contrárias às dela, ele a incentiva a enfrentar as resistências daqueles que a cercam e a lutar por um diploma em medicina.

Questionar o sistema de adoção e exigir que mudanças sejam feitas para acomodar o bem estar e os interesses das jovens mães se torna uma luta pessoal para Joan. Embora a Stanton House tenha como missão acolher e cuidar das jovens que passam por lá, ela mantém regras rígidas e impessoais no tratamento dessas mulheres.

A casa é administrada com mão de ferro por Frances Bolton (Mandy McElhinney), uma mulher amarga, que segue à risca as regras e suas obrigações, acreditando estar ajudando as jovens que estão sob seus cuidados. Ela própria já passou por esta situação e, embora saiba quais sejam as consequências emocionais deste processo, ela ajuda o governo e a sociedade a mantê-lo.

Vivendo como se estivessem em um internato, as adolescentes são obrigadas a trabalhar até o último mês de gravidez na lavanderia do hospital, onde passam horas em pé em um lugar abafado. Submetidas ao toque de recolher e sem direito ao lazer (nem mesmo uma televisão), elas buscam formas de burlar as regras e tornar sua estadia mais agradável.

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Apesar da boa intenção da série, ela ameniza a realidade vivida por muitas mulheres da época. A situação das mães solteiras e das parteiras era muito mais cruel e impessoal que aquela mostrada na história. Na série, Joan se torna uma espécie de Dom Quixote, lutando pelos direitos das jovens que ela atende e com quem faz amizade. Ela se impõe e enfrenta seus superiores, dando ordens a médicos e enfermeiras, embora sua posição no hospital não lhe permita esta atitude. Na realidade, as parteiras eram tão maltratadas quanto as mães adolescentes. Por exercerem uma função menor que a das enfermeiras, elas eram o degrau mais baixo na hierarquia do hospital. Com isso, não conseguiam acesso ao processo de adoção ou mesmo contato com o bebê após seu nascimento (que eram entregues aos cuidados das enfermeiras).

Já a realidade das adolescentes grávidas era mais próxima a uma prisão que um internato. Em entrevistas à imprensa australiana, algumas mulheres que viveram esta situação disseram que era comum a polícia invadir a casa onde uma adolescente grávida morava e retirá-la à força para levá-la a uma instituição que cuidava de mães solteiras. Lá, elas eram dopadas para assinar o consentimento de adoção e forçadas a trabalhar na lavanderia até o dia em que o bebê nascia. Neste meio tempo, elas eram proibidas de sair na rua ou manter contato com qualquer pessoa que fizesse parte do mundo lá fora, seja pessoalmente, por carta ou por telefone.

A série mostra adolescentes sorridentes, que encontram uma forma de se divertir e aproveitar o tempo em que estão na Stanton House para fazer amizades mas, na realidade, elas eram jovens solitárias e depressivas que se sentiam como se tivessem sido condenadas à morte, sem receberem qualquer assistência psicológica e emocional.

O governo australiano permitiu o sequestro de menores de idade e a adoção forçada de seus filhos, seja através de médicos, enfermeiras, assistentes sociais, agências de adoção ou representantes de instituições religiosas, entre as décadas de 1940 e 1980. Tratadas como criminosas, elas eram privadas de qualquer apoio legal. Os pais dos bebês eram considerados corruptores de menores e aos casais adotivos lhes eram dadas certidões de nascimento nas quais constavam seus nomes como pais biológicos do bebê. Em 2010, o governo fez um pedido oficial de desculpas às vítimas (mães e filhos) deste procedimento. Em março de 2013, o Parlamento Federal da Austrália oficializou o pedido de desculpas do governo.

Love Child já foi adquirida pelo canal GNT para exibição no Brasil. Uma data de estreia ainda não foi anunciada. Enquanto isso, a primeira temporada está disponível em DVD no mercado internacional.

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Estrelas2.5

 

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