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Nova Temporada

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Review – ‘Halt and Catch Fire’, primeira temporada

Em junho, o canal AMC estreou sua nova série de época. Halt and Catch Fire é descrita pelo canal como uma ‘Mad Men do mundo das novas tecnologias’. Embora não consiga se colocar no mesmo nível, Halt and Catch Fire consegue oferecer algumas situações interessantes (especialmente no final da temporada). Basicamente, a série é uma produção que […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 17h24 - Publicado em 7 set 2014, 18h02
(E-D) Gordon e Joe (Fotos: AMC)

(E-D) Gordon e Joe (Fotos: AMC)

Em junho, o canal AMC estreou sua nova série de época. Halt and Catch Fire é descrita pelo canal como uma ‘Mad Men do mundo das novas tecnologias’. Embora não consiga se colocar no mesmo nível, Halt and Catch Fire consegue oferecer algumas situações interessantes (especialmente no final da temporada).

Basicamente, a série é uma produção que faz uma ode (e por vezes uma crítica) ao empreendedorismo. A luta do pequeno para se tornar grande. Pela forma como os personagens foram construídos, a série poderia ser situada em qualquer universo que não faria diferença, eles continuariam os mesmos. Isto porque os personagens são basicamente um retrato do espírito americano, pelo qual qualquer um tem a chance de se tornar um sucesso se tiver ambição e coragem de mergulhar fundo em seus objetivos.

Os diálogos (basicamente o uso das terminologias) e os objetos de cena são o que melhor definem o ambiente escolhido pelos produtores. Entre os personagens, a que mais se aproxima do universo no qual está inserida é Cameron (Mackenzie Davis), a programadora de computadores que reflete a ambição e a visão daqueles que entravam neste meio por sonhar com um futuro no qual as novas tecnologias poderiam fazer parte da vida da sociedade. No entanto, a trajetória que deram para ela não retrata sua época.

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Cameron

Cameron

O texto traz descrição dos personagens que podem ser consideradas por alguns como spoilers. 

A série gira em torno de três personagens centrais: Joe (Lee Pace, de Pushing Daisies) é o empreendedor que deseja o sucesso, mas não sabe o que fazer com ele quando o alcança (a luta se torna mais excitante que a conquista). Utilizando meios questionáveis, ele não se detém com os obstáculos, manipulando pessoas e situações para conquistar seus objetivos. Gordon (Scoot McNairy) é o empreendedor que, por ter falhado tantas vezes antes, tem medo de voltar a se arriscar, precisando de um empurrão para dar seus primeiros passos. Uma vez que está no caminho, não sabe como se controlar. Cameron é a empreendedora que acredita no potencial e na qualidade do produto com o qual trabalha, transformando o sucesso financeiro em uma consequência e não seu principal objetivo. Confundindo relações pessoais com as profissionais, ela tem dificuldades de separar os dois mundos.

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A hisória é situada no início da década de 1980, época em que o mercado das novas tecnologias estava dando os primeiros passos para definir sua identidade. Até a década de 1970, o mercado da informática era dominado por computadores empresariais, que ocupavam grandes espaços nas salas e custavam uma fortuna, tornando-se proibitivos para o uso de pequenas empresas. No final da década de 1960 começaram a surgir protótipos dos computadores domésticos, que se tornaram artigo de luxo na década de 1970. A partir de 1977 as empresas começaram a popularizar esses computadores, que se estabeleceriam ao longo da década de 1980.

A história tem início no ano de 1983, quando os computadores domésticos ainda eram considerados uma novidade. Joe MacMillan é um funcionário da IBM, onde atua no setor de vendas. Razões pessoais o levam a deixar a empresa e a buscar trabalho na pequena Cardiff Electric, no Texas, que vende software. Lá ele forma parceria com Gordon Clark, um técnico de computadores que Joe conheceu quando leu um artigo escrito por ele. Desde então, ele vem martelando em sua cabeça a ideia de transformar o mercado oferecendo um produto capaz de competir com a IBM, a Apple ou a Commodore (que faliu em 1994).

John Bosworth

John Bosworth

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A genialidade de Gordon não foi suficiente para levá-lo às altas rodas do meio que habita. Sua instabilidade emocional e sua insegurança, que o levam a perder o controle quando está sob pressão, fazem com que ele se mantenha em sua rotina de vida.

Gordon é casado com Donna (Kerry Bishé), uma técnica em computadores que trabalha na gigante Texas Instruments. Donna é a ‘mulher-maravilha’ desta primeira temporada. Cabe a ela manter o casamento, controlar a casa e as filhas, lidar com os problemas de seu local de trabalho, controlar, dar apoio, dar conselhos e salvar o marido toda vez que ele (ou as pessoas com quem ele trabalha) mete os pés pelas mãos. Seu único defeito é acreditar em alguém que prova não merecer sua confiança, o que acaba refletindo no trabalho de Gordon.

Joe e Gordon dependem de Cameron, uma mulher com comportamento infantil. Apresentada como um gênio dos computadores, Cameron é vista por Joe como a representante do futuro. Apaixonada pelas novas tecnologias, ela se recusa a fazer parte do sistema empresarial. É Joe que a convence a fazer parte da equipe. Acreditando que terá a oportunidade de tornar seus sonhos em realidade, Cameron, como a maioria dos programadores, percebe que o futuro dos computadores é a inteligência artificial e as redes de conexão. As máquinas precisam de uma personalidade e ela não aceita nada menos que isso.

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Com aparência de modelo, Cameron utiliza o sexo para compensar sua insegurança e solidão, mantendo uma dependência afetiva com Joe, embora saiba que ele não está apaixonado por ela. Ela não busca amizades e tem dificuldades de receber ordens. No trabalho, as coisas precisam ser feitas à sua maneira, menos que isso é tratado por ela como insignificante. A personagem foi construída com a ideia que o Século XXI tem da mulher da década de 1980. Ela representa a visão idealizada da heroína que enfrenta o mundo masculino utilizando as mesmas armas e postura e sendo aceita. E visto que ela é dotada da visão que temos hoje sobre a indústria da informática, Cameron não tem como errar.

Ao longo da primeira temporada acompanhamos os trabalhos de Joe, Gordon e Cameron em Cardiff, empresa que está sob o comando de John Bosworth (Toby Huss, de Carnivàle). Este é outro representante do empreededorismo americano. Nos EUA, é muito comum os investidores apostarem nos trabalhos das pequenas empresas (afinal, não se sabe de onde virá a mais nova importante descoberta que irá revolucionar o mercado financeiro), razão pela qual John acredita em Joe e em sua visão de futuro. Mesmo quando tudo vai mal e o dinheiro está acabando, ele continua apostando, a ponto de arriscar a estabilidade financeira da empresa e sua liberdade.

Donna Clark

Donna Clark

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Nesta primeira temporada, o personagem mais interessante de acompanhar é o de Gordon, que faz uma trajetória de extremos. Vivendo uma existência pacata e sem grandes perspectivas de futuro, lutando para pagar suas contas e manter as graças da esposa, entrando e saindo da depressão e buscando apoio na bebida, Gordon acaba se rendendo e mergulhando no sonho de criar o computador do futuro (um clone do computador da IBM, mais rápido e com preço acessível).

Alcançar seus objetivos poderá lhe trazer a estabilidade financeira que merece e precisa, mas a principal razão pela qual ele se dedica de corpo e alma ao projeto é a necessidade que tem de apagar os erros do passado e provar para os outros que ele é capaz. Nesta busca, Gordon chega à beira de um ataque de nervos, que quase acaba com seu casamento e com sua sanidade.

Os dois últimos episódios da primeira temporada são mais interessantes de assistir que os primeiros oito, apesar da pressa dos roteiristas em tratar diversas situações, que mereciam um acabamento melhor. Neles vemos o tema da segunda temporada (já aprovada) se formando.

Temos Gordon entrando em uma situação que exigirá dele estabilidade emocional e, ao mesmo tempo, uma postura visionária; Cameron abandonando suas dependências afetivas e investindo no potencial dos computadores enquanto veículo; Donna acreditando em sua capacidade de vencer neste meio dominado pelos homens; e Joe se dando conta que, embora se apresente como um visionário, não tem ideia do potencial que o ambiente no qual está inserido é capaz de oferecer. Após passar uma temporada inteira tentando alcançar o futuro, Joe percebe que o futuro está mais próximo e acessível do que imagina, e ele pode não fazer parte desta revolução cultural.

A série não chega a ser uma produção que seduz (personagens e situações não ultrapassam o nível do clichê), levando o telespectador a se forçar a assistir os primeiros episódios para pegar o ritmo dos personagens e do ambiente (especialmente para aqueles que não fazem parte deste universo). Para quem gosta de informática, Halt and Catch Fire pode servir como uma referência nostálgica de uma época ou uma curiosidade sobre os primórdios de um mercado.

Estrelas2.5

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