Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Nova Temporada

Por Fernanda Furquim Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
Continua após publicidade

Produtor e atores relembram ‘The Wire’

Na última sexta-feira, dia 17 de outubro, David Simon, criador e produtor de The Wire, se reuniu com alguns dos atores que fizeram parte do elenco desta série que é considerada por muitos críticos e veículos (eu incluindo), como uma das melhores séries de todos os tempos já produzida nos EUA (pelo menos até o […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 02h50 - Publicado em 18 out 2014, 16h56

S1TW-CartazNa última sexta-feira, dia 17 de outubro, David Simon, criador e produtor de The Wire, se reuniu com alguns dos atores que fizeram parte do elenco desta série que é considerada por muitos críticos e veículos (eu incluindo), como uma das melhores séries de todos os tempos já produzida nos EUA (pelo menos até o momento).

O encontro ocorreu em um painel realizado no Paley Center for Media de Nova Iorque. Este é o antigo Museu da Televisão e do Rádio que foi rebatizado em 2007 com o nome que faz homenagem a William S. Paley, imigrante judeu ucraniano que criou a rádio e TV CBS, responsável por definir o modelo de negócios utilizado até hoje pelos canais americanos.

Entre os atores que se fizeram presentes estavam Wendell Pierce, Michael K. Williams, Sonja Sohn, Seth Gilliam, Jim True-Frost, John Doman, Tristan Wilds, Lawrence Gilliard Jr., e Jamie Hector, bem como a produtora Nina Noble que, ao longo de quase duas horas, relembraram momentos e revelaram curiosidades de bastidores, discutindo o legado de The Wire, exibida no Brasil pela HBO com o título de A Escuta. Os atores Idris Elba e Dominic West não puderam comparecer, mas enviaram mensagens em vídeo.

O que começou como ‘mais uma série policial’, se transformou em uma das mais complexas séries que tem como personagem central uma cidade. Aqui, os problemas dos personagens não são tratados como questões pessoais, mas sociais, econômicas e políticas. O que estas pessoas fazem com suas vidas e o que elas deixam para trás depois que morrem formam a personalidade de Baltimore. Aqui não existem recompensas às ideologias, nem heroísmos, altruísmo ou respostas para os problemas morais apresentados. Também não há psicopatas ou perdedores irrecuperáveis que precisam ser eliminados ou que irão dominar o mundo em que estão inseridos. O que a série oferece é um elenco de personagens complexos que são fortemente influenciados pelo meio em que vivem.

The Wire explorou uma forma diferente de contar uma história. Mantendo o mesmo tema, a série mudava de foco a cada temporada. Com novos protagonistas, mas mantendo parte do elenco de personagens da temporada anterior como coadjuvante (alguns morriam, deixando a história), The Wire praticamente oferecia uma nova série a cada temporada. Sem se apoiar em resumos da semana anterior (seja em clipes, seja no texto do episódio), sem construir o roteiro de forma a cada episódio ter um clímax, e sem se sentir na obrigação de dar sequência imediata a uma situação introduzida em um episódio (por vezes levava-se vários episódios para a situação ter um desdobramento), Simon tinha como objetivo abordar diferentes facetas da mesma cidade. Juntas, cada temporada representa uma característica da personalidade complexa da cidade.

Continua após a publicidade

Na primeira, temos o trabalho da polícia contra o tráfico de drogas; na segunda, a relação da sociedade com o tráfico; na terceira, a política do governo no combate ao tráfico; na quarta temos a ação do sistema educacional na prevenção e combate às drogas dentro das escolas; e na quinta, a relação dos meios de comunicação no combate ao tráfico.

Na época, a série se transformou em matéria acadêmica, mas nunca recebeu um Emmy (sequer uma indicação de melhor produção) ou foi paparicada pela mídia (embora tenha recebido o apoio da crítica). Passados doze anos de sua estreia, The Wire é mais conhecida agora que na época em que foi produzida.

Desde o início, a HBO não via The Wire como uma grande produção que atrairia público e mídia. Na verdade, Simon nunca ofereceu séries com uma abordagem popular ou superficial. Sua postura sempre foi a de não comprometer o conteúdo de uma série em favor de um estúdio/canal, um diretor, um ator ou mesmo o público.

TW16

Wendell Pierce e Dominic West em cena de ‘The Wire’ (Fotos: HBO/Arquivo)

Continua após a publicidade

Segundo o produtor durante o painel do Paley Center, naquela época a HBO trocaria de bom grado uma série com conteúdo controverso por uma produção que atraísse uma grande audiência. Mesmo tendo apostado em Simon, acreditando que The Wire conseguiria render frutos no futuro, o canal cobrava do produtor uma abordagem mais popular. Vale lembrar que, neste mesmo período, a HBO exibia A Família Soprano e Sex and the City, duas produções mais populares, que conseguiram conquistar a crítica, o público e a mídia, tanto em âmbito doméstico quanto internacional.

The Wire nunca foi renovada com antecedência. Ao contrário, segundo Simon, o canal esperava até que o contrato dos atores expirasse para começar a negociar com os produtores uma nova rodada de episódios. Assim, cada temporada era tratada como a última. Simon chegou a cogitar uma temporada voltada para a questão dos imigrantes mas, tendo em vista a dificuldade que tinha a cada ano de convencer a HBO a renovar a série, ele acabou descartando o tema, que o obrigaria a gastar muito tempo em pesquisas e exigiria um domínio da língua espanhola.

Em 2000, após ter ganho o Emmy de melhor minissérie por The Corner, Simon e Ed Burns criaram The Wire, inspirada nas dificuldades do primeiro, um ex-jornalista policial, e do segundo, um ex-detetive da polícia, de realizar seus respectivos trabalhos na cidade de Baltimore. Ela foi oferecida ao canal HBO que, a princípio, não ficou muito animado com a ideia de incluir uma série policial em sua grade de programação original. Com o objetivo de oferecer programas diferenciados daqueles exibidos pela rede aberta, uma série que perpetuaria o gênero (tradicionalmente tratado com uma narrativa procedural) não estava nos planos do canal.

Levou mais de um ano para Simon e Burns convencer a HBO de que The Wire reformularia o gênero, escapando da abordagem tradicional. Relutantes, os executivos do canal encomendaram a primeira temporada, composta de treze episódios, a qual iniciou suas filmagens em novembro de 2001. Temendo que a série fosse rechaçada pela crítica, o canal ofereceu os quatro primeiros episódios de The Wire para avaliação dos jornalistas antes da estreia na TV em 2002, acreditando que apenas o piloto não conseguiria passar a mensagem e a proposta da série.

Continua após a publicidade

O canal ficou mais aliviado quando a resposta da crítica foi positiva e, embora o público tenha levado mais tempo para abraçá-la, ela foi renovada para sua segunda temporada. Mas ao entrar em seu segundo ano, a série mudou de foco, o que confundiu alguns executivos e também atores. Muitos que tinham protagonizado a primeira temporada passaram a ser tratados como coadjuvantes ou recorrentes. Alguns deles, como Seth Gilliam e Domenick Lombardozzi, sentiram-se desvalorizados, chegando ao ponto de ameaçarem deixar a produção caso não fossem melhor aproveitados. Com o tempo, o elenco foi entendo a proposta e valorizando o trabalho que estava sendo feito.

sdf

Sonja Sohn

No painel, Sonja, a intérprete da detetive Kima, disse que descobriu por acaso que sua personagem seria morta ao final da primeira temporada. Esta era de fato a intenção de Simon, que aproveitou o painel para explicar a razão pela qual não avisava os atores com antecedência sobre a morte de seus personagens. Ele disse ter recebido do produtor Tom Fontana (Borgia) um conselho: nunca deixe o ator saber que vai sair da série porque senão ele atuará cada cena como se fosse a última. Mas Kima foi salva por Cheryl Strauss, uma das executivas da HBO da época, que convenceu Simon a manter a personagem viva. Ela foi uma das sortudas do elenco, visto que a morte de personagens era uma constante na história.

Ganhando prêmios e prestígio da comunidade artística, The Wire sofreu um revés quando entrou na terceira temporada. A HBO transferiu a exibição da série da Summer Season para a Fall Season.

Continua após a publicidade

Nos EUA, a Summer Season é o período de férias escolares, levando a rede aberta a registrar uma baixa audiência nesta época do ano. Justamente por isso, ele é utilizado pelos canais da TV a cabo para a estreia de boa parte de sua programação, pois assim evita a concorrência direta com as séries da rede aberta, que estreiam na Fall Season. Ao transferir The Wire para setembro, o canal perdeu boa parte de sua audiência neste horário. The Wire enfrentou a concorrência direta com Desperate Housewives, dramédia da rede ABC que estreou no mesmo ano.

A queda de público levou Simon a cogitar uma spinoff política, que seria centrada no personagem de Aiden Gillen. O ator interpretava Tommy Carcetti, o prefeito de Baltimore. Simon chegou a escrever os primeiros roteiros e apresentar o projeto para a HBO, que o recusou por considerar que a spinoff também teria baixa audiência.

A partir da terceira temporada, a renovação da série se tornou uma luta para Simon e Burns. Mas a audiência pode não ter sido a única razão pela qual The Wire encerrou sua produção com a quinta temporada. Segundo Simon, eles enfrentavam a animosidade do governador de Maryland, que reduziu os incentivos fiscais, os quais favoreciam sua produção.

A contínua receptividade crítica garantiu que The Wire chegasse à quinta e última temporada, a qual teve menos episódios que as demais. É esta receptividade que levou o canal a tomar a decisão de remasterizar a série em HD. A princípio, este processo está sendo feito para que The Wire seja exibida novamente na TV, em data ainda a ser definida. Mas a expectativa é a de que em breve seja anunciado o lançamento da série completa em Blu-Ray. No Brasil, The Wire nunca saiu em DVD, os fãs são obrigados a importar o box.

Continua após a publicidade

Abaixo, vídeo com uma parte do painel de The Wire disponibilizado pelo Yahoo.

Cliquem nas fotos para ampliar.

https://screen.yahoo.com/paleyfest-ny-wire-reunion-190000457.html?format=embed

#gallery-1 {
margin: auto;
}
#gallery-1 .gallery-item {
float: left;
margin-top: 10px;
text-align: center;
width: 20%;
}
#gallery-1 img {
border: 2px solid #cfcfcf;
}
#gallery-1 .gallery-caption {
margin-left: 0;
}
/* see gallery_shortcode() in wp-includes/media.php */

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.