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Nova Temporada

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Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.

Opinião: O Primeiro Episódio de A Cura

A rede Globo estreou ontem à noite a sua nova minissérie, que tem como objetivo explorar um tema que vem provando ser de interesse do público brasileiro: o espiritismo, que abrange questões como vida após a morte, a reencarnação e a cura espiritual. Em uma época em que as novelas vêm perdendo significativamente sua audiência, […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 14h35 - Publicado em 11 ago 2010, 12h40

A rede Globo estreou ontem à noite a sua nova minissérie, que tem como objetivo explorar um tema que vem provando ser de interesse do público brasileiro: o espiritismo, que abrange questões como vida após a morte, a reencarnação e a cura espiritual.

Em uma época em que as novelas vêm perdendo significativamente sua audiência, as produções desse formato que já exploraram o tema conseguiram atrair uma boa audiência. Como se não bastasse, o filme sobre a vida do médium Chico Xavier atraiu cerca de três milhões de pessoas nas primeiras semanas de exibição nos cinemas. Por isso, não é surpresa que uma minissérie siga esse caminho.

A história propõe levar o público a acompanhar o dilema de Dimas (Selton Mello), um jovem inseguro sobre seus próprios sentimentos e intenções. Alguém que cresceu sendo acusado pela morte de um amigo e que agora precisa provar a si mesmo, e aos que conhecem seu passado, que ele se tornou uma pessoa útil à sociedade. Assim, Dimas retorna à sua cidade natal, atraindo para si o julgamento moral pelo qual seus pais tentaram evitar que ele passasse. Ninguém o quer por perto, nem mesmo sua mãe, que, embora esteja feliz por rever o filho, sofre antecipadamente pelos problemas que ele enfrentará.

A proposta da minissérie é interessante. Mesclar drama psicológico com um mistério para narrar uma história que explora o tema espírita. Mas, com apenas oito episódios, a produção corre o risco de se tornar um desafio muito grande para seus autores João Emanuel Carneiro (da novela “A Favorita”) e Marcos Bernstein (dos filmes “Central do Brasil” e “Chico Xavier”). Desenvolver um roteiro com personagens trazendo uma bagagem histórica que irá interferir no tempo presente, e situações que narram duas tramas paralelas, em uma produção de curta duração, não é tarefa simples.

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No caso de “A Cura”, a minissérie teve um início que deixou a desejar. O roteiro do primeiro episódio revelou problemas de desenvolvimento de trama e diálogos que prejudicaram o estabelecimento da situação e dos personagens. A abordagem não conseguiu escapar do formato novela: com diálogos didáticos e redundantes, somos rapidamente introduzidos a um universo que não gera credibilidade.

Iniciando no Século XVIII, a história apresenta o antepassado de Dimas, um garimpeiro chamado Silvério, que enriquece à base de assassinatos. Logo em seguida somos levados ao tempo presente no qual, nos próximos dez ou quinze minutos, o enredo, o histórico dos personagens e a relação que existe entre eles são explicados ao público, através de um telefonema da fofoqueira de plantão, seguido do diálogo entre mãe e filho, entre patrão e empregado e entre dois namoradinhos de infância que se reencontram. Pouco depois, o diálogo entre Dimas e Edelweiss dá conta de explicar o que ainda faltava ser dito para introduzir o público à situação.

A excessiva explicação do enredo e do histórico dos personagens tira do público a tarefa e o prazer de descobrir quem eles são, o que pensam e quais são seus objetivos na trama. Trata-se da famosa expressão: ‘o descascar da cebola, camada por camada’.  Houve também uma certa pressa em se chegar logo ao tema principal, faltando estabelecer melhor o ambiente e os personagens da cidade antes de introduzir um ‘forasteiro’ que irá abalar as vidas e as opiniões de quem mora lá.

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O tema é delicado, explora a fé enquanto desafia o lado racional de um público. Por isso mesmo, necessita ter como apoio bases sólidas, bem construídas para que, quando a situação ocorrer, ela possa ser aceita como a realidade vivida por aqueles personagens, tornando-se um drama pessoal que valha a pena acompanhar.

A TV a cabo dos EUA está vivendo seu melhor momento desde que iniciou sua produção. É ela que está elevando a qualidade e credibilidade dos seriados americanos, os quais influenciam a produção desse formato no Brasil. É bem verdade que lá fora se produz muito mais que no Brasil. Mas o fato da TV a cabo brasileira ter uma produção de dramaturgia bem menor que a da TV aberta obriga esta a suprir a necessidade que a televisão tem de evoluir qualitativamente.

A produção seriada brasileira precisa urgentemente desassociar-se das novelas, reconhecendo o fato de que são dois formatos narrativos e estéticos diferenciados. Estamos vivendo em uma época na qual, queiram ou  não queiram, a TV internacional está estabelecendo uma nova referência à dramaturgia televisiva. O Brasil precisa diversificar a produção televisiva, explorando outras formas de teledramaturgia que não se restrinjam às novelas e aos humorísticos. É necessário investir nos seriados, nos telefilmes e nas produções animadas…desde que não levem a narrativa das novelas para esses formatos.

Fernanda Furquim: @Fer_Furquim

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