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Nova Temporada

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Nova Série – Boardwalk Empire Traz a Máfia de Volta à TV

A HBO americana estreia no dia 19 de setembro a aguardada produção de Martin Scorsese, que faz sua estreia nas séries de televisão. No Brasil, a série estreia no dia 17 de outubro, às 21h10, pela HBO Brasil. “Boardwalk Empire”, criada por Terence Winter, um dos roteiristas de “A Família Soprano”, tem como base o […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 18h20 - Publicado em 16 set 2010, 16h24

A HBO americana estreia no dia 19 de setembro a aguardada produção de Martin Scorsese, que faz sua estreia nas séries de televisão. No Brasil, a série estreia no dia 17 de outubro, às 21h10, pela HBO Brasil.

“Boardwalk Empire”, criada por Terence Winter, um dos roteiristas de “A Família Soprano”, tem como base o livro “Boardwalk Empire: The Birth, High Times, and Corruption of Atlantic City”, de Nelson Johnson, advogado e historiador que vive na cidade.

A produção também tem como apoio de pesquisa os livros “The Great Illusion: An Informal History of Prohibition”, de Herbert Asbury; “Ragtime”, de E. L. Doctorow, e “Last Call: The Rise and Fall of Prohibition”, de Daniel Okrent, além de matérias de jornais e revistas da época. Uma das preocupações dos roteiristas foi a de estabelecer hábitos e costumes, bem como expressões utilizadas nesse período. Segundo eles, as pesquisas revelaram que o uso do telefone, por exemplo, ainda não era comum. Por isso, muitos sentiam-se desconfortáveis por falar ao telefone, sem saber ao certo o que dizer para quem estava do outro lado da linha.

A despeito das reservas que parte de um público possa ter com o trabalho de Scorsese, a série traz um tema que está em moda, bandido que é o herói da história. Além disso, tem como base situações e personagens verídicos, que ajudam a dar credibilidade à série e ao desenvolvimento da trama. Desde que, é claro, a liberdade criativa não interfira na lógica da história ou do comportamento de personagens.

Desde a década de 1950 a máfia vem dando lucro à televisão. Séries que apresentam gângsters, seja como coadjuvantes ou figuras centrais, sempre deram boa audiência. A primeira a ‘marcar terreno’ foi “Os Intocáveis”, produção de 1959 a 1963.

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A série seguiu a cartilha de “Alfred Hitchcock Apresenta”, introduzindo criminosos como personagens centrais. Não se enganem com o fato da série ser estrelada por Eliott Ness (Robert Stack) e sua equipe, responsável por enfrentar o poderio da máfia nos anos 30. Quem de fato estrelou boa parte dos episódios produzidos foi o ‘bandido da semana’. Cada história introduzia um novo gângster, apresentando sua situação e os motivos pelos quais estava vivendo do crime. Ness e seus homens, em geral, se faziam presentes para prendê-lo.

Poucos foram os episódios em que Ness, ou membros de seu grupo, atuaram como personagens centrais. Esse foi um dos principais motivos pelos quais a série foi tão atacada. Aliada ao fato de ser muito violenta para a época, “Os Intocáveis” saiu do ar por decisão da produção, que reduziu a quantidade de cenas violentas, afetando a audiência. Mesmo assim, seu cancelamento se deu por interesses internos e não pela audiência. Leiam mais sobre a série aqui e aqui.

Na mesma época em que foi produzida, surgiram as inevitáveis ‘cópias’, que tentaram explorar o mesmo filão, sem o mesmo resultado. A máfia somente voltaria a integrar o elenco fixo de uma série na década de 80, com a produção de “Histórias do Crime/Crime Story”, reprisada recentemente pelo canal TCM. Produzida por Michael Mann, que vinha do sucesso de “Miami Vice”, série que também explorou o crime organizado, “Histórias do Crime” não fez sucesso, sendo cancelada com apenas duas temporadas.

A tentativa seguinte teve melhor sorte. “O Homem da Máfia/Wiseguy”, produzida entre 1987 e 1990 repercutiu na imprensa e entre o público, embora tenha durado apenas quatro temporadas. A série soube explorar melhor a situação proposta, trazendo estruturas narrativas que foram precursoras.

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Novamente ocorreu a tentativa de explorar o filão, com a produção do remake de “Os Intocáveis”, entre 1993 e 1994. Mas, por essa época, as séries que traziam tramas focadas em histórias de gangues de rua ou cartéis de traficantes latinos já tinham dominado a produção seriada. O poderio da máfia, sua história, sua hierarquia e códigos de conduta somente foram resgatados com a produção de “A Família Soprano”, em 1999. “Boardwalk Empire” é a primeira produção que se arrisca a apresentar a máfia após o sucesso da “Família Soprano”.

O livro do qual a série se originou foi publicado em 2002, mas levou 20 anos para ser escrito. Com uma pesquisa de época, de comportamento e, é claro, de fatos, o autor Nelson Johnson traça a história do crescimento econômico de Atlantic City.

A cidade à beira mar, uma espécie de resort, vivia do turismo. Na virada do Século XX, Atlantic City começou a criar fama como a cidade dos jogos e dos bordéis, graças ao trabalho da máfia que se formou no local, atraída pelo dinheiro fácil gasto pelos turistas. Para que esse ‘paraíso’ pudesse existir foi necessário estabelecer um acordo não oficial entre máfia e políticos, que viam oportunidades de lucro, poder e reeleições. A cidade teve maior crescimento econômico na década de 1920, quando foi imposta a Lei Seca, também conhecida como Período da Proibição.

A Lei Seca surgiu a partir do movimento de grupos como o American Temperance Society, em Boston, que exigiam das autoridades a proibição do consumo de bebidas alcóolicas produzidas em destilarias. Apontada como forte influência no aumento da criminalidade, das mortes por acidente, vandalismos, estupros, violência gratuita, dependência e ruína financeira, a bebida alcóolica tornou-se objeto de um movimento de oposição que cresceu ao longo de uma década.

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Tendo advogado em favor da abolição da escravatura e dos direitos de igualdade entre homens e mulheres, o grupo conseguiu atrair o apoio da sociedade americana. Sob pressão, o Congresso aprovou a Lei Seca em 1920, a despeito do veto do Presidente na época, Woodrow Wilson. A proibição tornou-se vigente em todo o território nacional até o ano de 1933. Produzir, transportar ou consumir bebidas alcóolicas era proibido por lei.

Estatíticas comprovaram que a Lei Seca reduziu a violência e a dependência provocadas pelo consumo de álcool. Mas, por outro lado, promoveu o aumento da criminalidade por parte do tráfico, a corrupção, o poderio da máfia e a violência armada. Com o início do período da Grande Depressão Econômica, a partir da queda da Bolsa em 1929, e outras questões internas, a Lei Seca caiu em desuso, sendo banida quatro anos mais tarde.

Mas, durante o período em que existiu, a Lei Seca deu lucro à máfia, tanto em território nacional quanto internacional. Em Atlantic City, cidade onde a história de “Boardwalk Empire” é situada, a Lei Seca se transformou em uma excelente oportunidade financeira para Enoch Nucky Johnson, um dos três políticos que controlavam a cidade na época, representante do Partido Republicano local. Nucky, como era chamado, mantinha sua fachada de político honesto enquanto fazia parte da máfia que atuava na cidade. Entre suas atividades ilegais, Nucky controlava o transporte de bebidas, o jogo e a prostituição local.

Filho do delegado do condado, Nucky foi eleito para substituir o pai quando seu mandato terminou em 1908. Ele somente deixaria o cargo por ordem judicial em 1911. Mas, a essas alturas, ele já tinha assegurado o cargo de secretário do Partido Republicano de Atlantic City. Quando o chefe político do condado foi julgado e condenado por corrupção, Nucky assumiu seu lugar.

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Controlando uma cidade turística que fornecia a seus visitantes álcool, jogo e sexo, Nucky tornou-se popular ao permitir que as organizações que atuavam nessa área pudessem, também, operar aos domingos, o que na época era proibido. Em troca de uma taxa de proteção, as casas de jogos, bares e prostíbulos tinham a garantia de que não seriam fechadas ou sofreriam batidas policiais. Na área política, Nucky promoveu a ascenção de vários candidatos ao Senado e ao Governo.

O período da Lei Seca foi o apogeu de Atlantic City, situada entre Nova Iorque, Filadélfia e Chicago. Também foi a melhor fase da vida de Nucky que, apesar da proibição, autorizou o transporte, a venda e o  consumo de bebidas no condado, transformando a cidade em uma meca a ser visitada por todos aqueles que desejavam beber livremente.  É a partir desse ponto que a história de “Boardwalk Empire” tem início.

A série tem como figura central a versão ficcional de Enoch Nucky Johnson. Batizado de Enoch Nucky Thompson, o personagem é interpretado por Steve Buscemi. A decisão de alterar o sobrenome do principal personagem foi tomada para que os roteiristas possam ter liberdade de conduzir a história de Nucky de forma independente do que aconteceu na vida real.

A 1ª Guerra Mundial acabou, as mulheres conquistaram o direito ao voto e a radiodifusão tornou-se uma realidade. Nesse ambiente tem início o primeiro episódio da série. A história começa à meia noite do dia 16 de janeiro de 1920, com a efetivação da Lei Seca.  A partir daí, Nucky (Buscemi) assume a posição de principal fornecedor de bebidas alcóolicas para mafiosos que vivem em outros pontos do país, como Lucky Luciano (Vicent Piazza), que tem como um de seus capangas o jovem Al Capone (Stephen Graham), bem como Arnold Rothstein (Michael Stulhbarg) e Big Jim Colosimo (Frank Crudele). Com o apoio de seu irmão, Elias (Shea Whingham), o delegado da cidade, Nucky amplia seu império.

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De volta da Guerra, Jimmy (Michael Pitt), protegido de Nucky, cobra de seu mentor a oportunidade de crescer dentro da organização. Mas o jovem não está disposto a subir degrau por degrau. Assim, resolve criar sua própria rede, estabelecendo contatos diretos com alguns dos sócios de Nucky. Sua conduta atrai a atenção dos agentes federais, em especial de Van Alden (Michael Shannon), que passa a investigar mais a fundo as atividades de Nucky.

Em parelelo, outras histórias são apresentadas, como a de Margareth (Kelly MacDonald), uma mulher casada que sofre abusos físicos do marido. Tentando ajudá-la, Nucky acaba envolvendo-se com ela a despeito de ter uma relação com Lucy (Paz de la Huerta). Tem também Chalky White (Michael Kenneth Williams, de “The Wire”), líder da comunidade afro-americana que luta pelos direitos iguais; Angela (Aleska Paladino), esposa de Jimmy e mãe de seu filho, Tommy; Gillian (Gretchen Mol, de “Life on Mars”, versão americana), uma dançarina de boate; e o Comodoro (Dabney Coleman), mentor de Nucky, entre outros.

Os trabalhos em torno da série tiveram início em 2007, quando a produtora Leverage Management, de Stephen Levinson e Mark Wahlberg, comprou os direitos de adaptação do livro documental de Nelson Johnson. Tendo trabalhado com Scorsese no filme “Os Infiltrados”, de 2006, Wahlberg ofereceu o projeto ao diretor, como uma chance de investir na produção televisiva. Sendo um dos principais roteiristas de “A Família Soprano”, Terence Winter foi convidado a juntar-se à equipe, com a função de descobrir o tipo de série que poderia ser extraída do material disponível.

Após muitas leituras sobre o período e tendo visto muitos filmes produzidos na época, Scorsese e Winter estabeleceram o ambiente, o personagem central e o tipo de abordagem que seria dada à trama. Decidindo por uma narrativa que se divide entre a realidade do período e a estilização da época, a dupla recebeu o aval da HBO para a produção do roteiro do episódio piloto.

O canal, que ainda procura pelos substitutos de “A Família Soprano” e “Sex and the City”, os dois maiores sucessos da história da HBO, aprovou a produção do episódio piloto quando Scorsese manifestou interesse em dirigi-lo. Segundo a imprensa americana, o custo do piloto chegou a 18 milhões de dólares, em vista da construção dos cenários, confecções dos figurinos, contratação de atores, filmagens em externas, taxas e a utilização dos efeitos em CGI (que farão parte de cada episódio, orçados em 5 milhões de dólares cada). Em setembro de 2009 foi anunciada, oficialmente, a decisão de transformar o projeto em série de TV, com a encomenda da primeira temporada com 12 episódios.

A produção irá custar caro para a HBO. Estima-se que o custo da primeira temporada da série gire em torno de 90 milhões de dólares. Entre as séries de TV do canal, apenas “Roma” tinha conseguido chegar a um orçamento astronômico, com cerca de 110 milhões de dólares para sua primeira temporada de 12 episódios, custo dividido com a rede BBC da Inglaterra, co-produtora da série, que entrou com 15 milhões. Lembrando que “Roma” teve duas temporadas com um total de 22 episódios. Já a minissérie “Band of Brothers”, teve um total de 10 episódios e um orçamento de 125 milhões de dólares, custo também dividido com a BBC e com a DreamWorks. Agora, arcando sozinha com o orçamento de “Boardwalk Empire”, a HBO aposta alto, visto que não se sabe quanto tempo a série irá durar ou a receptividade que poderá ter.

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