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Gandolfini, para sempre Tony Soprano

A morte de James Gandolfini esta semana na Itália fez o público lembrar que o sucesso de A Família Soprano/The Sopranos se deve ao carisma e ao talento do ator. Criada em torno de Tony Soprano, a série dependia de alguém que pudesse estabelecer rapidamente seu personagem. Tudo começou em 1995, quando David Chase (Arquivo Confidencial) decidiu […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 18h09 - Publicado em 23 jun 2013, 14h39

“The Sopranos” Press Conference with James Gandolfini, Michael Imperioli and Edie Falco

A morte de James Gandolfini esta semana na Itália fez o público lembrar que o sucesso de A Família Soprano/The Sopranos se deve ao carisma e ao talento do ator. Criada em torno de Tony Soprano, a série dependia de alguém que pudesse estabelecer rapidamente seu personagem.

Tudo começou em 1995, quando David Chase (Arquivo Confidencial) decidiu criar uma série que retratasse a relação que ele tinha com sua própria mãe. Na história, inicialmente concebida como uma comédia/dramédia, Tony seria o chefe da máfia de New Jersey que, ao internar a mãe em um asilo, começa a se sentir culpado por abandoná-la. Na tradição italiana, os filhos cuidam dos pais até o fim da vida. Assim, sua crise de consciência o leva a procurar um terapeuta.

Esta era a ideia central que foi oferecida a diversos canais da rede aberta. Ao ler o enredo, os diretores de programação da época criticavam o fato de que um mafioso precisaria da ajuda de um terapeuta (o filme A Máfia no Divã ainda não tinha sido lançado nos cinemas).

Passando o projeto de canal em canal, Chase conseguiu despertar o interesse da Fox, que encomendou o roteiro do episódio piloto para avaliação. No entanto, o canal, que surgiu para ser mais audacioso em sua programação, chegou à conclusão de que não desejava ter uma série sobre uma família mafiosa em sua grade. Sem opções, Chase se voltou para os canais a cabo.

Nesta época, Oz – a Vida é uma Prisão fazia sucesso junto a crítica. A boa receptividade da comédia The Larry Sanders Show estimulou a HBO a investir em séries dramáticas que pudessem atender seu público acostumado às produções cinematográficas exibidas pelo canal. Assim, o objetivo da HBO era o de oferecer séries com ‘ares’ de cinema. Oz abriu esta porta, incentivando roteiristas e produtores a levarem seus projetos para o canal. Chase foi um deles.

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Acreditando que a proposta de Chase tinha consistência de personagens e enredo, Carolyn Srauss, diretora do departamento de entretenimento do canal na época, levou o projeto para os demais executivos da HBO. A maior preocupação era a de que o público não aceitasse um personagem como Tony. Agora desenvolvida como uma série dramática, a história acompanharia a trajetória de um homem de meia idade que conseguiu conquistar tudo o que queria na vida, mas ainda assim passa pelo inevitável autoquestionamento e pela queda, retratando o perfil dos EUA e da geração baby boomer.

A produção da série dependia da escolha do ator certo para interpretar Tony Soprano, já que sem ele a história não existe. O roteiro, a direção e a estética poderiam ser impecáveis, mas se o ator que desse vida ao protagonista não conseguisse atingir o mesmo nível, A Família Soprano se transformaria em apenas mais uma produção sobre a máfia.

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(E-D) Gandolfini, Steven Van Zandt e Tony Sirico

Entre os atores que disputaram o papel estão Anthony LaPaglia (Without a Trace), Steven Van Zandt (que ficou com o personagem Silvio Dante), Michael Rispoli (que ficou com o personagem Jackie Aprile) e John Ventimiglia (que ficou com Artie Bucco). Ilene Landress, produtora executiva da série, era uma das responsáveis por conduzir os trabalhos em torno dos testes de atores para o papel. Ela já tinha ouvido falar de Gandolfini, conhecido do meio por interpretar bandidos e sujeitos grosseiros. Mas, segundo Landress em entrevistas da época, ela percebeu em sua atuação a sensibilidade necessária para definir o personagem.

Contratar Gandolfini, um nome desconhecido do grande público e com uma aparência que não poderia ser classificada como galã, foi uma grande ousadia do canal. Resumindo, era tudo ou nada. Gandolfini correspondeu às expectativas da HBO e dos produtores. Quando A Família Soprano estreou em 10 de janeiro de 1999, a crítica destacou seu trabalho como referência da qualidade da série. Para o ator, o personagem foi um grande desafio. Inicialmente a carga de trabalho, na qual ele filmava a média de dezesseis horas por dia e decorava diariamente quatro a cinco páginas de diálogos (em que Tony conversa com a terapeuta), fez com que o ator entrasse em pânico diversas vezes.

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Depois que o piloto foi produzido, Chase e os demais produtores e atores ficaram aguardando a decisão da HBO. Enquanto o canal avaliava o resultado para decidir se aprovaria ou não a produção da série, Chase chegou a elaborar o plano B. No caso da HBO decidir não aprovar A Família Soprano, ele imploraria de joelhos para que um segundo episódio pudesse ser produzido com o objetivo de finalizar a situação para que a história pudesse ser exibida como telefilme. O plano B foi descartado quando o canal telefonou ao produtor encomendando mais doze episódios para a primeira temporada.

Com a exibição da série, vieram as indicações a prêmios como Emmy, Golden Globe, WGA Awards e Peabody. A Família Soprano e Sex and the City abriram as portas para a produção seriada da TV a cabo no circuito de prêmios, quando se tornaram as primeiras séries a levar o Emmy (até então, apenas telefilmes e minisséries tinham levado o prêmio). Em 2004, depois de ser indicada três vezes, a série derrotou a favorita The West Wing, que vinha ganhando nesta categoria nos últimos quatro anos.

Em sua história, A Família Soprano ganhou o Emmy de melhor produção apenas duas vezes. Além de The West Wing, a série também perdeu para O Desafio/The Practice24 Horas. Por curiosidade, Joseph, da TNT, foi a primeira minissérie de um canal a cabo a ganhar o Emmy em sua categoria, em 1995; enquanto Da Terra à Lua foi a primeira da HBO a levar o prêmio nesta categoria em 1998.

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Gandolfini e Edie Falco em cena de ‘A Família Soprano’

A série chegou ao fim em 2007, com a exibição de um último episódio que gerou polêmica. Tal qual ocorreu na década de 1960, quando O Prisioneiro apresentou sua conclusão, A Família Soprano encerrou sua trama com uma situação que ficou em aberto, permitindo que o público fizesse sua própria interpretação dos fatos apresentados. Na opinião de Chase, não havia motivos para dar ao público uma explicação ou uma recompensa. Vamos considerar que acompanhar a série já é uma grande recompensa para aqueles que procuram algo de qualidade na TV.

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Nos anos seguintes, muitos alimentaram a esperança de que um dia um filme fosse produzido para que o público pudesse ter uma ideia concreta sobre o que aconteceu com Tony naquela noite em que ele foi jantar com a família. A morte de Gandolfini colocou um ponto final na história.

Nos últimos anos de vida, Gandolfini trabalhou em diversos filmes, geralmente interpretando o coadjuvante, algo que ele dizia preferir. Mas é como Tony Soprano que ele será para sempre lembrado.

Ele deixa em aberto o remake de Criminal Justice. Esta é uma série britânica que foi transformada em minissérie americana pelo canal HBO. O ator chegou a filmar o primeiro episódio, que serviu para avaliação do canal. Ainda não há informações sobre se a HBO pretende dar continuidade a esta produção com outro ator ou se ela será cancelada. Outro projeto no qual Gandolfini estava trabalhando (desta vez apenas como produtor) era Taxi-22, remake de série franco-canadense. Originalmente oferecido para a HBO, que a rejeitou, o projeto foi resgatado pela CBS, que já anunciou que dará continuidade ao seu desenvolvimento para avaliação.

Com a ajuda de pessoas importantes do governo americano, a família de Gandolfini conseguiu acelerar o processo de liberação do corpo do ator para ser trasladado para os EUA. Ele chegará na segunda-feira, dia 24, e será enterrado na quinta-feira, dia 27 de junho.

Em nota divulgada à imprensa, Michael Kobold, amigo e porta voz da família, agradeceu a ajuda do governo americano, em especial a de John Kerry e o Departamento de Estado, bem como aos funcionários do Departamento do Estado italiano, que trabalharam dia e noite para ajudar na liberação do corpo; além do apoio do ex-Presidente Bill Clinton, da ex-Secretária de Estado Hillary  Clinton, da Vice Consulesa Patricia Hill e demais funcionários da Embaixada Americana em Roma. Kobald também estendeu os agradecimentos da família à HBO e à United Airlines.

Cliquem nas fotos para ampliar. 

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