Documentário Apresenta os Pioneiros da Televisão Americana
Esta postagem é um presente para os fãs de séries clássicas! Esta semana foi realizada nos EUA uma coletiva de imprensa do TCA (Television Critics Association) na qual o canal público PBS apresentou sua nova programação. Entre os programas está uma nova edição do documentário “Pioneers of Television”, o qual será dividido em quatro episódios: […]

Esta postagem é um presente para os fãs de séries clássicas! Esta semana foi realizada nos EUA uma coletiva de imprensa do TCA (Television Critics Association) na qual o canal público PBS apresentou sua nova programação. Entre os programas está uma nova edição do documentário “Pioneers of Television”, o qual será dividido em quatro episódios: ficção científica, faroeste, dramas criminais e programas infantis locais, traçando a história desses gêneros na TV americana.
Esse documentário estreou em 2008, apresentando em sua primeira edição quatro segmentos dedicados à sitcom, variety, talk shows e game shows. O documentário consiste em apresentar ao público imagens da época e entrevistas atuais com pessoas que fizeram parte do início da história da televisão americana.
Para divulgar a nova edição do programa, que será apresentado por Kelsey Grammer, de “Frasier”, o canal convidou cinco atores: Nichelle Nichols, de “Jornada nas Estrelas”, hoje com 77 anos; Micke Connors, de “Corda Bamba” e “Mannix”, hoje com 84 anos; Martin Landau, de “Missão: Impossível”, hoje com 82 anos; Robert Conrad, de “James West” e outras séries, hoje com 81 anos; e Linda Evans, de “Big Valley” e da novela noturna “Dinastia”, hoje com 67 anos. A presença deles no evento matou a curiosidade dessa fã ‘que vos escreve’, pois estava imaginando como o tempo vinha tratando alguns desses atores que fizeram parte da minha infância.
Durante o bate papo com os jornalistas presentes os atores comentaram sobre as diferenças entre a indústria na década de 60, período em que eles atuaram nas séries que lhes deram fama, e os dias atuais. Para Landau, a postura profissional do ator mudou. Antes eram mais dedicados e abnegados à profissão; atualmente são mais preocupados em se tornarem estrelas da TV.
Para Conrad, que ao longo dos anos sempre teve uma relação de ‘amor e ódio’ com os críticos, o fator que move a indústria ainda é a audiência e o lucro que as emissoras têm, nada tendo a ver com desenvolvimento de conteúdo.
Landau lembrou que na época em que iniciou sua carreira em Nova Iorque, na década de 50, existiam apenas 25 estúdios em todo o país. Hoje, é impossível contabilizar, visto que surge um estúdio novo a cada dia. Na época em que iniciou carreira, não existiam os videotapes, por isso os programas eram transmitidos ao vivo, ou filmados em película de cinema. Mas isso era algo que encarecia o produto, então poucos utilizavam esse recurso.
Nichelle reconhece que, na época, não percebeu que seu trabalho poderia ser considerado pioneiro. Sendo afro-americana, a atriz rompeu uma barreira importante ao figurar na ponte da nave Enterprise, da série “Jornada nas Estrelas”.
Até a metade dos anos 60, mulheres de cor costumavam interpretar empregadas domésticas. Mas no mesmo ano em que a série de ficção científica estreou, Diahann Carroll estrelava a primeira sitcom a apresentar uma personagem negra em papel que fugia ao estereótipo da empregada.
Essa mudança foi possível graças aos movimentos sociais que ocorriam nas ruas e à pressão da National Association for the Advancement of Colored People – NAACP, que forçava a televisão a permitir uma presença mais significativa da cultura afro-americana.
Nichelle confessou que aceitou trabalhar em “Jornada nas Estrelas” porque a série poderia contribuir com seu currículo, permitindo que ela conseguisse melhores trabalhos no teatro. Mas, após a primeira temporada, Nichelle decidiu deixar a série.
Em conversa com Martin Luther King, o líder político da comunidade afro-americana a convenceu a permanecer na série, acreditando que ela estava fazendo história ao mostrar que, no futuro, negros e brancos poderiam trabalhar juntos no mesmo nível social.
Apesar desse apoio, Nichelle acredita que “Jornada nas Estrelas” interrompeu sua carreira, que ficou presa ao sucesso que a série conquistou ao longo dos anos.
Já Linda Evans lembrou de Barbara Stanwyck, com quem trabalhou na série “Big Valley”, apontando a veterana atriz do cinema como uma verdadeira pioneira da indústria em função do poder que ela conquistou nos bastidores da televisão. Sem medo das convenções sociais e culturais, Barbara conquistou o respeito e a admiração de todos com quem trabalhou ao longo de sua carreira.
Linda revelou que a atriz foi sua mentora, ensinando-lhe como uma profissional deveria comportar-se. Em outras entrevistas, Lee Majors, que também estrelou a série, disse o mesmo sobre Barbara.
O canal PBS não divulgou ainda a data de exibição do documentário, mas deverá ocorrer no ano que vem.