Dez anos de ‘Deadwood’
Neste final de semana, a série Deadwood da HBO celebra dez anos de sua estreia. Este foi um faroeste criado por David Milch (Luck) que revolucionou o gênero trazendo uma visão mais realista da vida no Velho Oeste. Apesar disso, a série não conseguiu promover uma nova linha de produção do faroeste na TV americana. […]

Neste final de semana, a série Deadwood da HBO celebra dez anos de sua estreia. Este foi um faroeste criado por David Milch (Luck) que revolucionou o gênero trazendo uma visão mais realista da vida no Velho Oeste. Apesar disso, a série não conseguiu promover uma nova linha de produção do faroeste na TV americana. Ao contrário das décadas de 1950 e 1960, quando o gênero dominava a programação americana, ele é raramente visto nos dias de hoje.
Ironicamente, a série não foi desenvolvida para ser um faroeste, mas um drama situado na antiga Roma. Em 2002 Miltch ofereceu para a HBO seu projeto sobre a rotina de moradores de Roma durante o reinado de Nero. Sem um sistema judiciário, eles precisam criar, conforme as necessidades, regras sociais que permitam minimizar os ataques pessoais e de vingança.
O problema é que, naquela época, a HBO já estava desenvolvendo o projeto de Roma, série que foi exibida pelo canal entre 2005 e 2007. Interessado no tema, o canal pediu a Milch que situasse sua história em outro período de tempo. Assim surgiu Deadwood, que estreou nos EUA no dia 21 de março de 2004.
Foram necessários dois anos de pesquisas para que a história pudesse ser situada no velho oeste americano. Situada no ano de 1876, a série acompanha a vida dos moradores de Deadwood, uma cidade que se formou com a corrida do ouro. Vários personagens são versões de pessoas históricas, outros são ficcionais.
Entre aqueles que realmente existiram estão Al Swearengen (Ian McShane), dono de um bar e bordel; Seth Bullock (Timothy Olyphant), xerife e coproprietário de uma loja de ferragens; Martha (Anna Gunn), esposa de Seth; Charlie Utter (Dayton Callie), assistente de Seth; Sol Star (John Hawkes), sócio de Seth na loja de ferragens; A. W. Merrick (Jeffrey Jones), editor do jornal local; E. B. Farnum (William Sanderson), proprietário do hotel que se torna prefeito; Jane Calamidade (Robin Weigert), que atuava como batedora e guia no Velho Oeste; Cy Tolliver (Powers Booth), que é a versão de Tom Miller, proprietário de um bar e teatro; Wild Bill Hickcok (Keith Carradine), jogador e pistoleiro; Jack McCall (Garret Dillahunt), assassino de Hickcok; Samuel Fields (Franklyn Ajaye), um afro-americano que alegava ter sido um General durante a Guerra Civil; Lucretia Marchbanks (Cleo King), cozinheira do Grand Hotel; Henry Weston Smith (Ray McKinnon), pastor; George Hearst (Gerald McRaney), empresário que fez fortuna com a mineração; Jack Langrishe (Brian Cox), ator e empresário, e outros.
A história tem início em julho de 1876, época em que o General Custer descobriu ouro em Deadwood Gulch, durante uma expedição. A busca pelo ouro fez surgir ilegalmente uma colônia em pleno território indígena, onde não existia lei e ordem. A morte de Wild Bill Hickcok durante um jogo de pôquer levou os moradores a pedirem a Bullock que assumisse o cargo de xerife. Bullock era xerife em Montana, tendo deixado o cargo para montar um negócio próprio em Deadwood.
Diversas situações foram alteradas em relação aos fatos que ocorreram para dar ritmo à história e criar interesse do público nos personagens. Mas a principal crítica que a série recebeu não foi dos historiadores, e sim dos linguistas, que não aceitaram o uso de palavrões mais modernos na série. Milch defendeu sua escolha justificando que, se utilizasse os palavrões da época, não causaria o mesmo impacto e choque no público de hoje.
Cada episódio retratava um dia na vida dos habitantes da cidade. Ao longo de sua produção, a série apresentou situações e temas que tratavam a forma como o ser humano, cada um à sua maneira, lidava com a tentativa de colocar ordem no caos em que a cidade vivia, tendo o ouro como o representante do poder.
Deadwood foi desenvolvida para ter quatro temporadas. Isto porque a cidade original durou apenas quatro anos, sendo destruída em um incêndio em 1879. Uma nova cidade foi fundada em 1888. Ao longo da produção da série, Milch reescreveu diversas cenas durante as filmagens, forçando os atores a esperarem pela mudança de roteiro. A obsessão de Milch por sua obra provocou algumas discussões entre ele e os demais roteiristas.
Em 2006, pouco antes da estreia da terceira temporada, a HBO entrou em contato com Milch oferecendo-lhe uma quarta temporada com um número menor de episódios. Ao invés de doze, seriam produzidos seis para encerrar a série. Milch não aceitou, o que levou o canal a cancelar a produção, que encerrou com um total de três temporadas. A razão do cancelamento, segundo divulgado na época, teria sido a baixa audiência que não compensava o alto custo de produção. Cada episódio custava 5 milhões de dólares para ser produzido. Se a intenção de Milch era a de filmar o incêndio que destruiu a cidade, o custo de produção da quarta temporada teria aumentado. O cancelamento gerou críticas por parte da imprensa e dos fãs, levando a HBO a anunciar que a trama poderia encerrar com dois telefilmes de duas horas de duração, os quais seriam exibidos em 2008. Mas isto nunca aconteceu.
Querendo manter Milch no canal, a HBO tentou compensar o cancelamento da série aprovando a produção de seu novo projeto, John From Cincinnati, que começou a ser desenvolvido quando o roteirista e produtor soube que Deadwood não teria a quarta temporada. Mas esta teve uma vida ainda mais curta, sendo cancelada com apenas uma temporada produzida.
O projeto seguinte de Milch também não teve a mesma sorte. Embora tenha recebido o título de Luck, a série foi uma produção que deu dor de cabeça para o canal e os envolvidos. Renovada para sua segunda temporada, a série foi cancelada durante as filmagens dos episódios depois que foram divulgadas à imprensa as mortes de animais ocorridas durante a produção da série. Mais sobre o caso aqui.
No Brasil, Deadwood também foi exibida pela HBO, sendo que as três temporadas foram lançadas em DVD. Quem tiver a oportunidade de vê-los, ou revê-los, não perca. Esta é uma das obras primas da televisão americana que se tornou uma obrigação para qualquer pessoa que se considera fã de seriados.
Cliquem nas fotos para ampliar. No vídeo, documentário sobre a série.
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