A Temporada 2011-2012
Hoje inicia oficialmente a temporada 2011-2012 americana, com a estreia dos novos episódios de “Sons of Anarchy”. Conhecida como Fall Season, por estrear no outono americano, a temporada compreende os meses entre setembro e maio, sendo que o período entre os meses de janeiro e março é conhecido como midseason (meia temporada). Na midseason, os […]


Cristina Ricci em Pan Am
Hoje inicia oficialmente a temporada 2011-2012 americana, com a estreia dos novos episódios de “Sons of Anarchy”. Conhecida como Fall Season, por estrear no outono americano, a temporada compreende os meses entre setembro e maio, sendo que o período entre os meses de janeiro e março é conhecido como midseason (meia temporada). Na midseason, os canais interrompem a exibição de algumas séries que estrearam no início da Fall Season para oferecer ao público outros novos títulos. As produções que sobreviverem ao período de cancelamento (que geralmente ocorre nos meses de novembro e de abril) conseguem chegar ao final da temporada em maio, torcendo para ser renovada para a próxima.
A expectativa é que a nova temporada consiga trazer produções que valham a pena. Afinal, vamos e convenhamos, até agora esse ano tem sido bem fraquinho. Com muitas promessas não cumpridas, 2011 é um marasmo no que diz respeito às séries de TV. Se não fosse pelos retornos de algumas produções já estabelecidas e um ou outro novo título interessante de se ver, o ano teria sido um nada.
Nenhuma estreia conseguiu de fato surpreender. Sim, assisti a “Game of Thrones” e não, não achei espetacular ou perfeita. Independente dos livros, a adaptação para a TV trouxe diálogos excessivamente expositivos e repetitivos que enfraqueceram a trama e os personagens. Espero honestamente que a segunda temporada da série revele de fato seu potencial, visto que o ambiente e os personagens já foram estabelecidos.
Outra decepção foi “The Hour”, série inglesa que esperava ser um sopro de vida neste ano. Mas a produção trouxe um texto de ‘novelinha da seis’ muito mal escrita, com personagens tão vazios que pareciam flutuar nos cenários. Situada na década de 1950, nos bastidores de um telejornal, a série se limitou a trazer personagens que ‘cuspiam’ informações sobre a época como se lessem um livro de história ou matérias de jornais. A relação deles com o ambiente era quase zero e, para piorar, tudo se resolve às pressas no último episódio com um discurso moralista para adolescente ver.
Minhas expectativas para esse ano são poucas. Entre os títulos que despertam curiosidade estão “Pan Am” e “The Playboy Club“. A primeira vem atrelada à nostalgia de uma marca que dominou a aviação comercial ao longo de décadas.
Desde os ataques do 11 de setembro a aviação americana vem sofrendo duras críticas em sua atitude para prevenir novas ocorrências. Somando a isso os constantes atrasos, a falta de respeito com o público e a queda na qualidade de um modo geral, a série poderá ajudar a resgatar essa área junto à opinião pública.
Por isso, “Pan Am” tem mais chance de sobreviver que “The Playboy Club“. Esta já vem ‘amaldiçoada’ pelo nome de uma revista que, embora tenha revolucionado o ramo editorial, trouxe para si uma imagem negativa junto à sociedade tradicional.
Com isso, “The Playboy Club” estreia sob forte pressão de segmentos da sociedade para boicotar os produtos que forem anunciados durante o espaço comercial da série. Em função disso, a imprensa americana acredita que a série não irá durar muito tempo. Oferecida a canais de rede aberta, “The Playboy Club” poderia atrair maior interesse se fosse uma produção para a TV a cabo. Mas nada a impede de surpreender. Vamos ver no que vai dar.
Outro título que chama a atenção é “Up All Night“. Com a boa receptividade de “Raising Hope”, sobre uma família excêntrica tentando criar um bebê, temos agora “Up All Night”, estrelada por Christina Applegate e Will Arnett, que interpretam pais de primeira viagem. A proposta da série é oferecer situações cômicas relacionadas ao processo de aprendizagem desse casal nos cuidados de um recém nascido.
Outra produção que desperta curiosidade é “Prime Suspect“. Sou contra remakes de séries bem sucedidas. Prefiro que refaçam seriados que não conseguiram atingir seus respectivos objetivos, seja por limitações da época ou por falta de tempo hábil. O que não é o caso de “Prime Suspect”, série inglesa estrelada por Helen Mirren, que já teve uma versão light americana sob o título de “The Closer”.
A história gira em torno de uma mulher, viciada em álcool (em The Closer ela é viciada em chocolate), que se torna chefe de um departamento da polícia, predominantemente masculino. Sofrendo com o preconceito, ela vai abrindo seu espaço. Na versão americana, Maria Bello ficou com a personagem de Mirren. Embora Bello esteja longe de conseguir se equiparar a Mirren, ela ainda é uma boa escolha. Por isso, talvez, valha a pena conferir o resultado.

Smash
Outra série que parece interessante é “Smash”, drama que se propõe a apresentar os bastidores de produção de um musical da Broadway, com estreia prevista para a midseason. Originalmente oferecida para o canal a cabo Showtime, a série foi parar na NBC quando Bob Greenblatt assumiu o comando da programação, levando com ele o projeto. Uma pena, pois acredito que no canal a cabo a série teria melhores chances de evitar cair em uma trama de novelinha com base em picuinhas e vinganças, focando mais na estrutura de produção do musical. Mas, quero me surpreender.
Na TV a cabo, os novos títulos que chamam a atenção são “Homeland“, “Boss”, “Hell on Wheels”, “American Horror Story”, “Enlightened”, “Veep” e “Luck”. A primeira desperta interesse mais pelo elenco que pela trama. Trata-se de uma versão americana de série israelense sobre um soldado que, após anos, é resgatado no Iraque. Uma agente da CIA acredita que ele seja instrumento dos terroristas para um plano de ataque aos EUA. Assim, ela passa a investigá-lo. A proposta sozinha não é grande coisa, mas visto que a série é estrelada por Claire Danes, Damian Lewis e Mandy Patinkin, vale a pena conferir.
“Boss” é uma produção que tem grandes chances de não dar certo. Estrelada por Kelsey Grammer, a série dramática se propõe a adaptar uma peça de Shakespeare para os dias atuais. Na história, o prefeito de Chicago é diagnosticado com uma doença degenerativa. Mantendo sua condição em segredo, ele continua exercendo o cargo. Quando foi anunciada, foi dito que a trama seria uma metáfora para Rei Lear. O problema é que Grammer já fez Shakespeare no teatro oferecendo uma atuação exagerada. Além disso, sua carreira é galgada na comédia e pode acontecer do público não aceitar vê-lo em um drama. Vamos ver no que dá.
“Hell on Wheels” é a minha última esperança de que o canal AMC resgate seus tempos áureos, de quando lançou “Mad Men”, “Breaking Bad” e “Rubicon”, únicas produções do canal que fizeram jus à sua fama. Embora os críticos americanos já tenham dito que a série não é grande coisa, ainda alimento esperanças de gostar. Trata-se de um faroeste que acompanha o processo de construção de uma ferrovia e a corrupção que a cerca. É bem verdade que existe uma trama de vingança pessoal por trás, mas a expectativa é que ela não predomine.

(E-D) Jessica Lange e Frances Conroy em “American Horror Story”
“American Horror Story“ desperta a curiosidade pelo tema (thriller psicossexual) e pelo elenco feminino de peso: Jessica Lange, Connie Britton e Frances Conroy. O fato de ter sido criado pelo megalomaníaco Ryan Murphy, em parceria com Brad Falchuck, ambos de “Glee”, é algo que me faz ficar com o pé atrás. A trama não está clara, mas parece que gira em torno de uma casa que esconde um mistério sobre seus antigos moradores. Dizem que a história será dividida entre passado e presente. Vamos ver no que dá.
“Enlightened“ é uma promessa antiga da HBO. Anunciada para 2010, somente estreará em 2011. A produção chama a atenção pelo elenco, formado por Laura Dern e sua mãe, Diane Ladd. A história gira em torno de uma mulher que, após um ataque de nervos, entra em contato com sua espiritualidade. A partir daí, ela tenta transformar o ambiente em que vive, embora as pessoas que a cercam não estejam sintonizadas ‘no mesmo canal’. É uma promessa que pode não dar em nada, mas espero que seja uma daquelas séries que se assiste para passar o tempo, sem compromisso.
As duas últimas, “Veep” e “Luck“, são para a midseason e despertam o interesse em função de seus criadores. A primeira é uma série de Armando Iannucci, autor de “The Tick of It“, excelente sitcom política inglesa que terá sua quarta temporada filmada em 2012. “Veep” também traz a política como tema, ao retratar uma Senadora, interpretada por Julia Louis-Dreyfuss, que se torna Vice-Presidente, sem ter qualquer preparo para isso. Já “Luck” foi criada por David Milch, autor de “Deadwood”, e o fato de ser estrelada por Dustin Hoffman apenas ‘dá mais água na boca’ em conferir a produção. A história apresenta os bastidores das corridas de cavalos, um tema mal explorado pelas séries de TV até agora.
Os demais títulos, apesar da paparicação da mídia, não chamam a atenção. São produções que se propõem a explorar a fantasia (Once Upon a Time e Grimm), a aventura e ficção cercadas de mistérios (The River, Terra Nova, Awake, Alcatraz e Touch), jurídicos (The Firm), comédias, séries teens e dramas policiais que dificilmente sairão do lugar comum. É claro que nada impede que um ou outro desses títulos surpreenda, mas a expectativa é baixa.
Confiram a lista completa de novas séries por canais: Fox, NBC, CW, CBS e ABC.
Acompanhem as atualizações do Calendário de Estreias.