A Cura Estreia Hoje na Globo
Hoje, às 22h30, a Rede Globo estreia “A Cura“, produção que parece ser uma minissérie mas que é anunciada como série, com a exibição de um episódio por semana. Aproveitando o sucesso do filme “Chico Xavier” nos cinemas, a emissora aposta na temática espírita para narrar um drama psicológico, cercado de mistérios e ação. Escrita […]

Hoje, às 22h30, a Rede Globo estreia “A Cura“, produção que parece ser uma minissérie mas que é anunciada como série, com a exibição de um episódio por semana. Aproveitando o sucesso do filme “Chico Xavier” nos cinemas, a emissora aposta na temática espírita para narrar um drama psicológico, cercado de mistérios e ação.
Escrita por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, com direção de Ricardo Waddington, a produção tem oito episódios filmados na cidade de Diamantina, Minas Gerais.
A trama tem início no Século XVIII com Silvério (Carmo Dalla Vecchia), um garimpeiro que enriqueceu à base de assassinatos e crueldade para com o próximo. Amaldiçoado por um pajé, Silvério passa a sofrer terríveis dores físicas, até encontrar um curandeiro (Dyjhan Henrique) que se recusa a ajudá-lo.
Dois séculos depois nasce Dimas (Selton Mello), um jovem que enfrenta no percurso de sua vida uma acusação de assassinato. Quando ainda era criança, um amigo seu morre de uma forma que ninguém sabe explicar ao certo como ocorreu. Como resultado do fato, Dimas passa a carregar o estigma de assassino. Levado a um tratamento psicológico em São Paulo, o jovem enfrenta várias provações, até conseguir dar a volta por cima e formar-se médico.
De volta à cidade natal, Dimas tem como objetivo reconstruir sua vida e entender seu passado. Ele encontra trabalho no hospital da região, administrado pelo Dr. Turíbio Guedes (Ary Fontoura), um médico defensor da medicina tradicional. Sua filha, Rosângela (Andréia Horta, de “Alice”), é a médica legista, que na infância era amiga de Dimas. Atualmente, é noiva do Dr. Luiz Camilo (Caco Ciocler), que não vê com bons olhos o retorno do namoradinho de infância de Rosângela.
Dimas logo passa a ser assediado por Edelweiss (Inês Peixoto), mulher que tenta convencê-lo de que ele é a reencarnação do Dr. Otto (Juca de Oliveira), médico da cidade que praticava curas espirituais. A partir daí, o jovem passa a viver os conflitos que surgem entre o estigma que o persegue e o dom que parece ter. Verdade ou mentira? Curandeiro ou charlatão? Nem mesmo Dimas parece saber a resposta.
As histórias de Silvério e de Dimas serão narradas em paralelo. No elenco também estão Ana Rosa (Graciema, mãe de Rosângela), Nívea Maria (Margarida, mãe de Dimas), Rogério Marcico (Ciro, avô de Dimas), Luíza Mariani (Lucinha), entre outros.
Apesar do fascínio e da atração que os temas espíritas inspiram, eles são pouco utilizados pelas séries ou minisséries brasileiras. Mas nos últimos anos tem sido tema de novelas. A doutrina espírita domina a cultura brasileira, fazendo parte da vida das pessoas, mesmo daquelas que não a seguem.
As expressões ’em outra encarnação quero voltar assim ou assado’ ou ‘nessa encarnação eu vim a passeio’, já se tornaram comuns em rodas de bate papo. A ideia da vida após a morte e a da cura através das mãos, seja por cirurgias espíritas ou por aplicação de Reiki, também já faz parte do dia a dia do brasileiro.
Nos EUA, a temática ainda é tabu, ao menos nas séries de televisão, que optam por uma abordagem alegórica. Durante muito tempo associada a bruxarias, as ideias espíritas ainda são encaradas como superstições. Talvez por isso a doutrina espírita não faça parte dos enredos dos seriados, a não ser quando o tema lida com o sobrenatural ou gira em torno de histórias de fantasmas. Mas ainda assim, é possível identificar alguns aspectos da doutrina espírita em várias produções seriadas.
A abordagem mais comum nas séries americanas ao tema espírita é a presença de fantasmas que, em geral, pedem ajuda a pessoas ainda vivas para resolver negócios inacabados, como é, atualmente, o caso de “Medium” ou “Ghost Whisperer“.
Inicialmente apresentados nas séries em produções cômicas como “Topper”, versão para a TV do filme estrelado por Cary Grant, ou “Nós e o Fantasma/The Ghost and Mrs. Muir”, outra comédia com base no filme estrelado por Rex Harrison, os fantasmas também estrelavam episódios dramáticos de séries, geralmente em situações relacionadas a carmas ou a não aceitação do fato de que estão mortos ou para auxiliar uma pessoa em um momento difícil.
Entre as primeiras produções que trabalharam esse tema de forma dramática estão “Um Passo Além/One Step Beyond“, produção do final dos anos 50, e “Além da Imaginação“, da mesma época.
Nos anos 60, foi produzida a sitcom “Mamãe Calhambeque/My Mother the Car”, na qual uma mulher reencarna no carro do filho com quem conversa através do rádio. A sitcom é considerada por críticos como uma das piores séries já produzidas pela TV americana.
Nos anos 80, surgiu “Ghost – a Série/Shades of L.A.“, na qual o enredo apresenta um policial que vive uma experiência de quase morte, voltando à vida com o dom de ver e ouvir fantasmas. Estes passam a solicitar sua ajuda para solucionar suas mortes. A partir dessa série, essa situação tornou-se recorrente.
A presença de anjos nas séries também é outra forma de abordar o tema da vida após a morte de forma indireta. Geralmente o anjo está à mercê daqueles que estão vivos e precisando de ajuda. Na década de 80 surgiu “O Homem que Veio do Céu/Highway to Heaven“, produção estrelada e produzida por Michael Landon, que interpretava um anjo enviado à Terra para ajudar as pessoas a passarem por momentos difíceis de suas vidas. Na década seguinte, “O Toque de um Anjo/Touched By An Angel” assumiu a vaga deixada pela produção de Landon, que encerrou em 1989.
O anjo, ou um espírito, também podem ser ‘traduzidos’ como um viajante do tempo que ‘baixa’ nas pessoas para evitar que elas cometam erros, ou para corrigir algo que aquela pessoa fez. Este é o tema de “Contratempos/Quantum Leap“, série de ficção científica dos anos 80/90.
Recentemente, “Stargate SG-1” chegou a abordar a questão sobre a vida após a morte, através do personagem Daniel Jackson, que ascendeu a um outro plano, tornando-se ‘um anjo caído’, quando decide voltar a viver no plano terreno. A nova série da franquia, “Stargate Universe”, também faz uma alegoria ao tema espírita, ao introduzir um mecanismo no qual os passageiros da nave Destiny conseguem voltar à Terra trocando de lugar com outra pessoa, assumindo seu corpo físico, em uma situação muito parecida com a de “Contratempos“.
Na série “Battlestar Galactica“, nova versão, os cilônios que têm corpo biológico, são capazes de reencarnar caso estejam próximos de uma nave que tenha essa função reencarnatória.
Atualmente, temos “Drop Dead Diva“, série cômica que é uma adaptação do filme “O Céu Pode Esperar” (que por sua vez é um remake de “Que Espere o Céu/Here Comes Mr. Jordan”), na qual uma jovem modelo reencarna no corpo de uma advogada.
Antigamente, as séries de TV abordavam o tema da reencarnação através de situações nas quais personagens encontravam a ‘cópia física’ de alguém que conheceu no passado e que já morreu; ou em episódios nos quais uma pessoa do tempo presente se parece fisicamente com alguém de séculos passados vistos em fotografias ou pinturas.
A ideia da reencarnação também pode ser vista em episódios esporádicos de produções como “Arquivo X” ou de séries com temáticas sobrenaturais e de fenômenos paranormais. Mas, como enredo da série dramática, a reencarnação é, geralmente, substituída pela imortalidade.
Com personagens atravessando séculos de história, sem nunca morrer, vistas em produções desde “Além da Imaginação“, passando por “Dark Shadows” e “Highlander“, chegando aos dias de hoje com “Torchwood” ou as séries de vampiros, a imortalidade reproduz a ideia da reencarnação, no momento em que personagens assumem identidades diferentes ao longo dos séculos, para não levantarem suspeitas de suas condições.
Recentemente, “Past Life” tentou abordar o tema da reencarnação de forma direta, mas não conseguiu desenvolver as histórias e os personagens, sendo cancelada na primeira temporada.
Já a cura espiritual ainda está, para as produções americanas, muito associada ao estilo de vida esotérico ou ao charlatanismo não tendo, de fato, séries dedicadas ao tema. Ao menos, que eu me lembre!