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Nova Temporada

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‘The Newsroom’ estreia no Brasil

O canal HBO estreia esta noite, às 21h, a nova série de Aaron Sorkin, produtor e roteirista que ficou famoso com The West Wing e ganhou o Oscar pelo roteiro do filme A Rede Social. Com dez episódios produzidos para sua primeira temporada, The Newsroom acompanha os bastidores de um telejornal de conteúdo político e […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 17h27 - Publicado em 5 ago 2012, 15h05

Elenco de ‘The Newsroom’, nova série de Aaron Sorkin (Fotos: HBO)

O canal HBO estreia esta noite, às 21h, a nova série de Aaron Sorkin, produtor e roteirista que ficou famoso com The West Wing e ganhou o Oscar pelo roteiro do filme A Rede Social.

Com dez episódios produzidos para sua primeira temporada, The Newsroom acompanha os bastidores de um telejornal de conteúdo político e opinativo. Will McAvoy (Jeff Daniels) é o temperamental co-âncora de um programa exibido por uma TV a cabo. Ao voltar de férias, descobre que seu colega foi embora, levando com ele sua equipe técnica. Assim, Charlie Skinner (Sam Waterston, de Lei e Ordem), chefe idealista de Will, decide formar uma nova equipe de produção, escolhendo Mackenzie MacHale (Emily Mortimer) como produtora executiva. Acontece que ela é a ex-namorada de Will, uma relação que não terminou muito bem. Assimilando rapidamente sua nova situação, o temperamental Will muda sua postura agressiva em relação aos colegas, assumindo também a tarefa de moralizar o jornalismo americano.

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No elenco também estão Alison Pill, John Gallagher Jr., Josh Pence, Olivia Munn, Thomas Sadoski, Dev Patel e Jane Fonda, em participações recorrentes.

O discurso de Will no início do episódio piloto determina o rumo da história que está sendo desenvolvida para a temporada: a América se perdeu, mas pode se reencontrar. Em entrevistas, e na série, Sorkin cita Dom Quixote como referência do trabalho que Will se propõe a fazer. Enfrentando ‘moinhos’, ele desafia o sistema e a mentalidade social já enraizada para tentar moralizá-los. Até aí tudo bem, definir a proposta da série é prerrogativa do produtor e criador. O problema é que o resultado não é bom.

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Jeff Daniels interpreta Will McAvoy

Situada entre os anos de 2010 e 2011, em uma redação que só existiria no mundo do Além da Imaginação, a primeira temporada apresenta o trabalho de Will e sua equipe cobrindo notícias reais do nosso passado recente. Sabendo qual foi o desdobramento da notícia, Sorkin traça para Will e sua equipe o caminho que devem seguir para que possam chegar primeiro e com mais precisão aos fatos que estão sendo noticiados. Desta forma, o grupo está sempre à frente dos outros veículos, e quando esses erram, Will e sua equipe acertam. A série passa a impressão de que eles foram bem sucedidos porque seguiram o ‘caminho jornalístico correto’ e os outros veículos não. Por ser um passado recente, o público também é capaz de identificar qual informação é válida e qual não é, dando aos personagens seu apoio e parabenizando-os pela decisão ou opinião acertada. Isto é visto logo no primeiro episódio e continua nos episódios seguintes.

Mas o trabalho jornalístico dos personagens está em terceiro plano. Em primeiro estão as relações pessoais e de trabalho. Com roteiros que parecem ter sido escritos por uma pessoa cuja experiência de vida está limitada aos corredores de uma escola, temos atores adultos interpretando personagens infantilizados. Um ou outro com esse comportamento é compreensível e até necessário, o problema é que todos os personagens se comportam como adolescentes. Os diálogos são terrivelmente pobres e poucas vezes retratam o pensamento de um ser humano adulto que já tenha passado por diversas experiências de vida, tanto pessoais quanto profissionais.

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Em segundo plano está a luta quixotesca de Will e seus colegas. Para resgatar a moralidade do jornalismo, Sorkin retrocede seis décadas televisivas. Ao invés de parar na década de 1970, quando o cinema investiu na produção de filmes sobre o jornalismo, a exemplo de Todos os Homens do Presidente ou Rede de Intrigas, e dramas policiais que expunham a degradação do sistema, Sorkin toma como referência as séries televisivas da década de 1950.

Emily Mortimer, como Mackenzie, e Jeff Daniels, como Will

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Naquela época, os roteiros das séries dramáticas eram construídos em torno do discurso do protagonista, que tinha a missão de passar para os personagens e para o público sua visão de moral e cívica. Assim sendo, uma situação era criada de tal forma que possibilitaria o protagonista, em algum momento, proferir seu discurso, transformando-se na pilastra moral da sociedade ideal fabricada pela televisão. Mas sendo suficientemente humilde para reconhecer seus erros, valorizando aqueles que tinham razão. É exatamente essa construção de roteiro que Sorkin oferece para o público de hoje com The Newsroom. Ele cria uma história para que Will possa fazer um determinado discurso a cada episódio, chegando ao ponto de envolvê-lo em uma situação na qual ele precisa demonstrar sua humildade ao reconhecer um erro ou valorizar um colega, sendo sempre aplaudido (silenciosamente ou não) quando ‘marca um ponto’.

Esta não é a primeira série assinada por Sorkin a trazer discursos sobre como as pessoas deveriam se comportar ou pensar, algo que faz parte do perfil do roteirista e produtor. O problema é que desta vez ele não promove debates ou cria argumentações, nem tentativas de conciliações entre ideias opostas. Para piorar, ele transforma o jornalismo em entretenimento ao apresentar Will como herói e seu oponente como vilão, os quais são emburrecidos ou emudecidos para que o protagonista possa parecer inteligente e sair por cima de uma discussão que não existiu.

Com The Newsroom, Sorkin perdeu a aura de gênio, transformando-se em um produtor comum de séries de entretenimento. Para quem é fã dos trabalhos anteriores de Sorkin, sua nova série é uma decepção. Nem tanto por sua proposta, mas pela forma como ela é desenvolvida.

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Cliquem nas fotos para ampliar. 

Fernanda Furquim: @Fer_Furquim

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