‘Banheira do Gugu’: a volta de um dos quadros mais lamentáveis da TV
Quadro retornou ao ar no 'Programa do Ratinho' com produtores de conteúdo adulto — 'o povo quer sacanagem', argumentou o apresentador

Na noite de segunda-feira, 14 de julho, 2025 repentinamente pareceu de ter voltado 30 anos no tempo — isso porque o caótico quadro Banheira do Gugu foi apresentado na televisão pela primeira vez desde o ano 2000. Como parte do Programa do Ratinho, a atração convidou a dançarina Mulher Melão e o ex-Fazenda Yuri Bonotto — ambos produtores de conteúdo adulto — a exibirem seus corpos com roupa de banho e buscarem sabonetes dentro de uma grande banheira. Vence quem conseguir capturar a maior quantia de barras, disputa que faz os participantes se digladiarem e espirrarem água por todo o auditório. A batalha corpo a corpo em trajes reveladores, claro, fez sucesso nos anos 1990 também pelo quesito erótico pouco sutil e demonstra um apelo do SBT por maior audiência tanto para o Programa do Ratinho, quanto para a estreia que foi ao ar logo depois: o programa de entrevistas No Alvo, que teve o influenciador de direita Pablo Marçal como primeiro convidado.
Originalmente apresentada no Domingo Legal em 1995, a Banheira do Gugu alçou modelos saradas ao status de subcelebridade, algumas das quais posaram para revistas eróticas e ainda investem em conteúdo adulto. Dentre os nomes revelados, estão Luiza Ambiel, Solange Gomes e Nana Gouvêa. Helen Ganzarolli é a ex-Banheira que melhor conseguiu deixar o passado para trás e se estabelecer enquanto apresentadora. Até hoje, ela integra o elenco do SBT e participa do Programa Silvio Santos.
Em 2000, o quadro saiu do ar por conta de preocupação do Ministério da Justiça, que considerava a proposta arriscada demais para a faixa de horário. A Banheira estaria ultrapassando os limites determinados pela Portaria 796, que proíbe a exibição de programas não recomendados para menores de 14 anos antes das 21h, quando o Domingo Legal já havia se encerrado. O atual Programa do Ratinho é exibido depois das 22h. Por um lado, o retorno do quadro demonstra uma abertura do canal, que intensificou sua reputação puritana e conservadora ao longo dos últimos anos. “O povo quer sacanagem. Barbaridade”, disse Ratinho antes da exibição do quadro, animando a plateia presente na gravação. Perguntava a eles se era isso o que desejavam e recebia resposta afirmativa e exaltada. Por outro, o caráter retrógrado do programa fala alto, sem revisão alguma. Nos comentários das redes, há quem o chame de “baixaria”, mas o coro mais intenso é a celebração do “puro suco dos anos 1990”. Quando se trata de entretenimento, a nostalgia independe do bom gosto e segue receita infalível para a audiência.
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