Theo James sobre ‘The White Lotus 2’: ‘Dinheiro não traz felicidade’
Ator falou a VEJA sobre personagem malandro e como encontrou empatia para interpretá-lo
Logo no primeiro episódio da segunda temporada de The White Lotus, sucesso da HBO, o ator inglês Theo James, 38 anos, protagonizou uma cena que deu o que falar: um nu frontal, enquanto ele se troca perto da esposa do amigo (em tempo: o ator recentemente confirmou que usou uma prótese para dar o efeito que tanto deu o que falar na cena). A imagem não foi à toa: James interpreta Cameron, um especialista em finanças exibicionista e que gosta de provocar as mulheres ao redor – mesmo com a esposa por perto. O ator, que ficou famoso com a franquia teen Divergente — e também protagonizou outros nus (não tão explícitos) na série A Mulher do Viajante do Tempo, também da HBO — falou a VEJA sobre o papel, as gravações na Itália e como analisa seu personagem controverso.
Como você compara essa nova temporada com a anterior? Eu acho que ela tem o mesmo DNA da primeira temporada, mas os temas são muito diferentes. Essa fase é sobre sexualidade, gênero, políticas sexuais, políticas sociais, ligado especificamente à Sicília, às sensibilidades europeias versus as americanas. Há semelhanças, mas a essência é bem diferente.
Ao lado da atriz Meghann Fahy, você faz parte de um casal que parece funcional, mas tem lá suas particularidade. O que acha dessa dinâmica? Eles parecem “normais, mas são bastante disfuncionais. Acho que eles realmente se amam e gostam da companhia um do outro. Eles fizeram sacrifícios — a personagem da Meghann faz muitos sacrifícios para tentar seguir em frente com o relacionamento, cheio de complexidades sombrias. Quero dizer que é complicado. A gente tem que se esforçar para não julgar esses personagens e encontrar uma empatia para poder interpretá-los.
Como foi gravar na Itália? Eu já passei muito tempo na Itália, mas não na Sicília, e me apaixonei por ela. A Itália e a cultura italiana têm uma influência tão grande globalmente, você não pode deixar de se apaixonar por ela sempre, pela comida, pela música… E também há algo muito peculiar sobre os gêneros e a sexualidade italiana que alimenta diretamente alguns dos temas da série.
Temos visto produções no cinema e na TV sobre pessoas super-ricas e The White Lotus é uma delas. O que pensa sobre o interesse em torno da vida dessas pessoas? Eu passei por um artista de rua um dia, ele estava cantando uma música sobre as bizarrices dos bilionários. A música dizia? “por que você precisa de mais dinheiro quando já tem o suficiente? Você quer mais, mais e mais”. Acho que é esse nosso fascínio. Nós somos apaixonados por dinheiro, riquezas materiais e pelas coisas pelas quais a sociedade é obcecada, mas depois, quando alguém acumula essas coisas que valorizamos, achamos isso completamente estranho. Você não interage com esse tipo de riqueza no dia a dia, é um mundo fascinante e repugnante ao mesmo tempo. Tanto na primeira temporada quanto nessa, o ponto crucial é que a riqueza não traz felicidade: ela tende justamente a trazer o oposto.
The White Lotus também causa sentimentos que vão da repulsa à empatia por essas pessoas. É exatamente isso que Mike White [criador da série] faz. Ele subverte as expectativas ou estereótipos de como entendemos um personagem, uma pessoa, mas também a funcionalidade de um relacionamento. Eles nos disse isso, que queria explorar a ideia do que faz um casal funcional, o que os torna felizes. Por mais esquisito que pareça, se um casal é capaz de encontrar felicidade e amor genuínos, dentro dos limites de um relacionamento não convencional, isso confronta o que esperamos há muitas gerações. Quem somos nós para julgar se eles devem ou não fazer algo? É interessante analisar.