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‘The Idol’: The Weeknd e filha de Johnny Depp estrelam show de horrores

Série da HBO Max estreou no domingo, 4, após cumprir expectativa de produção de qualidade duvidosa

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 Maio 2024, 00h04 - Publicado em 6 jun 2023, 09h40

Atenção: este texto contém spoilers do primeiro episódio de The Idol, série da HBO Max

Jocelyn (Lily-Rose Depp) é uma estrela pop famosa que acabou de ter um colapso nervoso após a morte da mãe e está prestes a lançar um novo álbum de músicas superficiais e um clipe com coreografia para lá de sensual — a mando de empresários preocupados com sua carreira. Enquanto isso, sua equipe tenta controlar os danos do vazamento na internet de uma selfie da jovem com uma ejaculação em seu rosto e até esconde a informação de Jocelyn para evitar uma nova crise. Mas, ao descobrir, a garota avalia que poderia ser pior e segue sua rotina, apática. Mais tarde, a estrela vai a uma boate badalada e conhece Tedros (The Weeknd), proprietário misterioso do lugar que avança sobre a jovem com sede e, com falas clichês — e até vergonhosas — a seduz. Criticada nos bastidores, detonada por críticos que viram sua prévia no Festival de Cannes no mês passado e com uma trama sustentada por um estilo pornô soft, The Idol série da HBO que estreou neste domingo, 4 — cumpre a profecia: é um show de horrores.

Fazendo um ensaio fotográfico, Jocelyn insiste em deixar os seios à mostra, mesmo com um coordenador de intimidade avisando que ela deveria se preservar, tanto por seu bem-estar quanto por seu contrato de trabalho que não permite nudez explícita. Com vontade de se exibir ao máximo, a cantora pede para seu agente se livrar do profissional e logo em seguida sai para o ensaio da dança de seu clipe, vai mal na primeira sequência e depois acerta a coreografia complexa, apenas para impressionar o dono de sua gravadora, angustiado com a imagem da diva. Uma repórter de cultura de uma grande revista tenta escrever um perfil da protagonista, orientada por seu editor a arrancar dela uma declaração sobre a selfie polêmica, mas a cantora não cede. De óculos escuros e jeito furtivo, ela mantém sua expressão blasé, controlando a narrativa ao máximo e dando respostas prontas que não dizem nada. Aparentemente, somente uma figura sombria como Tedros e doses de bebida alcoólica conseguem despertar algo além de tédio em Jocelyn. Por isso, mesmo com uma energia de “estuprador” — como a assistente de Jocelyn o define –, a estrela o recebe em sua mansão e se deixar enforcar pelo desconhecido, que garante que ela só alcançará seu potencial musical quando estiver liberta sexualmente.

Dirigida por Sam Levinston (criador de Euphoria), The Idol usa a sensualidade da filha de Johnny Depp com a atriz francesa Vanessa Paradis como carro-chefe da série, mas nem isso é o suficiente para atribuir qualquer qualidade à história vazia e antipática criada por The Weeknd, que também interpreta um personagem afetado. Em um momento Jocelyn se masturba, em outro, é enforcada com um tecido por Tedros, e na maioria das cenas aparece com os seios salientes e um olhar melancólico. O roteiro pouco criativo é até didático: chama a protagonista de uma nova Britney Spears, na tentativa de causar alguma simpatia do público, mas o resultado é lamentável. O primeiro episódio deixa evidente que falta carisma em tudo e impossível de dizer para onde a trama se encaminha senão um precipício. Poderia ser uma crítica à indústria musical que suga o máximo de suas estrelas… Mas, por enquanto, é só um drama pouco ambicioso tentando ser sexy.

Antes mesmo de estrear em Cannes, a série já dava indícios de que seria um projeto catastrófico. Funcionários da produção deram entrevistas à Rolling Stone americana acusando o ambiente dos bastidores de tóxico e que a direção estava forçando o teor sexual da história ao extremo, incluindo cenas de romantização de estupro. Com seis episódios previstos para esta primeira temporada, The Idol terá um capítulo disponibilizado semanalmente aos domingos, às 21h, até 9 de julho.

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