Série espanhola ‘Limbo’ faz mix melodramático de ‘Succession’ e ‘Euphoria’
Com estética atraente, série do Star+ acompanha a jornada de autodescoberta de uma mulher mimada depois de perder o pai

Na Espanha, longe de casa e intocada pelo drama familiar, a argentina Sofía Castelló (Clara Lago) vive a vida como quer. Suas noites são passadas em festas regadas a álcool e, seus dias, imersos em ressacas e compras infinitas. Quando seu pai morre, ela retorna a Buenos Aires para reencontrar os irmãos Ignacio (Mike Amigorena) e Andrés (Esteban Pérez) – e deve enfrentar um legado que, além dos negócios da família, inclui segredos do pai que até então desconhecia. Limbo, série original do Star+ na América Latina, que estreia nesta quarta-feira, 28, parece uma tentativa de juntar duas produções queridinhas do momento, as premiadas Succession e Euphoria, ambas da HBO — mas com aquela forte pitada de melodrama latino.
A semelhança com a vencedora do prêmio maior do Emmy vem pelo tema que atrai a curiosidade do público: como se desenrolam os conflitos internos e as rivalidades entre irmãos nas famílias ricas e influentes quando as câmeras estão longe. Esteticamente, lembra Euphoria, com maquiagens glamourosas, ambientes neon, uso de substâncias e até cenas submersas que tentam transparecer o mergulho das personagens em si mesmas. Porém, ao menos durante os seus três primeiros episódios, a série não revela o potencial que poderia ao juntar elementos de duas narrativas aclamadas. O resultado é uma fotografia sem dúvidas muito atraente, mas um enredo um pouco morno.
Em entrevista a VEJA, Clara Lago descreveu a trajetória de sua personagem como uma jornada de autoconhecimento e enfrentamento. “Sofía começa como uma garota mimada, caprichosa, irreverente e que vive a vida como quer. No fundo, isso é uma evasão das dores que enfrentou na infância”, analisa. “O retorno para a Argentina é um momento de colocar os pés no chão em busca de quem era seu pai, mas também de quem é ela, e de quem são seus irmãos”. Para Esteban Pérez, é interessante acompanhar uma personagem feminina que se empodera e conquista seu espaço no império familiar dominado por homens.
Mike Amigorena acrescenta que Limbo é cativante por seu modo narrativo poético, permitido pela capacidade de Sofía de se desconectar do mundo de uma maneira que nem todos podem: deficiente, ela desliga seu aparelho auditivo quando bem entende. “É uma personagem que tem muito poder mesmo com suas limitações”, pensa Mike. “Assim, a viagem através da cabeça dela se converte em um projeto muito moderno e inclusivo”.