Rodrigo Simas: o galã global que desafiou padrões na TV e vida pessoal
Vindo de um clã de famosos, ele se impôs sendo um ator fora da curva: gosta de papéis ousados e se assume bissexual
Em 2012, quando a novelinha Malhação era a principal fábrica de atores da Globo, um casal em especial roubou a cena e se tornou fenômeno entre os jovens: a funkeira Fatinha (Juliana Paiva) e o universitário engomadinho Bruno, papel que encaminhou o galã Rodrigo Simas para uma série de mocinhos charmosos na TV. O ator carioca, porém, não se contentou com a rota predeterminada aos rostos bonitos da emissora. Doze anos depois, hoje aos 32, Simas encara papéis espinhosos dentro e fora das telas. Em entrevista a VEJA, diz não saber ao certo o que procura, mas ter certeza do que não quer: limitar-se. Prova disso é Vidas Bandidas. Na minissérie do Disney+, agora também exibida às quartas-feiras na Band, ele se torna malandro, mulherengo, oportunista e amoral como Serginho, capanga que se revolta contra a chefe do crime Bruna (Juliana Paes) e provoca uma série de vinganças sangrentas.
Indecoroso para os padrões novelescos, o papel é um desafio ideal para qualquer ator tão desinibido quanto o carioca. Para Simas, a oportunidade vem do “privilégio da escolha” e, espera ele, apontará para novas possibilidades. Desde o fim de seu contrato fixo com a Globo, em 2022, seu mote tem sido a experimentação — especialmente no teatro. Em 2023, subia aos palcos seminu com o monólogo Prazer, Hamlet, releitura de Shakespeare descrita como um “convite à subversão”. Agora, estrela outra desconstrução do bardo em Shakespeare Apaixonado, peça baseada no filme homônimo. Diz ter sido picado pelo “bicho do teatro” aos 4 anos, quando viu o pai, Beto Simas, em uma montagem de Péricles, Príncipe de Tiro. Agora, pensa que “é muito difícil” se ver afastado dos palcos, mas tampouco cogita largar as novelas, formato que admira pelo aspecto “democrático”.
E não só na vida profissional o jovem propõe um novo tipo de galã. Fora da ficção, Simas fez algo que há pouco mais de uma década era impensável a qualquer protagonista da televisão: assumiu-se bissexual em 2023, inspirado pelo próprio monólogo que fazia no teatro. “Já tive muito receio, dúvida e incertezas”, confessa. Mas garante que a revelação o fortaleceu. Simas afirma esperar também que a transparência seja parte de maiores mudanças na sociedade e na indústria em que trabalha — e “inspire outras pessoas”, apesar de não cobiçar a posição de modelo a ser seguido.
Nos bastidores, ele tem o apoio da talentosa namorada Agatha Moreira e dos irmãos Felipe Simas e Bruno Gissoni. Apesar das comparações incessantes, nega que a relação fraternal dentro do clã de galãs globais tenha sido afetada. De fato, o trabalho que tem apresentado ultimamente não deixa dúvidas: filho pródigo de sua geração, Rodrigo Simas é um exemplar único e ousado.
Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910