Quem foi o marido de Ney Latorraca em união gay discreta de 29 anos
O ator e ícone das novelas morreu nesta quinta-feira, 26, em decorrência das complicações de um câncer

Há cerca de dois anos, Ney Latorraca se deixou fotografar durante um passeio na Zona Sul do Rio ao lado de uma figura importante de sua vida: o ator, escritor e diretor teatral Edi Botelho. Foi a última vez que o artista que morreu aos 80 anos por complicações de um câncer de próstata nesta quinta-feira, 26, foi visto publicamente com seu companheiro — na internet, a aparição derradeira se deu em julho passado, quando ambos gravaram uma mensagem de aniversário para o amigo e diretor teatral Gerald Thomas. Discreto fora das telas e palcos, Latorraca manteve um casamento gay com Didi — como era mais conhecido — por quase trinta anos.
Botelho tem 66 anos e iniciou sua relação com o intérprete do vampiro Vlad da novela Vamp em 1995. Desde então, eles eram conhecidos como um casal de altíssimo astral. E trabalharam juntos em algumas ocasiões. Em 2014, Latorraca atuou ao lado do marido na peça Entrementes, com direção do próprio Gerald Thomas. No espetáculo, Botelho vivia um muçulmano que tecia considerações sobre a vida e a religião com um judeu — papel de Latorraca — em pleno Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Mais recentemente, os dois também fizeram dobradinha na As Cadeiras. No texto com direção de Latorraca, Botelho atuava em cena junto com a atriz Tássia Camargo.
A morte de Latorraca
O ator que marcou as novelas e o teatro brasileiro morreu nesta quinta-feira, 26, no Rio de Janeiro. Ele tinha 80 anos e estava internado na Clínica São Vicente, na Zona Sul carioca, para tratar as complicações de um câncer de próstata, mas não resistiu a o agravamento da doença e a uma sepse pulmonar.
Rosto incontornável da dramaturgia brasileira, Latorraca nasceu em Santos, no litoral paulista, em 26 de julho de 1944. Seus pais eram artistas musicais: o pai cantava como crooner em bares, e a mãe atuava num coral. Em 1964, na virada dos 20 anos, ele fez sua estreia numa montagem teatral escolar da peça Pluft, o Fantasminha. A montagem fez sucesso além dos muros colegiais, mas pouco depois Latorraca sofreu uma decepção que quase o fez desistir da carreira. Produção do Teatro Arena com direção do “maldito” Plínio Marcos, o espetáculo Reportagem de um Tempo Mau nem chegou a estrear, alvo da censura da ditadura militar em sua fase mais feroz. “Fiquei completamente arrasado, queria me matar. Voltei para Santos”, declarou ele mais tarde.
Latorraca, no entanto, logo deu a volta por cima — e, exibindo sempre grande talento e carisma, viveu uma ascensão irresistível nos anos seguintes. Graças, em especial, à sua chegada às novelas. Ele começou a atuar na extinta TV Tupi e estreou na Globo em 1975, na mítica Escalada de Lauro César Muniz, ao lado de Susana Vieira e Tarcísio Meira. Depois disso, viria a consagração com Estúpido Cupido, de 1976 — na qual marcou época como um divertido fã de Elvis Presley. Dentre diversos folhetins, destacou-se em Coração Alado (1980), ao lado de Vera Fischer, e especialmente na cultuada Vamp (1991), como o inesquecível vampiro Vlad.