Prêmios sem gênero? As opiniões divergentes de não-binários em Hollywood
Bella Ramsey, de 'The Last of Us', não vê problema em concorrer ao Emmy como atriz, enquanto colegas como Emma Corrin, de 'The Crown', discordam

Com o aumento de pessoas de identidade de gênero não-binária em Hollywood, um dos rituais mais importantes do entretenimento americano é revisto: as premiações, que tradicionalmente dividem os atores indicados em categorias masculinas e femininas. O padrão já foi revisto por alguns dos troféus de lá, como o Independent Spirit e o Gotham, e agora é questionado dentro das cerimônias mais populares do país, como o Emmy e o Oscar. Ao passo que o debate esquenta, representantes notórios da comunidade são questionados, mas um consenso não é tão óbvio.
A favor da divisão
Bella Ramsey, por exemplo, interpreta a jovem Ellie no sucesso The Last of Us e é um dos nomes mais cotados para a estatueta do Emmy 2025 na categoria de melhor atriz em série dramática. Em entrevista ao The Louis Theroux Podcast, Ramsey opinou que manter um espaço dedicado ao “reconhecimento de mulheres na indústria” tem que ser preservado. Quanto à ideia de competir como atriz junto a mulheres cisgênero — que se identificam com o sexo identificado no nascimento —, afirmou que gostaria de ter uma “resposta fácil”, mas frisou que não vê problema no imbróglio. “As pessoas podem me tratar como me enxergam”, apontou. Uma das soluções levantadas na conversa foi renomear a categoria para “melhor atuação em um papel feminino”, mas ambos concordaram que a troca causaria complicações quanto ao reconhecimento de personagens não-binárias na ficção.
Contra a divisão
Quem discorda é Emma Corrin, apesar de ter vencido o Globo de Ouro em 2021 pelo trabalho como Princesa Diana na série The Crown. Em 2022, Corrin qualificou as categorias como pouco inclusivas e disse ter esperança de ver um mundo em que atores e atrizes sejam celebrados como iguais. Emma D’Arcy, de A Casa do Dragão, por sua vez, tem sentimentos mistos sobre a questão: “Obviamente, advogaria por categorias neutras — o sistema atual me parece cada vez mais antiquado. O fato de que são incapazes de responder adequadamente ao número crescente de atores indica que uma reforma é necessária. Agora, como administrar e instigar essa transformação, percebo, é uma pergunta complexa”, afirmou ao portal Awards Watch.
Tanto Corrin quanto D’Arcy ainda concorreram a estatuetas de melhor atriz apesar das ressalvas. Liv Hewson, da série Yellowjackets, contudo, recusa as inscrições aos prêmios: “Não há lugar para mim. Seria errado me submeter como atriz e tampouco faz sentido ficar no meio dos garotos”, disse à Variety.
Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:
- Tela Plana para novidades da TV e do streaming
- O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
- Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
- Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial