O astro mexicano que injetou sangue latino na saga Star Wars
Como Diego Luna conquistou Hollywood e se estabeleceu como um dos personagens mais marcantes da saga

Em meados da década passada, ao buscar o intérprete de um rebelde com jeito de homem do povo para o filme Rogue One: Uma História Star Wars, os produtores da saga apostaram no sangue latino: a escolha recaiu sobre Diego Luna, expoente de uma talentosa geração de novos atores mexicanos. No sucesso de 2016, Luna dividia o protagonismo com a atriz Felicity Jones — mas teve presença tão carismática que o universo Star Wars não desapegou dele. Seu personagem, o espião Cassian Andor, ganhou uma série no Disney+ que narra fatos anteriores à trama de Rogue One.
Não é uma série qualquer: Andor, que chega à segunda e última temporada na plataforma em 22 de abril, revelou-se a mais adulta, politizada e relevante dentre as produções da franquia no streaming até agora. Muito de seu êxito se deve a Luna — que, aos 45 anos, chega ao auge da carreira como um astro de lugar cativo nos corações dos fãs de Star Wars. “A história se passa numa galáxia muito, muito distante, mas é uma ferramenta poderosa para falarmos sobre temas atuais”, disse Luna a VEJA.

Até triunfar na saga, ele construiu uma trajetória instrutiva sobre a ascensão dos latino-americanos em Hollywood. Nascido num lar de artistas, tornou-se rosto familiar na TV do país ainda na infância. Poderia ter sido só mais um galã de telenovelas, mas cedo demonstrou talento e disposição para ir além das fronteiras mexicanas. No início, teve ainda o empurrão de um amigo de infância: ao explodir mundialmente, Gael García Bernal acabou projetando seu “parça” por tabela. Luna explodiu ao lado de Bernal no filme E Sua Mãe Também (2001), de Alfonso Cuarón — e recentemente os dois contracenaram mais uma vez na série A Máquina.
Surfando no prestígio conquistado pelo cinema mexicano nas últimas décadas, Luna acumulou papéis em produções de Hollywood, da participação em O Terminal (2004), ao lado de Tom Hanks, à ficção científica Elysium (2013) — na qual atuou junto com Matt Damon e o brasileiro Wagner Moura. O ponto de virada, contudo, foi mesmo a audição em que convenceu os produtores de Rogue One de que era o ator certo para dar profundidade e autenticidade ao peculiar herói Andor. A série derivada do Disney+, claro, existe em razão da força de Luna na pele do personagem. Na nova e derradeira temporada, Andor está prestes a roubar uma nave espacial militar de última geração quando se enrola com os controles dela e acaba capturado. A cena expõe como ele se tornou um improvável herói movido pela intuição e pela coragem. O rebelde latino de Star Wars agora se despede, mas o universo é o limite para Diego Luna.
Publicado em VEJA de 4 de abril de 2025, edição nº 2938