Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Tela Plana

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

Na crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucesso

De Ted Lasso a Emily em Paris, as atrações tentam mostrar que as pessoas são boas — e ficam melhores ajudando umas às outras

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h14 - Publicado em 3 dez 2021, 06h00

Famoso nos Estados Unidos graças ao tradicional humorístico Saturday Night Live, Jason Sudeikis voltou ao palco do programa de TV recentemente como convidado de honra. Munido de prestígio e duas estatuetas do Emmy, o ator de 46 anos colhia os louros de Ted Lasso, série da Apple TV+ protagonizada e produzida por ele — e, sem dúvida, uma das melhores do ano. A trama acompanha o personagem-­título, um treinador de futebol americano (aquele esporte com bola na mão e muito bate-cabeça) contratado para conduzir, em Londres, um time da primeira divisão de futebol (o tipo tradicional, jogado com os pés, de que o brasileiro gosta). Sua inadequação para o emprego causa celeuma entre os jogadores, mas logo o imbróglio é ofuscado pela personalidade luminosa de Lasso, um homem amável, sonhador e que exala otimismo. “Não sei como a série se tornou um hit”, disse Sudeikis no Saturday Night Live. “É surpreendente, pois o roteiro é baseado em duas coisas que os americanos odeiam: futebol e gentileza.”

POSITIVIDADE - Jason Sudeikis (no centro) em Ted Lasso: o time do otimismo -
POSITIVIDADE - Jason Sudeikis (no centro) em Ted Lasso: o time do otimismo – (Apple TV+/.)

A piada ácida acerta não só os americanos, mas boa parte do planeta. Com a polarização política mundial e a rispidez humana turbinada pelas redes sociais (incluindo o Brasil), a gentileza, o altruísmo e a honestidade se tornaram artigos de luxo, seja na vida real ou na ficção. Não por acaso, as séries dos últimos anos projetaram figuras como Walter White, o professor de química convertido em traficante vivido por Bryan Cranston na ótima Breaking Bad, ou a família de bilionários em guerra de Succession. Em meio a tanta maldade e gente ambígua, Ted Lasso se revelou um exercício virtuoso de roteiro. A série parte do mesmo princípio das tramas sobre anti-heróis: ninguém é totalmente bom ou mal. Mas, sem parecer ingênua ou adepta da tal “positividade tóxica” (outro distúrbio amplificado pelas redes), ela extrai da premissa uma conclusão esperançosa: ser bom e justo não é uma escolha tão difícil quanto parece.

This Is Us – 1ª Temporada
Only Murders in the Building: Screenplay

Ted Lasso não está sozinho nessa missão aparentemente inglória. Séries como a graciosa Emily em Paris, da Netflix, a divertida Only Murders in the Building e a folhetinesca This Is Us, ambas do Star+, reforçam a onda das chamadas produções feel-good — aquelas tramas leves capazes de reconfortar os espectadores. Para além do escapismo, elas semeiam a ideia de que o ser humano tem jeito, sim, e que sua transformação reside nas relações calorosas entre as pessoas e no desejo de mudar para melhor — ou ajudar os outros a fazê-lo.

INUSITADO - Selena Gomez, Martin Short e Steve Martin em 'Only Murders in the Building': solitários unidos por um crime -
INUSITADO - Selena Gomez, Martin Short e Steve Martin em ‘Only Murders in the Building’: solitários unidos por um crime – (Disney+/.)
Continua após a publicidade

Faz parte da cartilha da ficção dar respostas às aflições de cada tempo. Diante da Grande Depressão, a Hollywood dos anos 30 acenou com o gênero batizado de screwball comedy, ou comédia maluca, embalado para arrancar risos descomprometidos da plateia. No mesmo período, faziam sucesso também os filmes do cineasta ítalo-americano Frank Capra (1897-1991) — um defensor do valor das pessoas acima do apego aos bens materiais, como prega o clássico Do Mundo Nada Se Leva (1938).

RECONCILIAÇÃO - This Is Us: irmãos em conflito fizeram as pazes na pandemia -
RECONCILIAÇÃO - This Is Us: irmãos em conflito fizeram as pazes na pandemia – (Star+/.)

O universo “capriano” é o legado abraçado pela leva de séries do conturbado século XXI. Em Emily em Paris, que ganha segunda temporada em 22 de dezembro, a protagonista do título, vivida por Lily Collins, deixa os Estados Unidos rumo à França, onde encontra novos desafios, amigos e algo parecido com uma família — isso tudo, claro, após a quebra de várias camadas de arrogância tanto da moça quanto dos franceses ao seu redor. As diferenças também são superadas no divertido trio de estrelas de Only Murders in the Building. Os personagens setentões de Martin Short e Steve Martin se aliam à jovial Mabel (Selena Gomez) para produzir um podcast de crime real enquanto investigam uma morte no prédio onde moram.

Emily In Paris: Recipes for When You’re Alone in Paris

Continua após a publicidade

A pandemia provocou surtos de bom-mocismo até em séries já estabelecidas e movidas a conflitos ruidosos — caso da pop This Is Us. O drama familiar foi reformulado na quinta temporada, resolvendo rápido uma briga homérica entre os irmãos Randall (Sterling K. Brown) e Kevin (Justin Hartley). Em tempos ásperos, fazer o bem — mesmo que só na ficção — pode ser uma boa receita de sucesso.

Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2021, edição nº 2767

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Na crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucessoNa crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucesso
Continua após a publicidade

This Is Us – 1ª Temporada

Na crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucessoNa crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucesso
Only Murders in the Building: Screenplay
Na crise, o otimismo sobre o ser humano produz séries de sucessoEmily In Paris: Recipes for When You're Alone in Paris
Continua após a publicidade

Emily In Paris: Recipes for When You’re Alone in Paris

logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.