Marjorie Estiano atesta versatilidade na nova temporada de ‘Sob Pressão’
A atriz interpreta Carolina, uma médica que, apesar de vários reveses, insiste na superação
Nos corredores de um hospital público de ritmo vertiginoso, três médicos aproveitam uma pausa para conversar sobre a mudança de um deles, Décio (Bruno Garcia), com o namorado para Londres. “Vai ser feliz”, diz Evandro (Júlio Andrade) ao colega. O desejo é reforçado por Carolina, a cirurgiã vivida por Marjorie Estiano: “Você merece”. Décio devolve: “Nós merecemos”. A pausa para amenidades ganha peso extra em se tratando dos médicos de Sob Pressão, série nacional que exibe sua quinta temporada no Globoplay. No dia a dia do SUS, a felicidade ali é um artigo raro: para além dos dilemas pessoais, os profissionais da saúde lidam com a carga intensa de angústias e dores de seus pacientes.
Sob pressão: A rotina de guerra de um médico brasileiro
Carolina que o diga. Desde que surgiu na tela com seu jaleco pela primeira vez, no filme de 2016, que se tornaria série no ano seguinte, ela acumula provações. Abuso sexual, automutilação e um aborto espontâneo são parte da lista que em breve vai ganhar mais um item: Carolina vai lutar contra um câncer de mama. Nas mãos de Marjorie, os infortúnios viram matéria-prima de altíssima qualidade — assim como a constante busca da personagem por superação. “Nosso desejo é oferecer identificação, amparo e esclarecimento”, diz Marjorie a VEJA sobre os temas da série.
Com Sob Pressão, a atriz curitibana de 40 anos se consolidou como um nome de prestígio da TV. Despida de vaidades, Marjorie é capaz de transparecer as mais variadas emoções em uma mesma cena. Caso do momento que viralizou nas redes em 2020, quando a série se instalou num hospital de campanha da pandemia. Em meio ao caos, Carolina devia fazer um retrato para seu crachá — já que os rostos dos médicos estavam cobertos por máscaras e viseiras. Com o torturante contorno dos óculos de proteção marcado na pele, suada e olhos lacrimejantes, a cirurgiã esboça um sorriso para a câmera numa imagem que resumia o calvário dos profissionais de linha de frente contra a Covid-19.
A trajetória de Marjorie é curiosa. Em 2004, estreou na TV como a vilã Natasha de Malhação — parte do grupo de rock fictício Vagabanda. O sucesso parecia certeiro, mas não foi: sua primeira protagonista, na novela Duas Caras, foi uma mocinha insossa que acabou escanteada. Marjorie encontrou então um talento peculiar: generosa, a atriz possui uma notável habilidade de dividir o protagonismo com um par feminino, como no folhetim A Vida da Gente e no filme Entre Irmãs. “Amadurecer não é um presente de aniversário, tem de querer e trabalhar para isso”, afirma. Foi o que ela fez, de forma brilhante.
Publicado em VEJA de 15 de junho de 2022, edição nº 2793
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