‘Lutar de vestido é um pesadelo’, diz atriz de ‘The Nevers’
Laura Donnelly e Ann Skelly, protagonistas da nova série da HBO, falam a VEJA sobre a longa preparação para interpretar heroínas vitorianas
Nova aposta da HBO, a série The Nevers chegou ao canal na noite deste domingo, 11, e logo apresentou a eletrizante parceria das duas amigas protagonistas, Amalia True (Laura Donnelly) e Penance Adair (Ann Skelly). A trama acompanha pessoas na Londres do século XIX que após um evento sobrenatural adquiriram poderes. Amalia é forte e tem lampejos do futuro, enquanto a amiga cientista Penance cria invenções a partir do talento para enxergar o fluxo da eletricidade.
A VEJA, as atrizes falaram sobre as lições aprendidas durante a produção da série, desde a força da amizade feminina até a dificuldade de se fazer uma cena de ação com vestidos da era vitoriana
Dotadas de habilidade sobrenaturais, Amalia e Penance também acabam envolvidas em cenas de ação. Como foi a preparação de vocês?
Laura – Eu tive um treinamento especial de seis semanas antes de começarmos a gravar. Basicamente adquiri habilidades físicas variadas para cenas de ação. O treinamento mais difícil foi aprender a atuar e lutar debaixo d’água. Passamos uma semana filmando em um tanque de água, um aprendizado para a vida.
Ann – Não fiz coisas tão legais quando a Laura, na verdade, eu tive de lidar com minha falta de coordenação. Como minha personagem é uma cientista, eu sempre tinha um objeto, uma invenção, nas mãos, para usar de alguma forma. Quebrei muitos deles no caminho. Tinha uma cena que eu precisei jogar um objeto que voltaria para mim, e no fim quase acertei um câmera.
Não deve ter facilitado o fato de que ambas usam vestidos vitorianos bem volumosos, certo?
Laura – Olha, realmente lutar de vestido, com uma saia volumosa, é um pesadelo. Por outro lado, o corset ajudou a manter a postura, o que é muito importante numa pose de luta. Ele deixa o corpo reto e alinhado. Mas foi um longo treinamento para me adequar ao figurino.
Ann – Eu não imagino como a Laura fazia tudo aquilo, eu mal conseguia andar em linha reta (risos). No máximo tive que correr com aqueles vestidos. Em uma cena, eu subi correndo uma escadaria e foi mais difícil do que eu imaginei, levei alguns tombos.
A série se passa num momento de transição para as mulheres e para a sociedade, com a luta pelo direito do voto feminino e o crescimento do interesse pela ciência. Que lições tiraram do roteiro?
Ann – Uma das coisas que eu mais gosto na minha personagem é a positividade com a qual ela encara o mundo. Digo por mim, geralmente temos a mania de glorificar os sofrimentos e dar ênfase nos dramas que encaramos. Então, foi uma boa experiência aprender a lidar com as dificuldades com humor e luminosidade.
Laura – Eu aprendi que as mulheres são mais fortes quando elas se ajudam e trabalham juntas. Vamos muito mais longe em parceria. É comum na história que mulheres sejam colocadas umas contra as outras. A competição feminina é um problema cultural. Então, com The Nevers ficou ainda mais claro que temos muito mais a ganhar com a amizade do que com a competição.
A religiosidade também é um dos temas da série. Especialmente para a Penance, que é uma pessoa devota. Como encara essa dualidade?
Ann – Bem, como uma mulher irlandesa, o catolicismo e a fé em Deus são coisas muito importantes para ela. A religião é parte de sua moral. Então, mesmo sendo destituída da religião, ela tem uma fé própria, um poder interno que conduz seus instintos. Ela acredita em si mesmo e mantém a fé como parte de sua identidade, mesmo vivendo a vida do modo que ela escolheu viver. Isso é bem único da personagem e, hoje, representa a experiência religiosa de muitas pessoas.