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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Kit Harrington fala a VEJA sobre Industry: ‘Não quero ser Jon Snow’

Na terceira temporada de 'Industry', o ator de 'Game of Thrones' vive um magnata com ambições ecológicas, mas bússola moral duvidosa

Por Thiago Gelli 18 ago 2024, 16h00

Aos 37 anos, Kit Harrington já conheceu o estrelato mundial no papel de mocinho de Game of Thrones, o Jon Snow, que — como Jesus Cristo — morreu e ressuscitou pelos males da fantástica terra de Westeros, sobre a qual voam as criaturas de A Casa do Dragão. Vestiu os trajes pesados do papel por oito anos e quase ganhou seu próprio spin-off, mas agora se despede de vez do heroísmo. Em seu novo projeto da HBO, o drama enervante Industry, ele interpreta um magnata abastado que usa seus bolsos fundos para inaugurar uma empresa de energia verde. As intenções honrosas, porém, logo se turvam ao passo que ele se envolve com os economistas tenazes da série, que acompanha as entranhas do mundo financeiro desde 2020.

Logo, o ator pode também se deliciar com as farpas e as contradições do papel, tornando-se peça chave para que a terceira temporada do seriado seja a mais afiada até então. Em entrevista a VEJA, ele compara os dois trabalhos dentro da HBO, sua fadiga quanto às virtudes na ficção e até pondera se as chances de sobrevivência são melhores em uma guerra medieval ou em um ambiente de trabalho competitivo. Novos episódios de Industry vão ao ar no canal aos domingos, quando também entram para o catálogo do streaming MAX.

Industry já está na terceira temporada. Como tem sido pegar o bonde andando? Me senti muito acolhido. A experiência é estranhamente familiar por conta da HBO. É minha primeira vez lidando com um arco de personagem ao longo de uma temporada desde Game of Thrones, e me fez lembrar da dinâmica que tinha com os colegas de elenco durante aquele processo. Muito do trabalho que temos ocorre fora da tela, porque existe um fator X que surge quando um grupo de pessoas trabalha junto, se gosta e socializa fora do trabalho. É bem intimidador entrar em uma série que já existe e funciona sabendo que tudo pode degringolar por sua culpa. Não quero ser o cara que chega e faz todo mundo deixar de gostar do seriado. Espero que não seja assim, não poderia ter ficado mais animado de participar de algo do qual já era fã.

Depois de encerrar Game of Thrones, você disse ter perdido interesse em personagens heroicos. Seu papel em Industry é resultado disso? Talvez me contradiga agora. Acho que o mundo de hoje precisa sim de homens bons. Não sei se Henry se enquadra nisso. Ele não se considera um cara tóxico ou corrupto, pois sabe exatamente como esse lado do patriarcado se apresenta, mas falha justamente ao tentar tanto e ao pesar a mão no linguajar terapêutico. Não faço questão também de interpretar personagens horrivelmente maldosos. Quero brincar com papéis interessantes e difíceis como esse. Meu problema foi ficar atrelado por anos a alguém que era o epítome da bondade. É por isso que as pessoas amavam Jon Snow, mas não é o que quero ser agora.

Henry é um magnata poderoso, mas não deixa de sofrer com a pressão do seriado. Como estabeleceu o equilíbrio do personagem? O que mais amo sobre o seriado é que os personagens estão sempre em movimento. Não vemos Henry conhecer Robert (Harry Lawtey) pela primeira vez, nem temos que assistir ao desenvolvimento da relação entre eles. Acompanhamos os personagens já no lançamento da empresa. Industry sempre nos leva imediatamente aos momentos mais tensos. Estava animado para entrar na história em meio a esse estouro. Sobre o personagem, o que me interessa nele é seu berço de ouro. Ele provavelmente viveria bem sem começar uma empresa de energia limpa, mas não se dá por satisfeito, nem consegue ficar parado. Ele provavelmente tem TDAH. O divertido é interpretar alguém que quer sempre se superar e empurrar os limites.

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A série é notória pela precisão com a qual satiriza o mundo das finanças e olha para a contemporaneidade. Como a nova temporada lida com as aflições que surgiram desde a última vez que vimos os personagens? É sempre um desafio fazer um seriado que reflete nosso mundo e faz comentários profundos sobre política e sociedade quando filmamos uma temporada meses antes de que ela seja exibida. Especialmente agora, quando tudo muda tão rápido, sempre nos sentimentos atrasados e não somos capazes de prever o que virá.  Por natureza, a obra só pode representar o tempo de outrora, de quando foi escrita. Mesmo assim, fico feliz que achem o resultado tão preciso. Estava em um casamento e um conhecido que trabalhou em bancos como o da série veio me dizer que a escrita é assustadoramente próxima à realidade. Os criadores, Mickey Down e Konrad Kay, fazem um bom trabalho de capturar o tipo de personalidade durona desse mundo, onde o dinheiro é rei. Sob essa mentalidade, se estão ganhando dinheiro, estão fazendo o bem. É um estilo de vida que explica muito da realidade.

Entre os perigos épicos de Westeros e a ansiedade acachapante do mundo financeiro, em qual ambiente acha ser mais difícil sobreviver? É uma boa pergunta, os dois são terríveis. Talvez seja por isso que a HBO tenha tanto carinho por esses dois seriados, por serem tão bárbaros. Imagino que os desafios de vida ou morte sejam mais numerosos no mundo de Game of Thrones, mas a tortura talvez seja mais perversa no banco Pierpoint, de Industry.

O estresse é um personagem onipresente nas tramas da série. Na sua opinião, de onde vem o prazer do público em passar por essas emoções enervantes? É um mistério para mim, mas acho que funciona quase como um filme de terror. As pessoas gostam de se colocar na posição absurdamente tensa dos personagens e então sentirem o alívio de que, bem, suas vidas não são tão inquietas. Se agitar com um drama ficcional é algo irresistível aos humanos. 

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