Franquia ‘Chicago’ domina TV paga no Brasil com heróis do cotidiano
Líderes de audiência, as séries 'Chicago Fire', 'Chicago P.D.' e 'Chicago Med' combinam elementos novelescos com a curiosidade sobre profissões heroicas

Rumo a 10ª temporada, a série americana Chicago Fire, sobre o dia a dia de um Corpo de Bombeiros, é um dos raros exemplares que, mesmo após tantos anos no ar, continua a arrebanhar espectadores. Mais raro ainda é o fato de que seus dois filhotes, ou melhor, spin-offs, Chicago P.D. e Chicago Med., sobre policiais e médicos, respectivamente, seguem caminho parecido. Segundo dados divulgados pela NBCUniversal Brasil, o brasileiro passou a assistir mais séries ao longo da pandemia, o que impulsionou a audiência do canal por assinatura Universal TV. A emissora ostenta hoje as seis séries mais assistidas da TV paga. No topo, estão as três produções ambientadas na cidade americana de Chicago.
A razão do sucesso no Brasil e nos Estados Unidos — por lá, as três séries são vistas por uma média de 10 milhões de espectadores cada — está mais atrelada ao formato dos programas do que à qualidade de fato. A exemplo da bem-sucedida Grey’s Anatomy, que produz agora sua 18ª temporada, a combinação do dia a dia dos chamados heróis do cotidiano, com mocinhos acessíveis, e um roteiro folhetinesco é palatável aos mais diversos gostos. Ajuda ainda ser um filão de entretenimento sem compromisso: os episódios são independentes entre si — apesar de fazerem mais sentido quando juntos.

Claro que se a fórmula fosse assim tão simples, Chicago e a colega Grey’s Anatomy não se destacariam em um mar de tramas parecidas. No caso do trio de séries, o sucesso também vem de elementos frugais, como um elenco digno de um concurso de beleza, reviravoltas rocambolescas e um jogo de cintura do roteiro que não se prende só ao drama. Nos Estados Unidos, a franquia também atrai por um fator social: palco de lutas raciais e dilemas econômicos, Chicago é ainda uma das cidades mais perigosas do país. Nos corredores do hospital Chicago Medical Center, de Chicago Med, por exemplo, os pacientes chegam ao local não só com doenças a serem tratadas, mas com marcas de violência. O mesmo contexto envolve Chicago Fire e Chicago P.D. que fazem da cidade palco de muitas cenas de ação e tensão, com situações deveras comuns ao público brasileiro.
A combinação ajuda a fluir o cruzamento das histórias entre as séries. Tramas derivadas são comuns na TV, especialmente nas tramas americanas, mas um sintoma se repete: a série principal acaba sobrecarregada, enquanto os spin-offs sugam dela o máximo possível para conquistar audiência. O universo ambientado em Chicago, porém, não padece do mesmo mal. A tríade de séries tem, cada uma, o seu charme. E sendo boas ou ruins, Chicago Fire e companhia são difíceis de se largar na metade.