De lésbicas a tiroteio no Leblon: as polêmicas de ‘Mulheres Apaixonadas’
Novela da Globo escrita por Manoel Carlos volta ao ar na TV aberta no 'Vale a Pena Ver de Novo'

A novela marcante Mulheres Apaixonadas (2003), escrita por Manoel Carlos, se tornou um clássico da dramaturgia brasileira por ter abordado no começo dos anos 2000 diversos temas espinhosos para a sociedade. Entre os assuntos que pautaram o debate nas ruas e até mesmo no governo federal da época, havia: um romance lésbico; a criminalidade crescente do Rio de Janeiro — que incluía tiroteios em plena luz do dia; romance impróprio entre um aluno menor de idade, no fim do ensino médio, e sue professora; além de violência contra mulher e maus-tratos a idosos. O folhetim volta ao ar na faixa de reprises da Globo, o Vale a Pena Ver de Novo, pela segunda vez a partir desta segunda-feira, 29, com exibição às 17h, de segunda a sexta. Como na primeira reprise, a novela terá cortes em sequências mais fortes devido à classificação etária do horário, mas está disponível na íntegra no Globoplay.
Relembre as tramas mais polêmicas:
Jovens lésbicas
Uma das histórias mais chamativas de Mulheres Apaixonadas foi a abordagem do romance juvenil entre Rafaela (Alinne Moraes) e Clara (Paula Picarelli), duas estudantes do ensino médio que, além de terem que lidar com o preconceito de suas próprias famílias, tinham que enfrentar o bullying de Paula (Roberta Gualda), uma jovem homofóbica que não aceitava a relação, criando embates. Em uma das cenas mais famosas do folhetim, Paula tenta humilhar as colegas ao avisar que ambas interpretarão uma versão lésbica de Romeu e Julieta para uma peça da escola. Rafaela agride a inimiga após ouvir que mulheres de verdade gostam de homens e ser chamada de “sapatona”. O público da época aprovava a abordagem do casal lésbico, mas não queria ver as personagens beijando na tela. De fato, as duas só puderam dar um selinho, justamente no desfecho da peça de teatro.
Tiroteio no Leblon
A violência urbana sempre foi presente no enredo, mas chegou ao clímax quando Téo (Tony Ramos) e Fernanda (Vanessa Gerbelli) foram encurralados no meio de um tiroteio entre bandidos e a polícia no meio do Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. Ambos são atingidos por balas perdidas ao tentarem fugir. Ela morreu na hora, enquanto ele ficou internado, mas se recuperou. Antes da sequência, a filha de Fernanda, Salete (Bruna Marquezine), era avisada por um anjo que sua mãe morreria. De longe, a menina sente quando a mãe é baleada.
Agressão contra mulher
O arco da professora de educação física Raquel (Helena Ranaldi) e Marcos (Dan Stulbach) girava em torno da violência que o ex-marido cometia contra ela. Abusivo, ele não aceitava o fim da relação e a agredia frequentemente com uma raquete de tênis, em casa e até na escola onde ela trabalhava. A interpretação de Dan Stulbach foi tão crível, que o ator era ameaçado na vida real ao andar na rua. Também fora da ficção, o número de denúncias de violência contra a mulher aumentaram após Raquel ir até uma delegacia para acusar Marcos. A história foi exibida dois anos antes da criação da Lei Maria da Penha.
Romance impróprio
Enquanto sofria nas mãos de Marcos, Raquel acabou se envolvendo sexual e emocionalmente com seu aluno Fred (Pedro Furtado), provocando mais ainda a ira do agressor. No final da história, Marcos sequestra Fred de carro e, durante uma luta corporal, o veículo perde o controle e despenca de um precipício, culminando na morte dos dois. Apesar do romance claramente inapropriado, Raquel termina a novela grávida do namorado.
Maus-tratos a idosos
Personagem tão detestável quanto Marcos, Dóris (Regiane Alves) também provocou raiva no público por maltratar constantemente os avós paternos, Leopoldo (Oswaldo Louzada) e Flora (Carmem Silva), que eram dóceis e amáveis. Em determinado ponto, a vilã chega a agredir o avô e tem como resposta uma surra do pai, Carlos (Marcos Caruso). O enredo causou tanta comoção que influenciou na aprovação do Estatuto do Idoso pelo Senado ainda em 2003.