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Criadora de ‘Ninguém Quer’ rebate críticas sobre antissemitismo na série

Produção da Netflix estrelada por Adam Brody e Kristen Bell é acusada de perpetuar estereótipos contra mulheres judias

Por Mariana Carneiro 1 out 2024, 15h54

Novo hit da Netflix, a série de comédia Ninguém Quer vem recebendo críticas negativas pela forma como retrata mulheres judias. Baseada nas experiências reais da criadora Erin Foster, uma mulher que se converteu ao judaísmo para poder se casar com um namorado judeu, a trama acompanha o romance improvável entre Joanne (Kristen Bell), uma apresentadora de podcast agnóstica, e Noah (Adam Brody), um rabino nada convencional que acaba de ficar solteiro. O relacionamento da dupla é posto em xeque pela família do rapaz, em especial, por sua mãe e cunhada, que estão relutantes em aceitar o namoro de Noah com uma mulher não judia.

“Parecemos mulheres controladoras e famintas por casamento, que querem planejar jantares e alienar qualquer um que não compartilhe desses mesmos sonhos”, disse a jornalista Jessica Radloff, que é judia, em sua crítica da série para a revista americana Glamour. “O que deveria ser uma obra sobre a entrada e a aceitação de uma mulher na cultura judaica, em vez disso, perpetua as piores ideias sobre as mulheres judias”, continuou. Já Esther Zuckerman, jornalista na revista Time, lamentou que as mulheres da família de Noah sejam retratadas como “chatas, harpias e as vilãs definitivas da história”.

Em entrevista ao jornal Los Angeles Times, Erin rebateu as acusações. “Acho que precisamos de histórias judaicas positivas agora. Acho interessante quando as pessoas dizem: ‘Oh, esse é um estereótipo do povo judeu’ quando você tem um rabino como protagonista. É um rabino jovem, bonitão e descolado que fuma maconha. Essa é a antítese de como as pessoas veem um rabino, certo? E se eu fizesse os pais dele serem, tipo, dois hippies em uma fazenda, então alguém diria, ‘Eu nunca conheci um judeu assim antes. Você claramente não sabe como escrever sobre o povo judeu, você não sabe o que está fazendo, e isso não nos representa bem'”, afirmou a roteirista, que segue casada com um judeu.

“Na vida real, eu e os pais do meu marido temos um ótimo relacionamento. Sempre tivemos e, honestamente, eles nunca tiveram problemas comigo porque minha conversão ao judaísmo foi uma grande honra para eles. Mas em um programa de TV, você tem que ter conflito”, adicionou. Erin também explicou que, na série, ela optou por retratar os pais de Noah como imigrantes russos para enfatizar as diferenças entre o casal protagonista. “É por isso que não sinto que seja [uma representação] estereotipada. A cultura imigrante pode ser muito insular, e há uma boa razão para isso. Eu queria brincar com isso, porque é uma camada adicional de diferenças culturais entre os personagens”, disse.

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